A Gravidade do Pecado – Quais são os níveis dos pecados?
Existe diferença entre pecados: “o pecadinho e o pecadão”, se sim, qual a base que os diverge? O que significa olhar o pecado de acordo com a vida e de acordo com a santidade? Continue lendo com a gente até final e descobrirá.
Sumário
O Pecado Grande e o Pecado Pequeno
Existe alguma forma de dizermos que há tipos de pecados que se diferem em seu tamanho? Essa pergunta tem levado à conclusões variadas, mas em geral os crentes tendem a igualar o pecado de uma forma geral, alegando para isso o famoso clichê evangelical: “não existe ‘pecadinho e pecadão’”. Acho que chegou o momento de falarmos sobre isso continue com lendo com a gente.
Lembro-me do início de minha conversão, de um amigo e igualmente um jovem irmão (óbvio que naquela época um tanto dourada), que sempre dizia como se fosse um bordão, que provavelmente deveria ter ouvido por aqui ou por ali em alguma notável pregação: “Não existe pecadinho e pecadão”. Constantemente, era possível nosso nobre irmão dizer, “aos quatro ventos”, nos corredores daqueles cultos, “não existe pecadinho e pecadão”; sempre que podia, usava essa resposta como lema.
Por um tempo, eu acreditei nisso; creio que deva ter dito a mesma coisa para outros… Mas eu sempre me indagava, “será mesmo?”; o que a Bíblia diz sobre essa matéria? É ela mesma que afirma tal conclusão? De onde tiraram essa afirmação clássica do religioso evangelicalismo?
Lembremos de forma breve do pecado de Moisés; é um pecado especial, pois toca uma situação, eu diria, única. Não estou falando do seu período pré-missão, quando ele deixa Deus, de alguma maneira, irado, dizendo que não era capaz de falar por ter lábios pesados; ou de algo que aconteceu com ele e Deus da qual sua mulher Zípora resolve por meio do corte do prepúcio do filho (indicando que não havia tido a circuncisão, se por causa dela ou do próprio Moisés não sabemos). Mas me refiro ao pecado da ferida da “Segunda Rocha”.
Moisés fere a Rocha pela primeira vez, e ela verte água para o povo de Israel (Êxodo 17.6); todos sabemos que, nessa tipologia, essa Rocha era o próprio Cristo, que seria moído por nós. Ao golpear a Rocha, o Universo poderia entender que a Rocha da Salvação seria rasgada e verteria água. Moisés, por meio da obediência, executa tal ação de golpear a Pedra, e ela salva os israelitas da iminente sede que tomava conta de toda a congregação. Todos são saciados, e isso é, de fato, salvação.
Entretanto, esse evento viria a se repetir da pior maneira possível, me refiro em relação a Moisés é claro. Vamos entender o motivo. Moisés se depara novamente com a murmuração dos hebreus; agora, porém, Deus assinalava — pelo que se pode entender da ambiência dessa passagem — que o povo tinha razão em suplicar água; parece que não era um espírito de murmúrio como teria sido da primeira vez. Contudo, Moisés não ativa seu próprio espírito para entender a mente de Deus nesse caso específico; e, portanto, ele, espiritualmente, se torna errado diante do povo.
Pela primeira vez, depois de ser plenamente governado pelo Espírito de Deus, após se tornar o homem que Deus usaria para libertar seu povo das garras faraônicas da escravidão, tido como o homem mais manso de toda terra (Nm 12.3), Moisés parece ter uma falha em seu espírito ao discernir a vontade e a mente de Deus e faz coisas reprováveis:
1. Considera o povo como Moré.
2. Age de forma precipitada e baseada na ira.
3. Troca o método de execução que seria “falar com a rocha” e, pela segunda vez, “fere a Rocha”.
Esses três fatores colocariam Moisés em rota de colisão com o Autor da Vida, com o Criador do Universo, com o Deus que merece toda honra, santidade e obediência.
De acordo com o irmão Watchman Nee, mesmo Moisés agindo dessa maneira precipitada, Deus teria dado um tempo para ele se colocar diante do povo e dizer que tal atitude era totalmente dele e não de Deus. Assim, não seria configurada como desonra a yhwh. Entretanto, até nisso, Moisés teria falhado ao não expor seu pecado e falha, explicando que a atitude de golpear a pedra pela segunda vez foi sua e não de Deus. O que viria a ser sabido depois, pois foi registrado no livro de Números o fato de Deus ordenar apenas falar para à Rocha para dar água sem feri-la com a vara. Isso nos leva a crer que Moisés próprio viu seu erro e o colocou na redação do livro de Números; porém, já era tarde.
Moisés, ao agir dessa maneira, passava a ideia para o povo de que aquele julgamento vinha de Deus, pois Moisés era o seu representante na terra. Assim, Deus estava sendo de alguma maneira difamado pela atitude do seu homem. Por isso, os irmãos que estão em posição de autoridade nas assembleias devem ter cuidado redobrado.
Tudo poderia ter sido resolvido se Moisés confessasse seu pecado e sua desobediência contra Deus, primeiro confessando seu pecado ao povo, dizendo: “eu disse ‘Moré’ de meu próprio espírito”. E, obviamente, pedindo a yhwh o seu perdão.
Não à toa, my friends, nosso Senhor resgata essa palavra em Mateus 5, dizendo que aquele que chamasse seu irmão de ‘Moré’ poderia estar sujeito à GueHena.1
Deveria ser motivo de espanto que o público-alvo de Jesus, quando Ele disse essas palavras, eram seus próprios discípulos, uma vez que a multidão ficou ao pé da montanha, e essas questões eram questões entre irmãos — clara evidência de que Jesus queria conectar, de alguma maneira, à Igreja de Deus que viria a ser formada não muito tempo depois.
Mas essa passagem nos ajuda a resgatar o momento fatídico de Moisés e também prova, de alguma maneira, que ele teria chance, se agisse rapidamente em santificar Deus, simplesmente dizendo que aquele ato era seu, confessando assim seu erro. Pois, em Mateus 5.22 é dito “sujeito a”, ou seja, não estava definido que ao dizer “Moré” estaria colocado na GueHena, uma vez que poderia, dependendo do grau do espírito de cada um, essa sentença ser levada a tribunal, e posteriormente a corte diria o que poderia acontecer com o transgressor. Entre as possibilidades, em último grau, ir para o local de disciplina.
Além disso, a palavra poderia denotar que estar sujeito a tal situação poderia, ainda, permitir um escape com a devida confissão do erro; tanto que em seguida é dito, sob o mesmo contexto da passagem, para reconciliar-se com o irmão no meio do caminho (Mt 5.23).
Mas, me espanta igualmente que a palavra “Moré” (מרה), traduzida, me parece, mais próxima do sentido original por “renegado” como está na Bíblia de Jerusalém enquanto que na Tradução Brasileira é vertida por “tolo”, ser a mesma palavra usada por Moisés contra o povo (Nm 20.10). O Sr. Pember diz que essa palavra serve para denotar “rebelde” ou “renegado”.
Portanto, quando Moisés diz ao povo que ele agia como “Moré”, poderia estar dizendo que os filhos de Israel estavam sendo rebeldes ao pedir água.
Talvez ele estivesse querendo conectar com a primeira vez (Êxodo 17.3), e naquela ocasião, sim, o povo desagradou e foram murmurantes, mas agora não; de alguma forma, o pensamento de Moisés foi até lógico: “novamente esse povo cometendo o mesmo erro”. Entretanto, Deus, que julga os rins e o coração (Salmo 26.2), sabia que nesta ocasião o povo estava agindo com o coração correto. Todavia, Moisés seguiu seu padrão de pensamento baseado na experiência anterior, sem consultar, especialmente, a mente de Deus; foi um deslize raro, mas aconteceu.
Não bastasse chamar o povo de Moré, como já dissemos, Moisés feriu novamente a Rocha quando era apenas para dizer a ela: “dê água”.
Note que não estamos fugindo da pergunta e do título dessa matéria, como parece ser, mas mostrando como o pecado pode ganhar forma e crescer gradativamente.
Em Mateus 5.22, vemos o irmão que chama seu outro irmão de “Raca” (tb), cretino, na Bíblia de Jerusalém, que agora estaria sujeito ao sinédrio; mas antes, só por se encolerizar contra o irmão, estaria sujeito a responder em um tribunal. Sinédrio é um tribunal de uma instância maior, como se fosse uma corte; enquanto que no caso de “encolerizar-se” contra um irmão, corresponderia a um tribunal de menor nível.
Vocês conseguem perceber o grau de evolução do pecado e do julgamento?
1. Encolerizar-se – Um Tribunal.
2. Chamar de Raca – O Sinédrio.
3. Chamar de Moré – GueHena.
Uma Observação Guymnastika Pessoal da Segunda Ferida da Rocha
Peço totais licenças aos irmãos e todos já sabem como norteio, às vezes, por considerações guymnastikas e que de modo algum quero que pensem igual ou, sequer, que considerem. Mas apenas colocarei como vi e vejo todo esse cenário.
O primeiro golpe na Rocha, Jesus morreu; mas golpear novamente seria Jesus morrer duas vezes, sabemos que isso é impossível (Hb 9.28). Todavia, o segundo golpe aconteceu! Como depois foi possível encaixar esse ato tipológico em Seu Filho, uma vez que Ele não poderia morrer novamente ou segunda vez? O Senhor fez o mais belo arranjo. Digo tudo isso, pois considero os efeitos das duas ações tipológicas executadas por Moisés, ainda que a segunda fosse reprovável, como algo do divino arranjo de Deus. E como a fatídica segunda ferida aconteceu, obrigaria Deus a encaixá-la de agora em diante no Design da Redenção.
Note que quando Jesus foi ao monte da transfiguração e a Sua glória resplandeceu sobre todos, inclusive sobre dois personagens que eram Moisés e Elias. Me causa certa curiosidade duas coisas em tudo isso. Primeiro, por que Moisés? Segundo, por que Moisés falaria com ele sobre como seria sua morte (Lc 9.31)?
É bem verdade que não estamos falando de Elias como se não fosse importante; de fato, ele era tão importante quanto a presença de Moisés. No entanto, Moisés teve uma situação que envolvia a morte tipológica de Cristo naquelas duas Pedras.
Se Moisés dizia acerca de sua morte que aconteceria em Jerusalém, não poderia ele ter dito algo que ele aprendeu depois, acerca das Duas Pedras que verteram água? De fato, se isso aconteceu, não sabemos, pois a Bíblia apenas diz que eles (Moisés e Elias) falavam acerca de como seria sua morte, ou como diz o texto original, sua retirada de Jerusalém.
Poderia de forma despretensiosa descrever o que Moisés poderia ter falado com Senhor acerca disso2 Moisés poderia ter dito que ao ferir a segunda Rocha, uma vez que ela já havia sido ferida antes, como não poderia o Senhor morrer novamente, a segunda ocasião seria aplicada pelo arranjo de Deus, sendo Jesus ferido depois de morto. Talvez possa ter sido isso que Moisés tenha dito ao Senhor quando se tratava de falar de sua morte, e pela razão emblemática de aparecer Moisés naquele monte, não posso descartar essa distintiva hipótese.
A água jorrada segunda vez é a ferida lateral do Senhor que verte água e sangue (João 19.34). Meu Deus! Oh, Senhor! Uma morte, duas feridas.
Moisés estar na transfiguração só nos ensina que Deus não somente o perdoou como o recompensou. O fato de acontecido seu bloqueio à Terra Prometida indica um ato disciplinatório, que não afetaria em nada os propósitos de Deus no Pós-Morte em relação àquele homem. Quão grande foi Moisés, servo de Deus que não houve ninguém como ele. Exceto Cristo, que o próprio Moisés previu: “Depois virá um profeta como eu; quem não ouvir será eliminado do povo” (Deuteronômio 18.15).
Existe, como pode parecer o contrário, níveis de pecado e degradação dele. Embora, quanto à vida, como já pudemos observar, os pecados não diferem, mas quanto à santidade, sim; neste caso, um irmão ou uma irmã pode ser mais santo ou santa que outro.
Isto se dá devido a como os pecados são praticados e, também, de onde são feitos.
Um exemplo muito claro vem de Paulo; o apóstolo diz que se alguém peca sem ter qualquer envolvimento com imoralidade sexual peca fora do corpo, enquanto que aquele que pratica pecados sexuais peca não somente contra Deus, mas contra seu próprio corpo.
“Fugi da fornicação. Todo outro pecado, qualquer que o homem cometer é fora do corpo; mas aquele que comete fornicação peca contra o seu próprio corpo.”
—1 Coríntios 6.18, tb
Como podemos notar sem maiores dificuldades, o próprio apóstolo faz uma clara distinção entre pecados e pecados sexuais, indicando que pecar fora do corpo seria, de alguma forma, um pecado menos grave dadas as devidas circunstâncias.
Não à toa, também nosso Senhor determinou que o único pecado que teria condições de anular um casamento, como se fosse uma morte, seria o pecado que envolvia a imoralidade do adultério.
Então, existem pecados de ordem sexual, que fazem com que ações devam ser tomadas. O irmão adúltero de Corinto, que mantinha uma relação indevida com sua madrasta, traindo, assim, seu pai, deveria ser entregue a Satanás (1 Coríntios 5.5).
O pecado da ira parece ser uma raiz de muitos males, entretanto, ele se torna inferior ao mal que ele ainda irá causar. Um exemplo muito observável é notar na fala da montanha de nosso Senhor Jesus, quando ele inicia em um nível menor o pecado da ira de um irmão, justamente para evitar que este chegue ao assassinato, que é algo maior. Para isso, o Senhor considera já disciplinar esse servo, colocando-o sob julgamento. Se ele insistir, irá para um tribunal mais sério, que é o Sinédrio, e por fim, após a morte por ter renegado ou excluído seu irmão com a palavra “Moré”, estará sujeito aos tratos de depuração na GueHena.
Tudo isso ao que parece era para evitar o mais sério pecado de todos, o assassinato, seria inadmissível alguém da Igreja de Deus, chegar as vias de matar seu próprio irmão.
Muito parecido o pecado de adultério, onde Senhor trata na raiz do olhar, para evitar a consumação física; mais tarde ele denúncia o divórcio e dá escape para a vítima do adultério, no entanto essa consideração é feita tão somente pelo flagrado adultério físico, e não visual. O que vale a dizer que há um nível inicial e outro de degradação final, com a consumação de um ato, condenado por ser um pecado mais grave contra não somente Deus, e o cônjuge, mas também contra o próprio corpo.
Existem pecados doutrinários (heresias) e até mesmo tipológicos (muito sérios, como o de Moisés); existem pecados sexuais, tão sérios que deflagram o próprio corpo e permitem até mesmo o rompimento legítimo de casamentos (Mt 19.9); existem pecados que impõem nitidamente uma correção na GueHena; outros são tratados com a disciplina do Espírito Santo para que o discípulo alcance uma santidade específica advinda da disciplina, tornando-se assim condicionado à primeira ressurreição e à visão gloriosa do Senhor (Hb 12).
O pecado de Hebreus 6, por exemplo, é um pecado doutrinal que afeta o fundamento de Cristo; é de uma tamanha seriedade que envolve impossibilidades. Tais pecados não devem ser cometidos, e quando assim o forem, devem rapidamente ser considerados para confissão e reparo, inclusive público; tal pecado prefigura ser mais sério do que o do irmão de Corinto (1Co 5).
Se os cristãos fossem mais atentos a tratar suas almas com a cruz, seriam mais sensíveis a esses graves erros.
Aquele ato não parecia grande, como um pecado hediondo do tipo assassinato, estupro, traição, assalto; mas foi enorme, pois foi a primeira desobediência humana.
Aqui entra a verdade da teoria “não tem pecadinho e pecadão”. Sim, de fato, neste ângulo não. Pois, agora, vemos o pecado como ato de destronamento de Deus. Se Deus dissesse: “Adão, não minta, pois no dia que mentires, certamente morrerás”. A mínima mentira, aquela dita “boa mentira” que cometemos o tempo todo, seria tão trágica quanto comer o fruto proibido. De fato, para Deus, todo e qualquer pecado é pecado, ainda que não pareça aos olhos do homem ser grande coisa, ou, sequer, para alguns, pecado.
Assim, todo pecado, desde o furto de uma caneta ao furto de um caminhão, requereria o mesmo sangue precioso derramado; para Deus não há nada que se possa fazer para atenuar qualquer pecado que seja. Ele é a rebelião contra a vontade soberana do Senhor.
Contudo, os pecados vistos de uma forma disciplinatória da parte de Deus têm sim níveis, como já pudemos observar. E Deus tratará do ponto de vista da disciplina dos Seus filhos de forma diferente, gradativa e diferenciada por níveis: “não sairá dali até pagar o último centavo”. Para cada um, haverá uma quantia diferente. Por isso, não enxergar a disciplina dos filhos de Deus à luz será uma perda colossal para compreensão não só do pecado, mas do quanto ele é prejudicial para nós e do quanto afeta Deus.
Do ponto de vista da vida, eles não afetam mais a Deus, pois foram pagos no Filho; mas no ponto de vista da santidade, eles afetam a Deus e exigem sua disciplina. O erro dos cristãos nos últimos séculos foi, primeiro, não ver o Reino; segundo, não ver a Disciplina do Pai em seus filhos. Tal miopia fez e faz os cristãos enxergarem as mais absurdas coisas e concluírem de forma tão baixa que chegam ao ponto de dizer que uma pessoa salva pode se perder.
Há pelo menos 10 pecados envolvido na encarnação você pode estudar melhor este assunto, pois publicamos um post completo sobre esta matéria. Contudo, tais pecados não são reproduzíveis, hoje, porém, a existência deles mostra detalhes de evolução e não somente de sua própria gravidade como também da capacidade deles serem perdoados.
Por exemplo, o assassinato das crianças de Belém para destruir o Messias, foi a medida que encheu o cálice da ira de Deus contra Herodes, seu fim foi trágico.
Esse pecado certamente não se repetirá, pois Jesus não nascerá mais, e, portanto, não será mais um bebê que possa ser passado ao fio da espada do soldado. Mas ele revela a primeira tentativa de matar o Salvador.
Certa vez, também, os religiosos atribuíram ao milagre messiânico de expulsar um demônio mudo feito por Jesus, aos olhos de todos eles, a Belzebu. O Evangelho de Marcos explica que essa atitude configurou-se em blasfêmia contra o Espírito Santo. Aqueles homens viviam proferindo palavras caluniosas acerca de nosso Senhor, como é possível perceber em João 9, em relação ao milagre do cego de nascença.
Todavia, no espírito mudo, havia duas situações: i) um milagre messiânico e a ii) oferta do reino. Ao verem o milagre, com clareza total, e ouvirem o Senhor dizer que “o reino é chegado”, preferiram dizer: “Ele faz isso por Belzebu”. De acordo com Marcos, essa ação desenvolveu o que seria um pecado único, de cunho nacional, denominado “blasfêmia contra o Espírito Santo”, pois só poderia ser cometido se estivesse relacionado a Cristo e à oferta do Reino, coisa que aconteceu naquela ocasião. Alguns, percebendo a potência daquilo, tiveram alguma lucidez em ao menos cogitar: “Não seria este o filho de Davi” (Mateus 12.23). O fato é que negaram a obra divina e a atribuíram ao Maligno.
Esse pecado, como muitos erroneamente pensam, não pode mais ser repetido, pois o Evangelho de Marcos diz que a execução dele só seria possível devido à pessoa de JESUS estar presente. Para tal fenômeno acontecer novamente, JESUS deveria fazer novamente um milagre na frente de uma pessoa lúcida, e esta pessoa, tendo clareza do feito e sabendo quem estava fazendo, preferir dizer: “foi feito pelo poder de algum demônio”. A probabilidade disso acontecer é a mesma de blasfemar contra o Espírito Santo.
Devido a essa compreensão, nunca mais esse pecado foi repetido, nem sequer alertado, pois os apóstolos que vieram depois e ajudaram a compor o Novo Testamento sabiam muito bem o que ele significava.
Mas esse pecado era tão grave em nível e medida que é dito ser o único pecado imperdoável. Não há possibilidade de perdão nem neste era nem na porvir.
Fizemos um estudo mais detalhado sobre a Blasfêmia contra o Espírito Santo e os pecados especiais na Encarnação de Cristo, saiba mais.
Quem diz que não há “pecadinho e pecadão” deveria estar ciente de que, se assim o fosse, todos os pecados seriam perdoáveis.
Assim como o assassinato das crianças de Belém, para encontrar o Rei dos Judeus entre elas e assim matá-lO, não pode mais acontecer, também a traição de Judas não pode.
Alguns podem dizer que os cristãos traem Jesus, mas isso não faz muito sentido. Podemos, na verdade, pecar contra Jesus e até mesmo negá-lO, como Pedro fez, mas traí-lO não é mais possível, pois a traição envolveu um esquema específico, que era prendê-lO, na melhor das hipóteses (talvez como Judas pensava), e matá-lO, na pior das hipóteses, como de fato aconteceu. Aí eu pergunto: é possível hoje alguém prender Jesus? Haveria alguém capaz de matá-lO? Foi isso que envolveu a traição.
Com relação à atitude de Judas, é dito: “melhor fora não ter nascido” (Mateus 26.24).
É nítido um nível de pecado altíssimo! Judas, inclusive, devido a esse cenário, um tanto estranho, é verdade, acaba indo para um lugar reservado (Atos 1.25), deixando bem claro a unicidade desse pecado.
A Bíblia, além de muitas passagens sobre níveis de pecados, nos reserva mais uma cortante divisão, que poria fim facilmente a essa discussão. Isso se deve ao pecado de Pilatos, comparado a um outro pecado que ele julgava ser maior que o dele. Vejamos pelas próprias Escrituras: