Os Pecados Na Primeira Vinda E A Blasfêmia Contra O Espírito Santo
Muitos cristãos temem cometer o pecado imperdoável da “Blasfêmia contra o Espírito Santo”, mas eles não sabem que tal pecado não é sequer possível nos dias de hoje. Além desse episódio, há outros 9 dramas únicos que compuseram o emblemático evento da encarnação do nosso Senhor. Chegou a hora de conhecê-los. Continue lendo conosco.
Sumário
Alguns pecados mencionados na Bíblia são de modo especial. Entre eles, há aqueles que só foram praticados na encarnação do Senhor.
Muitos cristãos confundem os pecados da encarnação como uma cena repetitiva e dinâmica nos dias de hoje, mas provavelmente não perceberam que os pecados acometidos durante o evento da primeira vinda de Cristo foram especiais e irreplicáveis.
Os fenômenos pecaminosos se converteram, na verdade, em eventos, dos quais eram necessários para levar a cabo uma série de acontecimentos e profecias que Deus usou como rearranjo para desenhar a redenção e o Seu projeto para toda a humanidade. É bem certo que nos dias de hoje, o Inimigo de nossas almas vem nos atormentar com esses eventos pecaminosos, como se fôssemos, hoje, aqueles mesmos personagens. Seu objetivo é cativar os crentes e mantê-los presos em seus dilemas e confusões mentais que, juntamente com as práticas perpetradas por líderes cujo foco é exercer coerção e ter a alma do discípulo aos seus pés, fazem uso das mesmas ferramentas desse Inimigo, tornando-os semelhantes a ele.
Esse pecado emblemático foi cometido pelo insano rei Herodes depois que os magos do oriente procuraram o menino Rei dos Judeus. O louco Herodes, sob o pretexto de proteger sua coroa e dinastia, procurou encontrar a criança que seria considerada Aquela que governaria Israel.
Seu pecado se deu da seguinte forma:
(a) Primeiramente, ele acreditava de alguma maneira nas profecias, tanto é que chamou os escribas para descobrirem onde a criança Rei nasceria. Ao descobrir que as profecias indicavam Belém como o local de nascimento, o que ele fez? Certamente, foi procurar a criança e prestar-lhe culto ou alguma homenagem, certo? MAS NÃO! Ele desafiou as profecias bíblicas. Tomado pelo medo de não ser mais o rei, ele massacrou todas as crianças belemitas cuja idade se encaixava no período de nascimento do Messias que ele estava determinado a exterminar. QUE LOUCURA!
Este pecado específico só foi possível devido à encarnação do Senhor Jesus. De outra forma, ele jamais poderia ter sido cometido; foi a primeira tentativa de matar Jesus, quando Ele ainda era um bebê.
(b) Em segundo lugar, ele tentou aniquilar o cumprimento de uma profecia das Escrituras Sagradas. Contudo, é importante ressaltar que não há consenso [entre os filhos de Deus] em tentar anular profecias bíblicas nos dias de hoje, ao menos, conscientemente. Até mesmo incrédulos podem tomar conhecimento das profecias bíblicas e vários deles, inclusive, as temem.
Tenho que ser bem específico: tal pecado deveria ser impossível entre cristãos, uma vez que todo cristão genuíno deve crer que as profecias deverão se cumprir. Se ele crê em profecias, ele deveria crer ser impossível impedir seu cumprimento, uma vez que, se isso acontecesse, ela não seria mais uma profecia, mas um engodo.
Ainda me permita falar sobre esse tema. Profecias, neste contexto, se referem às profecias escriturísticas, não à supostas revelações dadas pelos homens. Com relação a essas últimas, mesmo que possam existir e, de fato, existem, a Bíblia nos ensina a julgar cada uma delas e a conferir seu cumprimento, sob o risco de ela ter sido uma manifestação falsa. Nessa prática de duvidar, o senso seria considerado um ato de sapiência e não de incredulidade.
O que acontece é que hoje em dia cristãos usam esse “artefato espiritual”, para dizer que as pessoas duvidam de Deus e que estão cometendo terrível pecado. Aliás, muitos desajustes, divisões e atitudes desastrosas vem da confiança nesses “oráculos”. Veja bem, friend-leitor, não devemos menosprezar profecias, de fato, mas devemos pô-las à prova sob o perigo de, na verdade, fazermos o contrário da vontade de Deus.
O pecado de Herodes em essência é impossível de se cometer, pois não é mais possível tentar matar Jesus e tampouco como um bebê. Herodes cometeu um grave e terrível infanto-genocídio. Além disso, ele acreditava nas profecias bíblicas, para atender suas conveniências, tanto é que chamou os versados nelas, mas ele acreditar em profecias se configurou na verdade em seu maior problema, pois ele não foi adorar àquela criança, como, assim, fizeram os magos, antes, por outro lado, tentou matá-la.
Quanto à profecia o que fez Herodes? Ele a resistiu de tal modo como se ele estivesse agora resistindo a Deus. Medindo forças com Ele. Porém nos dias de hoje o que acontece se alguém lutar contra profecias? Isto se dará primeiro por ele não acreditar nela ou ter dúvidas de seu cumprimento, devido a isso, haverá resistência, mas longe de isso ser uma prática pecaminosa, pois a profecia deve ser julgada, tanto questões futurísticas quanto palavras proferidas com fins de exortar, consolar e edificar (1Co 14.3), porque esse tríplice aspecto também configura-se no que chamamos profecia.
O que Herodes fez quanto a esse dilema seria parecido com algo como: “um ateu que não acredita em Deus e de repente ele vê Deus face a face e descobre que, de fato, Ele existe, mas ao invés de adorá-lo, agora ele passa a resisti-lo, medir forças, ou enfrentá-lo”. Essa foi a loucura de Herodes.
Se houver algum cristão que acredite em uma profecia bíblica e tente impedir seu cumprimento, é muito provável que estejamos diante de um incrédulo anti-cristão.
Nós não somos dignos de ser cridos; Não podemos representar o Espírito Santo Encarnado, pois o incrédulo não deve crer em nós e sim no Senhor Jesus.
A Bíblia não diz que por estarmos perto das pessoas, O Espírito Santo está entre elas, como foi dito acerca de Jesus (João 14.17). Jesus encarnava o Espírito Santo, e a entidade que se liga nessa a extensão, hoje, é a Igreja, mas a Igreja como corpo místico de Cristo se relaciona com Cristo. De certa maneira a Igreja é a encarnação do Espírito Santo, contudo sua aplicação é coletiva e não singular.
Cristo, embora pudesse representar um coletivo, na verdade era um indivíduo contendo a máxima expressão do Espírito Santo que ungiu um homem.
Ao percebermos essa identidade do Espírito Santo com Jesus, é natural que sua manifestação era a manifestação do Espírito.
Já entre nós é dito o contrário que nós devemos provar os irmãos para sabermos se o espírito que opera neles vem de Deus (1 João 4.2-3).
Com dizia Campbell Morgan:
“Todos os homens que iluminaram o caminho da humanidade, desde aquele momento até agora, não foram a luz, mas portadores de luz, tendo acendido suas tochas na Luz: O Filho de Deus.”
(As Crises do Cristo, p. 202 – Tesouro Aberto, Belo Horizonte, 2019).
Um filho de Deus porta a luz, mas não é a luz de fato. Embora, ao portar a luz, ele carrega toda a grandeza dela podendo assim iluminar o mundo. Mas, a Luz é Cristo. Da mesma forma com o Espírito Santo, somos portadores d’Ele, mas nem de longe somos Ele.
O Senhor JESUS era o próprio Espírito Santo, assim como o Espírito Santo era Um com Ele.
Entre nós havendo profetas, falem dois ou três na reunião, os demais irmãos devem julgar o que eles dizem e não receber imediatamente (confira 1Co 14.29 – TB).
Hoje, “A Árvore de Mostarda” se oculta com seus “Pássaros” para assustar o cristão mais ingênuo e desavisado, ameaçando-o de cometer o pecado imperdoável. Porém, a Bíblia nos adverte a ter a responsabilidade de julgar e colocar à prova os espíritos, bem como a joeirar àqueles que se dizem apóstolos e não o são (Ap 2.2).
Com todas essas advertências poder-se-á conciliar o risco de cometer o pecado imperdoável da blasfêmia contra o Espírito Santo, com a necessidade de pormos à prova cada irmão que se manifesta com algum suposto poder ou profecia? Tal conciliação não é possível.
Quem poderia blasfemar
Após nossa introdução um tanto abrupta, é verdade, que nos convidou logo de início a uma reflexão sobre o tema, desejamos destacar outro detalhe importante que demonstra não apenas a incoerência em considerar a continuidade daquele evento que culminou no pecado, mas também a influência da nacionalidade. Quem poderia dispensar JESUS naquele momento? Os gentios? Certamente que não. Este evento está intrinsicamente ligado aos judeus.
A Configuração da Blasfêmia contra o Espírito Santo
Vamos agora apresentar a fórmula forma que, somada a vários itens, pode configurar-se como o pecado imperdoável. A ausência de um deles ruirá toda a estrutura e não será possível prosseguir.
1. A Pessoa de Jesus – Isso se aplica à pessoa do Verbo encarnado, pois Ele é a própria encarnação do Espírito Santo. Ele era o Homem ungido com o Espírito Santo e Poder; o Espírito tinha total e plena função em Seu Ser. Não há como considerar a Blasfêmia contra o Espírito Santo desassociando ela da pessoa de Jesus.
2. Clareza – Os blasfemadores devem ter total clareza de que Jesus estava, de fato, realizando uma obra de poder pelo Espírito. Caso contrário, não poderia ser considerado blasfêmia, mas sim difamação. A blasfêmia envolve a disposição de negar a verdade clara de algo em troca de caluniar com a intenção de causar desprestígio total.
Em Judas 9, por exemplo, há uma ocorrência semelhante, que fornece claras evidências de que o arcanjo escolheu não proferir discursos infamatórios contra Satã. Assim, a blasfêmia nesse contexto geral descrito traz muito mais a ideia de negar algo claro, mesmo que para isso se lance uma mentira com o propósito de ferir, causar dor emocional e desacreditar a vítima. Quando alguém deseja magoar outro alguém ou tramar algo contra ele, o chama, por exemplo, de ladrão e espalha boatos caluniosos, tendo total clareza de que ele nunca roubou.
3. Ações Contumazes – JESUS dá total compreensibilidade a eles, pois o verbo associado às considerações religiosas dos fariseus sugere que eles loucamente viram a realidade dos fatos, mas por algum motivo torpe que não podemos concluir corretamente, preferiram negar sabidamente que aquele ato milagroso identificava o Messias deles, atribuindo caluniosamente a uma entidade maligna (Belzebu).
4. A Negação do Rei e do Seu Reino – O Espírito Santo era oferecido como base de identificação da chegada do Reino. Sim, naquele momento, o Espírito Santo era o agente que provava que o Reino não estava mais próximo, mas sim que havia chegado, afinal o Reino de Deus é a ausência de Satanás. O Espírito Santo tinha destronado as forças das trevas através do Senhor Jesus. Portanto, a blasfêmia está relacionada com a negação do Reino. Vale destacar que Jesus, a partir desse momento, começou a chamá-los de “Raça de Víboras”, fazendo uma clara alusão ao animal tentador do Éden, do qual aquela geração era descendente. Sim, eles se satanizaram ao máximo.
5. A Nacionalidade – Devido ao item 4, a nacionalidade fica restrita à Israel, pois Jesus fazia um milagre messiânico para ao mesmo tempo dizer quem Ele era e que o Seu Reino tinha chegado, no entanto rejeitam tanto o Rei quanto Seu Reino. Temos que entender que o Reino como profetizado pelos profetas deveria ser oferecido a Israel, e ainda será feito por causa da segunda da vinda do Senhor.
Somando esses 5 itens saberemos que é um fenômeno da encarnação de Cristo, restrito ao evento da oferta do Reino.
Consideração do Evangelho de Marcos
Avaliando agora o assunto da blasfêmia contra o Espírito Santo a partir do Evangelho de Marcos, podemos perceber algo fundamental que confirma nossa análise, vejamos:
“Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca mais terá perdão; pelo contrário, é réu de um pecado eterno. Pois diziam: Está possesso de um espírito imundo.”
—Marcos 3.29–30, tb
Vemos o motivo da blasfêmia contra o Espírito Santo: “pois diziam…”. Existe uma conjunção adverbial causal, “pois”, que está explicando o motivo da blasfêmia.
“Pois diziam…” Esse “diziam” se refere ao que virá em seguida que configurará o pecado imperdoável. Temos, portanto, um ὃτι do grego, cujo papel é explicar a “causa de…”. A essa altura está muito claro que o vem depois dessa constatação (pois diziam) é o que determina o problema.
E o que vem depois é simplesmente “está possesso de espírito imundo”. Esse “está possesso de espírito imundo” foi o tudo que era necessário para concluir a blasfêmia. E a quem foi atribuído? A Jesus.
Portanto, a blasfêmia não é atribuir a qualquer outra pessoa que não seja o Senhor, a calúnia de estar possesso de demônio. Aliás, é dito que se fizeram isso ao dono da casa o que dirá dos domésticos da casa (Mt 10.25). No entanto, ainda que possam, [ou melhor, teriam porque foi profetizado] fazer o mesmo com seus discípulos nunca em nenhum outro lugar foi pinçado o assunto da blasfêmia contra o Espírito Santo sendo experiencial com os discípulos do Senhor. E por quê?
Porque tal fenômeno teria que abranger pelo menos os 5 pontos que listamos, e tudo convergir naquele contexto; todavia, como isso seria possível? De fato, não há possibilidades.
Um discípulo ou qualquer outro cristão seja ele quem for, como Paulo ou Pedro, não poderiam dizer: “o Reino é chegado”, eles não eram o Rei; não poderiam ser eles o Messias dos judeus; eles podiam apenas constatar esse Reino, como Paulo fez em Atos 14.22 e Romanos 14.17.
Eles não poderiam igualmente oferecer total clareza usando suas obras para garantir a seus opositores que elas de fato proviam de Deus (requisito mínimo para poder blasfemar). E ainda dizer que eles eram o preâmbulo do Reino, mesmo por que ele foi negado e agora havia se tornado um mistério, sendo percebido somente pela Igreja (Jo 3.3).
Segundo o conselho de Gamaliel deixava claro que os religiosos duvidavam da atividade deles, e que se houvesse alguma prudência por parte deles em deixar aos cuidados de Deus àquele “movimento” da fé em um defunto,1 aquela obra poderia morrer, caso contrário, a manutenção dela poderia constatar, na verdade, uma resistência ao próprio Deus.
O conselho de Gamaliel foi aceito, portanto, a dúvida deles era, guardada as devidas proporções, pertinente. No caso de Jesus em Mateus 12 e Marcos 3, não houve dúvida, justamente, por que ela não existia, afinal eles estavam se opondo com total clareza e não com falta dela, esse foi o grave erro deles, mentirem contra a verdade.
Se houvesse alguma ligação entre os discípulos e a blasfêmia contra o Espírito Santo, esses religiosos poderiam ter cometido esse pecado, pois certamente, duvidaram, debocharam ou mesmo atribuíram qualquer milagre que viram a uma entidade espiritual que não o Espírito Santo, de outro modo eles deveriam ter crido.
Mas é fato que a blasfêmia contra o Espírito Santo, nunca foi mencionada nos Atos, Epístolas e Apocalipse.
Foi um evento durante a encarnação de Jesus Cristo. Isso está claro. E para cometê-lo hoje, de acordo com o irmão Watchman Nee, deveria seguir dessa forma:
Jesus deve estar presente na ocasião, afinal o motivo desse pecado ocorrer se dá pelo fato de Ele existir e do Espírito Santo agir.
Jesus deve fazer um milagre na sua frente, como uma cura, uma expulsão de demônios.
Você deve de fato saber que o que ele fez foi um milagre indiscutivelmente.
Na soma desses três fatores [os 3 “deves”], ainda será necessário dizer audivelmente que Ele fez tudo isso por meio de Satanás.
A probabilidade de isso acontecer é a mesma de você blasfemar contra o Espírito Santo.
Isso porque nem considerei as outras deliberações dos 5 pontos que listamos. Como sermos judeus; estarmos diante de um milagre messiânico; estarmos no período de oferta do Reino cujo o Agente que antecipa o Reino é o Espírito Santo, etc. Somando essas reflexões, não temos como concluir de outra forma que não seja: É impossível repetir esse pecado!
A resposta é muito singular, a blasfêmia contra o Espírito Santo nos dias de hoje é, completamente, improvável de se cometer. Ela envolve múltiplos fatores e esse episódio foi mencionado apenas no evento da encarnação do Senhor; é um fenômeno exclusivo da encarnação de Deus.
Haveria por hipótese uma maneira, mais, de isso acontecer, é verdade; seria na segunda vinda do Senhor, quando Ele aparece com o sinal evidenciado no firmamento celestial, surgindo como relâmpago que todo olho verá. Os judeus nesta ocasião O veriam. O Senhor mataria o anticristo com o sopro de sua boca. Ao manifestar-se aos judeus sobreviventes da Grande Tribulação, eles veriam as marcas dos cravos nas suas mãos e pés. Tal ocasião cumpriria a profecia de Zacarias (cap. 12), quando eles iriam dizer: “Este é Aquele a quem traspassamos!”; igualmente eles teriam dito também para cumprir as profecias do próprio Senhor: “Bendito é o que o vem em nome do Senhor” (Mt 23.38).
Os sinais do Senhor seriam muito mais evidentes, haveria a miríade dos anjos e dos santos com Ele. O poderoso governante mundial com os seus incríveis poderosos é aniquilado como poeira movida por um vento. Se com tudo isso houvesse algum dos judeus que dissesse: “Ele fez isso por estar possesso de um espírito imundo”. Haveria novamente a Blasfêmia contra o Espírito Santo. Pois juntamente com todos esses eventos o Senhor estaria mias uma vez trazendo o Reino que foi recusado para se estabelecer Mil anos na terra.
Claro que não haveria qualquer cristão em sã consciência que dissesse: “isso irá acontecer”. Pois há uma profecia Paulina que garante “e todo Israel será salvo” reservada para o tempo do fim.
Não nos resta mais nada a dizer sobre a Blasfêmia contra o Espírito que não seja que ela foi um evento especial, excepcional e único, que por sua vez nunca mais irá se repetir.
Falta de Alerta Apostólico
Se tal pecado fosse possível de ser cometido, considerando sua enorme gravidade, teríamos as exortações apostólicas das mais variadas, e, justamente, não a vemos, ao contrário, vemos, por exemplo, Paulo dizendo: “Não entristeçais o Espírito de Deus (Ef 4.30)”; ainda Paulo diz: “Não apagueis o Espírito (1Ts 4.19)”. Como Paulo poderia ser tão negligente em admoestar os irmãos em não entristecer e em não apagar e não dizer nada sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo?
Pedro ao dizer que Ananias e Safira mentiram contra o Espírito Santo ele não teria melhor momento para falar do perigo da blasfêmia contra o Espírito Santo. Mas não, ele reconhece que o casal cometeu um pecado contra o Espírito Santo, mas não houve a blasfêmia, o pecado imperdoável. Aliás, Ananias e Safira só morreram porque eram filhos de Deus, somente os cristãos podem cometer o pecado para morte; e, este foi o caso, mas nem mesmo a longa distância, podemos comparar o pecado para morte com a blasfêmia contra o Espírito Santo. Somente os que leem descuidadamente a Bíblia podem chegar a essa conclusão.
Não nos resta dúvidas de que o pecado da blasfêmia contra o Espírito é exclusividade da encarnação do Senhor Jesus.
O Senhor Fala em Parábolas
De acordo ainda com o irmão Watchman Nee, e isto é verdade, depois que os fariseus blasfemaram contra o Espírito Santo, o Senhor temendo que eles cressem, passa a falar por parábolas para que eles vendo não veem, ouvindo não entendam; e, por quê? Porque O Senhor não queria que eles fossem salvos, justamente, porque blasfemaram contra o Espírito Santo, como que para entender as parábolas deveriam ter ouvidos para ouvir o Espírito, e como eles blasfemaram contra ele, não haveria qualquer risco daquela geração incrédula ser salva, de outro modo as palavras ditas por Jesus, de que eles não seriam perdoados, não se cumpririam se houvesse qualquer possibilidade deles crerem. Por isso se inaugura as narrações em parábolas, assim o Espírito poderia revelar depois o entendimento delas àqueles que poderiam ouvir e compreender mais tarde.
Crer no Senhor é algo de tremenda grandiosidade a tal ponto de poder fazer até mesmo blasfemadores satanizados como aqueles religiosos serem salvos ainda que tivesse cometido tamanho pecado ao ultrajar o Espírito Santo, que não restava outra alternativa que não fosse usar o recurso das parábolas.
Portanto, se você creu, nada desse contexto pode se aplicar a você; não temas, não pense que cometeu tal pecado. Aliás, temer ter cometido esse pecado só prova que de fato você não o cometeu e nem nunca o cometerá.
A seguir deixamos um vídeo do canal Escriba do Reino narrando o estudo de Watchman Nee sobre essa matéria, cremos ser de grande importância que você possa assistir.
Esse vídeo foi produzido pelo canal Escriba do Reino, sugerimos a inscrição, além do canal você pode acessar também a loja da editora: lojaescribadoreino.com
Muitos cristão podem considerar que o pecado da traição, pode ser repetido em alguma medida, algo como negar Jesus ou desobedecê-lo.
Definitivamente a traição é impossível de se repetir, devemos considerar de modo muito simples. Jesus pode novamente ser entregue nas mãos de seus inimigos? Ele pode ser capturado pelos guardas do templo? Aliás, ele pode ser capturado por qualquer potência militar da atualidade? Se não podemos admitir isso como podemos dizer que Jesus pode ser traído? Ainda que tudo isso fosse possível ele ainda precisaria de um discípulo falso que fosse como um diabo, algo que não só não pode acontecer, como já aconteceu definitivamente para o cumprimento da Escritura, e a Escritura não previu outro discípulo dessa categoria tampouco outro evento semelhante que ele pudesse fazer parte.
Alguns dirão que Judas o entregou se acobertando e negociando com homens que pretendiam matá-lo; seguramente, sim. Mas quem pode hoje fazer isso com o Senhor? Algum mortal pode entregá-lo aos seus inimigos para que Ele sofra nas mão deles? Traição também envolve engano, geralmente uma pessoa traída é enganada. Ela não sabe o que estão tramando contra ela. É bem verdade que Jesus sabia que estaria sendo traído. Ele até pede para que o sujeito aja rápido. No entanto, os outros personagens envolvidos no palco da traição sentiam e participavam daquele ato, achando que estariam conseguindo, por meio de um engenho tão pobre, fazer algo contra o Fundador da Vida. Haveria alguém em condições de tramar algo contra o Senhor entendendo que o mataria? Aliás, pode Jesus morrer novamente?
Não é preciso investigarmos muito para concluírmos que trair Jesus é um evento que só aconteceu uma vez e somente uma pessoa o fez. Embora outros participassem do engendro, o ato subjetivo e, ao mesmo tempo direto, foi de um só.
Tanto é que esse pecado é tão impossível de se repetir que o que comete é dito que melhor lhe fora não ter nascido. Além disso a unicidade desse evento é tão profunda que impediu inclusive do Senhor ter um discípulo salvo, pois este apesar de chamado discípulo foi contado como um diabo. Tão único e especial era aquilo que viria acontecer, que se permitiu ser contado um discípulo que nunca creu.
Além do mais, se fosse um pecado passível de ocorrer, os apóstolos em suas epístolas e pregações já teriam alertado os irmãos sobre o risco disso. Entretanto, tal coisa nunca foi mencionada após os Evangelhos. Portanto, é um pecado exclusivo dos Evangelhos e de uma única pessoa.
A palavra “trair” no grego como no caso, por exemplo, de João 6.64 se refere na verdade a um verbo que indica pegar alguém de um local e abruptamente entregá-lo nas mãos de seus adversários, παραδώσων [paradōsōn]. Pense como alguém pode ser capaz de pegar Jesus e entregá-lO ao seus inimigos. Definitivamente isso está mais que provado que é algo exclusivo da encarnação do Senhor para cumprir o Design da Redenção.
Esta passagem é tão emblemática, quanto tudo o que já dissemos até aqui, mesmo a Blasfêmia contra o Espírito Santo.
Esta é pela terceira vez que Jesus permite a chance de o Reino d‘Ele ser reconhecido. Os fariseus já tinham deturpado Sua realeza O confundindo com Belzebu, atribuindo sua obra a Satanás. Rejeitando o Reino antecipado a Israel, depois novamente o fazem pedindo sinal ao invés de crer e ainda assim o Senhor promete mais um sinal, como o último, da sua ressurreição, e sabemos o desfecho da incredulidade israelita. Mas, agora, temos o sumo sacerdote podendo crer n’Aquele homem e O confessar como Messias, Rei e Deus. Contrariando totalmente esse prognóstico, o considera blasfemo e digno de morte, essa foi a última tentativa de Cristo mostrar Seu Reino e quem Ele era de fato.
A Palavra é marcante demais para ser ignorada aqui, vejamos:
“[…] contudo, vos declaro que vereis mais tarde o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.”
—Mateus 26.64, tb
Jesus responde isso ao sumo sacerdote quando lhe é invocado por conjuro dizer se era o Filho de Deus. Fato respondido pelo Senhor com a expressão idiomática “tu dissestes” (Mt 26.63). Mas como Jesus sabia que não seria crido pelo Sinédrio e tampouco pela autoridade máxima dali, Ele então finaliza todas as ofertas de entrega do Reino, pois se ali, o sumo sacerdote cresse, o Reino viria a Israel por intermédio dele como autoridade delegada, era a forma de resolver o problema geral da incredulidade do povo, uma vez que Deus confiaria àquela autoridade do judaísmo, que poderia responder pelo povo, para receber o Rei e o Messias e por finalizar seu ofício entregando ao Senhor a obra do sacerdócio definitivo, essa foi a última atitude de provisão do Seu Governo ao Israel rebelde.
A Tradução Brasileira traduz o encontro do advérbio ἄρτι [arti] com o verbo ὄψεσθε [opsesthe] como: “vereis mais tarde”, o entendimento de “mais tarde” está correto, pois [os judeus] se encerrariam em um véu de mais de 2000 anos; entretanto, o ἄρτι que significa algo como no nosso português brasileiro: agora, neste momento, hoje; estava centrando o momento, pois Jesus estava cravando aquele instante exato. Isso é tão profundo que vale a pena avançarmos um pouco mais.
O verbo ὄψεσθε está na voz passiva indicando que não é o sujeito que pratica a ação, ou seja, ele não teria condições de praticar tal ação, mas o que significa, afinal ὄψεσθε (opsesthe)?
É surpreendente, significa: ver! Os judeus não poderiam mais ver o Senhor, exceto no dia que Ele aparecerá em nuvens cheio de glória. Não à toa Paulo diz que é posto um véu sobre eles. Quando esse véu foi posto? No dia que Jesus estava no Sinédrio e pela última vez se revelou como o Filho de Deus. O “ver” opsesthe na voz passiva indica que algo ou Alguém abrirá os olhos desse povo, essa visão gloriosa que Deus dará ao seu povo será no final da Grande Tribulação quando Jesus aparecer em glória no céu. Além dessas considerações o “ver”, opsesthe, indica uma visão mais prolongada. Seria semelhante eu dizer: “olhar para ver”. É um olhar com ênfase. Como está na voz passiva, então seria como: “tendo sido visto para ver”.
Esse bloqueio se dá porque eles o negaram e rejeitaram seu Reino. Isso aconteceu na Sua encarnação ou como muitos dizem, sua primeira vinda.
Outro detalhe do mais importante, está naquilo que antecede o advérbio de tempo arti, uma preposição grega denominada ἀπό, esta preposição indica o inicio de um tempo, algo como no português “desde”, assim a soma de apó mais arti pode muito bem ser, aliás seria corretamente, traduzido por a “partir de agora”, ou de “agora em diante” [só me vereis nas nuvens com glória]. Sugiro a tradução do texto da seguinte forma:
“(…) contudo, vos declaro [que] a partir de agora verão [para si] o Filho do Homem sentado à direita do poder, mas vindo sobre nuvens do céu.”
—Mateus 26.64 (Tradução minha direto do texto grego).
Assim, como Jesus oferece o Reino e os fariseus blasfemadores o rejeitam em Mateus 12, agora Jesus, o Nazareno, oferece ao Sinédrio e, por fim, catapulta o bloqueio na visão dos judeus.
Um evento da encarnação do Senhor, sem precedentes e que não poderá se repetir, pois nenhum judeu negará na Sua Parusia, tanto Seu Rei quanto Seu Reino.
Quando o Senhor foi apresentado a Pilatos, este afirmou ter o poder de crucificá-Lo ou não, e a resposta distintiva e preciosa veio da boca de nosso Senhor. Ele disse: “Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado de cima”, ou seja, matar o Filho de Deus seria definitivamente impossível para alguém, a menos que fosse concedido pelo Céu. Nesse momento, vemos a bela entrega do Filho ao desígnio do Pai e o Pai Se agradando em moer Seu Filho. Pilatos não teria a menor chance, nem todo o exército romano, armado e alinhado com os mais habilidosos soldados, de tocar em uma pequena franja de Suas vestes. Foi necessário que os Céus determinassem isso, de outra forma todos teriam caído por terra “ao ouvir novamente dizer: Eu Sou”.
O ato da crucificação provocada por Pilatos é único, é um pecado da e na encarnação do Nazareno que nunca mais se repetirá, pois Jesus não pode morrer duas vezes.
A zombaria, a bofetada, a cusparada foram alguns dos pecados da guarda judaica que prendou Jesus. Tais pecados ainda que de alguma maneira possam ter similaridades hoje, como a zombaria, é bem possível encontrarmos hoje muitos ateus fazendo coisas semelhantes; entretanto, aquilo aconteceu fisicamente e presencialmente, não foi uma zombaria à distância, além disso os golpes aplicados no Senhor e a bofetada por suposta insubordinação ao sumo sacerdote e outros detalhes, não podem mais acontecer, ninguém poderá se aproximar de Jesus para golpeá-lo ou acorrentá-lo.
Estamos diante de uma outra exclusividade provocada tão somente pela primeira vinda de Jesus.
O tratamento zombeteiro dos romanos, assim como a tortura provocada pelos chicotes com ponteiras de ossos e chumbo dilacerando suas costas, abrindo sulcos em seu corpo (Salmo 129.3), eram técnicas hábeis de tortura extrema, bem treinadas pelo exército romano. Estavam de fato sendo aplicadas ao Homem que veio morrer pelo mundo. Os romanos tiveram esse marco negativo na história do Senhor Jesus. Ainda que virá alguém que foi profetizado, e está prestes a se manifestar, seja considerado como uma pessoa com uma nova ligação com o império romano, se levante nos últimos dias para maltratar os santos de Deus, não poderá sequer encostar Àquele que virá rugir como leão, do qual matará esse Iníquo com o sopro de Sua boca.
Caia sobre nós e sobre nossos filhos o seu sangue (Mateus 27.25).
Que tragédia cometeu o povo judeu, não apenas por condenar sangue inocente, mas também por se colocar nacionalmente sob a sentença daquele sangue mais precioso. Foi um terrível pecado cometido na primeira vinda de nosso Senhor. Único, sem precedentes, mas algo singular aconteceu! Jesus ainda intercede por eles: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem.” Penso que a intercessão guardou o povo de Israel de ser dizimado, como assim fez Moisés. Também permitiu a Israel ter um remanescente que iria ver o Filho do Homem em glória, à direita do poder, nas nuvens. Quão bela cena, apesar de quão grande tragédia.
Muitos zombavam do crucificado, e essas ações eram necessárias para o cumprimento das profecias do Salmo 22. Alguns diziam: “Desça da cruz e salve-te a ti mesmo, então creremos”, outros balançavam a cabeça como sinal de desprezo, e alguns riam da situação daquele homem dilacerado na cruz do meio. No entanto, mal sabiam que Aquele era Deus tomando seus pecados. Seguramente, nunca poderá haver algo semelhante; este evento foi definitivamente exclusivo na casa de Israel.
Por fim, o último sinal, o de Jonas. Jesus sai do ventre da terra em total retomada de vida.
Depois de Jesus praticar os sinais messiânicos e oferecer seu Reino ao neutralizar e expulsar um demônio mudo, diz que não mais seria dado sinais aos judeus na sua encarnação, exceto um último sinal, o chamado: “sinal de Jonas” para que por fim cressem n’Ele. Tal dádiva era para crer, não para trazer o Reino, pois de acordo com Mateus 26.64 conforme vimos na rejeição pecaminosa do sumo sacerdote e do Sinédrio, só veriam o Rei quando Ele viesse nas nuvens do céu.
A dádiva do sinal de Jonas era para arrependimento nacional ainda que usufruíssem apenas do Reino em mistério; todavia a classe religiosa judaica comete mais um terrível crime, semelhante a loucura da “Blasfêmia contra o Espírito Santo”; pois viram e atestaram verazmente o depoimento dos soldados bem treinados de Roma.
Ao chegar nessa situação àqueles deveriam dizer entre si: “Meu Deus, Ele ressuscitou! Os soldados mais hábeis estão dizendo isso, era verdade, Ele disse do sinal de Jonas quando ainda estava vivo. Ele de fato era nosso Messias creiamos n’Ele e clamamos a Sua misericórdia, quem sabe Ele pode perdoar todo o mal que Lhe fizemos”. Uma pena isso ser apenas uma nota da minha imaginação. Porém esse Seu povo da Aliança do Sinal, irá dizer algo muito semelhante [do que imaginei] quando o virem segunda vez (Zacarias 12.10; João 19.37).
Por fim, concluímos que todos esses eventos e dramas aconteceram apenas na primeira vinda de Cristo. Nem mesmo na formação da Igreja a partir de Atos 2, esses eventos foram mencionados novamente. Além disso, esses 10 pecados não foram destacados como doutrinas fundamentais para ensinar aos novos discípulos a evitá-los, assim como muitas outras coisas que foram ensinadas como fundamentais para serem evitadas. No entanto, apesar da exclusividade peculiar deles, esses fenômenos nos ensinam muitas coisas pelas quais podemos nos maravilhar em cada detalhe. Possa nosso Senhor, por meio do Espírito que O ungiu enquanto Homem, nos ensinar sobre Sua beleza e obra tão incomuns quanto excedentes. Para nós, vale a entrega de curvar nossas almas em Seu descanso. A Ele seja toda glória.
A.Friend
Um peregrino em sua jornada.
Notas
Abreviações
tb — Tradução Brasileira 1917, atualização para os nomes próprios e adequação para o novo acordo ortográfico, 2010, Sociedade Bíblica do Brasil
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