O Sopro da Criação – Um Espírito Não Tem Carne, e a Morte – Série: Os Dois Sopros e a Restauração do Homem
Este conteúdo faz parte da série: “Os Dois Sopros e a Restauração do Homem”, um material homônimo de um livro ainda não publicado. O assunto dessa obra visa explicar pelo ângulo da antropologia bíblica a composição do homem e o design divino que o confeccionou. Esta obra [que por ora faz parte da versão] impressa também estará aqui no site em alguma medida. Ela visa responder perguntas como: qual a diferença da alma e do espírito humanos? Qual diferença que entre o sopro na criação e o sopro na restauração? Temos mais de um espírito? Há alguma forma preservada no homem que se assemelha a sua forma física cuja manutenção se dá Pós-Morte? Além de essas, a série promete responder muitas outras perguntas semelhantes. Continue com a gente nesse primeiro estudo até o final e poderá descobrir muitas detalhes interessantes.
Sumário
Dando continuidade ao estudo denominado: “Os Dois Sopros e a Restauração do Homem”.
Agora, abordaremos depois da primeira publicação (que visava mais a anatomia do homem em suas três partes) como é o espírito sem a carne e como a morte o afetou.
Lembrando que estamos apenas na primeira parte, este artigo a encerra, portanto, este assunto que visava tratar do “Primeiro Sopro”, que em nossa premissa é destacado pelo ato criativo de Deus ao formar o homem e depois soprar nele.
A sequência será consoante a segunda parte, portanto o: “Segundo Sopro”. Aguardem as próximas etapas, estarão bem interessantes e o assunto ganhará contornos cada vez mais profundos.
Capítulo 2 e 3, extraída diretamente da obra que será impressa.
Quando Jesus ressuscitou, Ele afirmou que um espírito não teria a carne que os discípulos estavam contemplando e tocando [Lucas 24.39]. Isso pode indicar que antes de sua ressurreição com seu corpo de glória, Ele era um espírito no Hades identificado com sua alma, podendo ser chamado tanto de alma quanto de espírito. A alma refletindo sua personalidade; o espírito refletindo sua modelagem e forma humanas no Além-Vida.
É importante lembrar que o espírito é o oposto do corpo, portanto, ele se contrapõe a essa parte. Isso significa que há uma forma externa que tenta comunicar sentidos e sensações para seduzir a alma caída, assim como o espírito, que também é uma forma, porém interna, tendo seus próprios sentidos, e o objetivo de fazer com que a alma se submeta a ele. Ambos, corpo e espírito, são formas ou layouts que, além de serem formas, também são comunicadores porque tem seus sentidos.
O corpo comunica-se com a alma através dos 5 sentidos e de sensações externas; enquanto o espírito comunica-se com a alma transmitindo sua intuição e consciência. A alma, que é neutra, fará sua escolha; ao se unir ao corpo, trará a anomalia da Queda para o homem. Ele será chamado de carnal; se ouvir o espírito e não o anular, poderá ser chamado de espiritual2.
É importante observar que, na morte, o espírito fica nu, pois perdeu o corpo. Quando nos referimos ao homem morto tanto por espírito quanto por alma, estamos falando de alguém nu, já que a roupa que o vestia, o corpo, morreu [2Co 5.2-4; Jó 1.21; Sl 49.17].
Adão sentiu nudez quando perdeu alguma cobertura1 que, na verdade, não sabemos ao certo o que poderia ser. A nudez mostrou que ele estava morto, pois a cobertura da glória de Deus tinha caído. A sensação foi horrível, já que a nudez é associada à morte. O primeiro casal sentiu a morte quando estava nu, porém ainda nutria uma forma corporal, mesmo sem, uma possível, cobertura da glória de Deus.
O espírito tem sua forma, ainda que fique sem o corpo, e carrega e nutre esta forma à alma. Sem o espírito humano, a alma se desfaleceria.
Agora, o homem morto está nu e precisa revestir-se da glória para poder ver Deus face a face e experimentar toda a glória d’Ele. Por isso, o alento divino será devolvido para o homem, pois ele será ressuscitado para receber um corpo glorioso e estar na presença de Deus de forma plena. Claro que estou falando do homem e da mulher que creram no Senhor.
Após analisarmos de forma bem resumida o homem em seu aspecto tripartido, temos que falar da Queda e do fim trágico que o espírito do homem experimentou, a morte. Já falamos que a nudez do casal não somente tipificava a morte, mas dizia que eles morreram. Certamente, não foi uma morte instantânea quanto ao corpo físico, mas o poder da morte tinha assumido o primeiro casal. Quanto ao corpo eles estavam morrendo, quanto ao espírito eles morreram instantaneamente.
Isso foi fatídico e trouxe a tragédia da humanidade: o Pecado. A partir daí, o espírito perdeu sua funcionalidade principal de acessar e comunicar-se com Deus, e muitos recursos, ao longo da história humana, foram utilizados para que o homem pudesse se achegar de alguma maneira a Deus. Esses recursos viriam para “substituir” ainda que temporariamente o espírito. Ele encharcou-se em trevas, perdeu sua função (Judas 19). Como o homem poderia se achegar a Deus agora enquanto vivo? Por isso os recursos substitutivos viriam, entre eles: A Lei; Cerimoniais; Ofertas; Tipos e a Manifestação Especial do Espírito de Deus. Todos esses recursos viriam para suprir essa ausência.
É claro que não podemos apenas relegar esses itens como substitutos do espírito morto; eles também contêm uma profunda carga de significado espiritual que era possível tocar Deus e o Cordeiro vindouro.
O espírito do homem entrou em profundas trevas e não mais poderia pleitear a alma. O corpo, por sua vez, ganhou a força exagerada da carne e passou a dominar a alma. O homem degradou-se ao seu nível máximo (Gn 6.3).
O período pré-diluviano, por exemplo, foi um período absurdamente terrível. A terra encharcou-se em trevas até que Deus trouxesse o dilúvio. Somente Noé era justo em toda a terra, algo que, se formos contabilizar, seriamente, temos que admitir que a terra chegou no seu pior momento desde a criação do homem no Éden, e Deus foi obrigado a agir.
De lá para cá, Deus foi trabalhando no homem, mas foram cerca de quatro mil anos até que chegasse o Salvador. Foi então que Cristo trouxe a salvação, a restauração e a vida.
O primeiro sopro havia sido danificado, refiro-me aqui ao que o primeiro sopro produziu.
No Antigo Testamento, Deus apreciava os justos e santos do Seu povo. Derramou Seu Espírito sobre eles e comunicou-Se com eles. O Espírito arrumava a casa para Deus, mas isso ainda não era o plano original. Tudo era feito por meio de tipos, manifestações excepcionais, sinais, teofania; tudo para alcançar, de alguma maneira, algo espiritual que pudesse estabelecer alguma comunhão com Deus. O fato é que o espírito humano estava arruinado e algo precisava ser feito de forma definitiva.