O Quebrantamento de Moisés E Os 3 Ciclos
Moisés foi um grande homem levantado por Deus. Apesar de toda graça de Deus investida neste servo, nem todos os filhos de Deus sabem que não foi de graça o seu serviço a Deus. As custas de muito tratamento e quebrantamento da parte do Senhor, Ele encontra o período da maturação deste servo. Pronto a manter o poder de Deus de forma que a glória divina fosse vista, O Senhor então, na inauguração do 3º ciclo de 40 anos, o leva como um cativo Seu ao Egito para do Egito libertar Seus cativos sofredores. Moisés vai com o Fogo de Deus para destruir e humilhar todos os deuses daquela terra. Acompanhe esse estudo conosco e saberá como Deus pode agir na vida de seus filhos. Que o Senhor, tão somente, seja nossa Luz.
Sumário
A vida de Moisés nos traz ensinos práticos da vida cristã e parece que ele mais que um homem representa ciclos, que é necessário que todo cristão passe e tais serão a fornalha que moldará o caráter de Cristo em nós.
Moisés é formatado em 3 ciclos de 40 anos, cada ciclo representa uma fase da vida cristã. Se nos atentarmos poderemos receber luz do Senhor e crescer rapidamente em maturidade, entretanto se nos faltar visão teremos que ser sacudidos pelos tratos do Senhor. Somente quando atingirmos o ponto de tremer com a possibilidade de confiar em nós mesmos é que teremos compreendido nossa total inutilidade diante de Deus.
Aqui o relato que temos vem de Estevão e sabemos que os primeiros cristãos tinham fontes confiáveis para dizer o que pensavam, pois ainda que, embora, não encontramos outros relatos mais precisos da capacidade de Moisés nos seus primeiros 40 anos, nos apoiamos no maravilhoso, ungido e potente discurso de Estevão, além de ser exímio conhecedor das Escrituras, era ungido pelo Espírito Santo ao ponto de ninguém poder vencê-lo nos debates acalorados dos quais essa testemunha fiel se propusera, a fim de provar que JESUS de Nazaré era o Mashiach — e movidos de inveja, pois sua capacidade vinha do céu, o mataram. Estevão haveria de fazer sua alocução para mais uma vez falar profundamente e agudamente sobre quem era o nascido da virgem; e neste ínterim ele cita Moisés, é de onde podemos tirar o ensino que estamos propondo e realmente saber de fato como foi o quebrantamento daquele homem que salvou o povo israelita das mãos de faraó.
Segundo Estevão, Moisés em seus primeiros 40 anos, além do relato de Êxodo onde nos é confiado saber que ele foi cuidado pela filha de faraó, também por meio da testemunha fiel de Atos 7, sabemos que aquele varão, era potente em palavras. Ou seja, ele tinha potestade para falar, era eloquente, alguém retórico, orador; deveria dominar o som do volume de suas cordas vocais, sabia quando deveria entonar mais fortemente seu discurso; provavelmente tinha retórica para lidar com seus opositores e por fim era capaz de convencer. Moisés era potente nas palavras; mas não somente, em palavra em sabedoria egípcia, assim como do conhecimento mítico daquele povo. Certa vez Watchman Nee em seu livro; “O Mistério da Criação” Clique para acessar, disse que se Gênesis fosse ser escrito por Moisés [dos primeiros 40 anos], certamente ele colocaria os mitos da criação quer eram comum da sabedoria daquele povo antigo.
Tal era Moisés, mas este ciclo representa a força do homem natural; o quanto somos fortes diante de nós mesmos e o quanto confiamos em nossa capacidade; tanto que ao lidar com a situação do seu povo, ele comete homicídio (Ex 2.12); mas, ao cometer tal ação, ele fica com medo. Mais um elemento do homem natural. O braço do homem se parece mover forte nos primeiros instantes, ele parece ser retórico e infalível, contudo no primeiro teste mais severo ele se derrete em desespero e toda sua força é derrocada.
Esta fase, que, sim, faz parte da vida cristã, representa o quanto ainda nos apoiamos em habilidades próprias; muitas “coisinhas” são feitas aqui e ali para o Senhor; usamos táticas, “métodos infalíveis”, aplicamos o conhecimento natural como torrentes recursais para prover várias formas de “entreter o público”; mas não vemos poder de Deus. Nos esforçamos muito, mas parece que conseguimos fazer uma coisa só (como matar um egípcio) e mal feita, ainda; e sem resultado prático, pois no fim matar o egípcio fez a suposta vítima se rebelar depois (“quer fazer comigo hoje o que fez com o egípcio ontem?”).
O fato que este ciclo da vida cristã representado no primeiro estágio de 40 anos de Moisés, mostrará que o período dos elogios, das grandezas, de se sentir forte, onde alguns dirão: “Uauu! Ele é poderoso com as palavras; que gênio! Sabe muito! Fantástico, responde qualquer pergunta!”. E, por fim, é só. Como os filhos se apegam a esta fase e não querem sair dela de maneira alguma. Pois, sair dela é como perder essa miríade de elogios. Isso me fez lembrar é claro, guardada as devidas proporções e situações contextuais, o que um homem certa vez me disse, não vou te elogiar nunca, pois se queres destruir alguém, simplesmente, o elogie. Seja elogios gratuitos ou caros, evite-os ao máximo.
Moisés rompe o ciclo dos 4o anos rumo ao próximo que culminará nos seus 80 anos; ou seja, os próximo 40 anos são de dor e profundo quebrantamento, ninguém mais dirá: “poderoso em palavras e ações”, não terá seu público o admirando; não viverá em palácios; encerrarão seus potentes discursos, não terá a presença de sábios, homens de ciência, engenheiros civis da mais alta capacidade, hábeis médicos, inventores, feiticeiros, encantadores, anciões e homens conselheiros de faraó. Todos estes, definitivamente, para sempre, se foram da vida de sua vida. Seus companheiros? Agora são as ovelhas, bodes, cordeiros, sua esposa e seu sogro. Ele passa muito tempo com os balidos do gado, ele está escondido, só pode ouvir as vozes desses animais, hoje, seus companheiros mais íntimos, pelos próximos 40 anos.
Quão profundo é esse ciclo na vida deste homem, que ele mais tarde de “poderoso em palavras (Atos 7.22)” passa a “Eu nunca fui eloquente (Ex 4.10)”. O que ele passou nestes outros 40 anos foram suficientes para que ele desconsiderasse, inclusive tudo o que fora antes. Na versão da Septuaginta é dito que ele não era capaz, isto é, ἱκανός (hikanós), essa palavra grega usada pelos sábios tradutores da LXX traz o indicativo que ele era insuficiente em habilidade e que tal insuficiência ia além de não saber falar, mas ser incapaz em tudo! MEU DEUS! Que 40 anos foram aqueles?!
Moisés desconsiderou tudo o que ele foi nos primeiros 40 anos, alguns irmãos esquecem disso, pois no hebraico “nunca fui”, ou no grego “não era e nem sou”, se referem aos primeiros 40 anos, pois no segundo ciclo de 40 anos, ele se conforma ao que ele é, isso quer dizer que ele matou tudo o que outrora foi. Isso foi um corte extremo da cruz. E só depois disso, a sarça se queima diante dele e Deus diz, é agora!
É bem verdade que às vezes a cruz é tão profunda que nos esquecemos de avançar, Moisés, portanto, evita a missão, mas ele tinha que reconhecer o poder de ressurreição. Isso não é tão incomum, alguns filhos de Deus depois de profundos quebrantamentos param e entendem o quão terrível é sua carne; mas eles devem depois continuar avançando, a ressurreição não está na cruz, está após a cruz, depois de um longo período de quebrantamento é necessário avançar. Seguramente, a fase da ocultação, do desaparecimento, das perdas das “habilidades” é fundamental e preciosa, e geralmente suficiente para muita provisão de outros irmãos, mas é necessário definitivamente avançar, pois o avanço do peregrino quebrantado é para o bem coletivo, o poder de ressurreição está na igreja e é para a igreja, mas é o Senhor que nos conduz para o bem coletivo do Seu Corpo. Não nos esqueçamos que tudo o que Moisés passou é para libertar o povo de Israel, havia um objetivo coletivo da parte de Deus, mas para exercer esse objetivo Ele precisaria de alguém totalmente quebrantado, ele conseguiu seu homem depois de 40 anos.
Quando Moisés depois do segundo 40 anos, teve uma visão fantástica, ele viu por meio do Anjo de YHWH uma sarça ardendo em chamas, entretanto ela não era consumida, essa maravilha, fez Moisés se aproximar.
É notório que Moisés se encantou com a maravilha da visão e, portanto, quis se aproximar para entender aquele mistério.
As cinzas tem significado tremendo, ela resulta do último alcance das chamas, onde fogo não pode fazer mais nada. A cinza se torna branca indicando de alguma maneira a pureza total que veio do fogo.
De acordo com Pedro em sua primeira carta (1Pe 4.12), somos ateados em fogo e que não devemos nos escandalizar com as provas que nos são submetidas, pois de acordo com ele isso é como fogo ardente.
Se olharmos em Números, o rito da novilha vermelha, percebemos que suas cinzas, misturadas à água e hissopo, eram capazes de prover purificação.
A sarça em fogo não consumidor indicava que tudo nela havia sido julgado e purificado. Como podemos negar que ela falaria de JESUS assumindo nossos pecados e sendo julgado por nós?
Mas ao mesmo tempo ela fala do fogo atingindo seu objetivo, o objetivo do fogo num primeiro momento parece ser queimar, mas se pudéssemos personificar o fogo saberíamos quando ele morreria, quando consumisse tudo, ao consumir tudo ele também morreria, isso talvez não seria o melhor dos objetivos dele. Mas sim, continuar existindo com suas portentosas chamas, mas para isso acontecer seu poder de consumir deve ser substituído pela emanação de luz e calor. Tal coisa indica que onde ele toca não há mais o que consumir. As cinzas são bem isso, nenhuma chama tem forças sobe cinzas brancas, elas são anti-chamas, porque já foram queimadas de um modo completo que o fogo não pode mais fazer nada sobre elas. Cinza é o estágio final da pureza.
Mas o fogo quando se mantém queimando não está mais tratando de algo a ser consumido, mas de poder! Sim, ao chegarmos num estágio de cinza, estaríamos totalmente quebrantados, e isso seria algo grandioso na nossa consagração. Certamente que este processo estará alinhado com nossa vida toda. Contudo, em se tratando dos filhos de Deus, eles deverão chegar ao estágio da cinza branca, não poderá o fogo mais tocá-los para consumir algo que não presta; pois tudo que não presta foi devidamente queimado neles. Esse é o belo estágio da disciplina divina. Neste sentido a sarça que não se consumia indicava não há mais nada o que se queimar! Isso é quebrantamento! Isso é o que Cristo recebeu por nós, mas também é o que nós recebemos por Ele.
Cristo é a nossa santificação, mas ao mesmo tempo nós somos frutos do Seu tratamento. Ou seja, seremos tratados por Cristo. Quando Moisés vê aquele arbusto não consumido, fica maravilhado! E é de fato algo precioso, o fogo perder sua potência de consumação. Mas quando isso acontece o fogo agora tem outro objetivo, aliás, esse sempre foi seu principal objetivo, não se extinguir.
Quando o fogo não tem mais a função de consumir, ele agora tem a função de PODER! A Sarça representava a emanação do poder de Deus. A maravilha num primeiro momento estava em ela ser queimada e não se consumir, mas a verdade era que ela era fonte de poder. O Fogo poderia se alimentar nela, pois ela não era mais algo a ser queimado, mas a ser emanado.
Sabemos que o nosso Senhor recebeu o fogo [do sofrimento] por nós. Seus pés eram como bronze polido em fornalha incandescente (Ap 1.15), mas Ele não pode ser purificado por nós, pois Ele nunca teve mancha, jamais confundamos santificação com purificação, como nos ensina Evan H. Hopkins.1
Se consideramos tudo o que Moisés passou, aquela sarça estava retratando seus ciclos de vida. Agora ele poderia ser usado em poder e maravilhas por Deus, tudo o que precisava ser queimado aconteceu naqueles 80 anos, mais precisamente os últimos 40 anos. Oh! Como isso é tão precioso. A sarça fala da ação de Deus em alguém que pode conter seu poder e ao mesmo tempo continuar sendo uma sarça. O Senhor toma os sofrimentos de Moisés no “ciclo da cinza” e o potencializa para o “ciclo do poder”, onde fogo encontra respaldo para não se apagar e ser fonte de calor e luz.
Ninguém que se propõe a ter poder de Deus o terá sem ser quebrantado o suficiente. Não me refiro obviamente a dons. Mas o poder de Deus excede os dons; é falar em nome de Deus. É ter autoridade de Deus.
Obviamente que Moisés teria que passar por mais provas e quebrantamentos depois dali, mas os ciclos de ambos, da cinza e do poder estavam maduros o suficiente para Deus encontrar meios de agir poderosamente.
O homem tão dotado e treinado no Egito, agora não confiava em mais nada da sua carne; não se importaria em ver outro no seu lugar (Ex 4.13); se vê inferior aos outros. Muitos cristãos hoje temem outros no seu lugar. Moisés temia ele no lugar dos outros.
Mas não era Moisés que determinava e sim YHWH, e Ele disse serás tu Moisés! Tu fostes queimado suficiente e podes conter o meu fogo!
E foi com fogo de Deus que Moisés chega à terra do Egito e com àquela “queima”, as maravilhas são feitas. Aquela gente egípcia vê o fogo de Deus sobre Seu povo, mas eles não são consumidos, ao contrário, são fortalecidos.
O último ciclo de 40 anos de Moisés é o ciclo após a cruz, é o poder de ressurreição mencionado por Paulo (Fp 3.10), esse poder vem do sofrimento; ele não despede o fogo, ele na verdade o mantém em si, é a eficácia do poder de Deus no cristão.
Você irmão, você minha irmã que não compreende às vezes ardentes provas, quebrantamentos e a mão disciplinadora de Deus que num primeiro momento visa correção, ajuste, melhorias nos Seus filhos, mas no próximo outro momento significará o poder de Deus encontrando lugar para residir. Não desmaie, até que o fogo não consuma mais, e sim se mantenha mais. Que alcancemos a condição de não confiarmos mais na nossa própria carne. De “varão eloquente” cheguemos a “Não sei falar, nem outrora soube tampouco sei agora”.
Que o Senhor seja nossa Luz.
A.Friend
Um peregrino em sua jornada.
Notas
Veja também:
O que significa não morrerão até o Filho do Homem vir no seu reino
Até verem o Filho do Homem
Madame Guyon – Torrentes Espirituais Capítulo 7
Madame Guyon – Torrentes Espirituais. Capítulo
Madame Guyon – Torrentes Espirituais Capítulo 6
Torrentes Espirituais, por Jeanne-Marie Guyon, Capítulo
Madame Guyon – Torrentes Espirituais Capítulo 5
Aprofundando a vida cristã. Torrentes Espirituais