Salvação Eterna, Série – Isso Não Vem de Vós – A Confissão de Pedro

Quanto ao método, é simples, é uma confissão, Jesus diz: “sobre esta pedra edificarei minha igreja…”. Note o pronome demonstrativo “esta”, ele está ali porque algo foi dito antes, esse “esta” se refere a algo que foi dito anteriormente e isso chamou a atenção do Senhor. Mas o que foi dito antes a respeito do qual esse pronome demonstrativo aparece?

“Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo”. Essa foi a confissão de Simão que passou a se chamar Pedro. Jesus pediu uma resposta acerca do que o povo o chamava, alguns o chamavam de Elias, outros de João o Batista que ressuscitara outros Jeremias ou alguns dos relevantes profetas. Essas confissões nos diz muito de como o povo via Jesus o Nazareno; viam ele em geral como profeta, mas ninguém diz que ele poderia ser o Messias. Até mesmo João Batista foi cogitado a ser o Messias, do qual ele negou (Jo 1.20).

Mas acerca de Jesus o viam como profeta, pois estavam encantados com os milagres que Ele fazia, João mesmo não fez qualquer milagre, mas cogitaram ser o Messias, isto se deve ao caráter profético de João sua ousadia, seu aparecimento, e seu batismo elementos que denotavam um possível líder pronto para agir. Mas Jesus curava e falava em parábolas com um toque mais suave, próximo do povo sem aparente vislumbre de uma liderança firme que representasse o povo judeu.

Imagino que isso tenha colocado Ele como um profeta poderoso para fazer milagres enquanto João em sua ousadia contra os políticos era capaz de impactar com força os corações esperançosos do Messias.

Então os judeus o confessavam ora como pecador, ora como quebrantador do sábado, ora como possuído de Belzebu; tais confissões eram imorais e muito baixas, imergidas nas mais densas trevas que estavam mergulhados pelo deus desta era. Contudo a confissão da multidão que o procurava por milagres e pão era mais contundente, mais veraz, pode ser que houvessem tido outras confissões, mas os discípulos resgataram a que eles achavam melhores, podendo ser também o pensamento deles, ainda que eles cressem que Jesus poderia ser o Messias, nenhum deles até então ousava dizer que ele era o Filho de Deus, até que um deles faz algo inédito.

“Mas e vocês o que dizem que eu sou?” E Simão Barjonas toma a palavra e diz:

“Tu és o Messias o Filho do Deus Vivo” (Mt. 16.6).

A Confissão magna é disparada por um evento espiritual comunicado pelo Pai! O espírito de Jesus imediatamente percebe o fenômeno e salta em voz de alegria, esse é aquele momento que os homens dizem: “Oh!”.

“Não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos Céus!” Note my friends que a confissão de que Jesus é o Ungido, o Escolhido para cumprir os propósitos originais do Pai, o Cristo que salvaria a humanidade é algo que só pode vir de Deus!

E foi isso que havia sido dito antes do pronome demonstrativo “esta” que viria a se referir depois a uma pedra, pedra tal, que é a pedra de confissão, este é o método pelo qual a Igreja é edificada.

Agora precisamos saber a substância dessa pedra, pois por um lado precisamos confessar por outro precisamos do material certo para sermos inseridos e edificados na Igreja.

O material é tão sublime que causa vida. Não há vida fora de Cristo sabemos disso, pois Ele é autor da vida [Atos 3.15], e Ele é a vida que leva ao Pai [João 14.6].

Mas por que citar a vida? Por que as portas do Hades não podem prevalecer contra a Igreja e isto não se deve a igreja em si, mas ao material dela que é a vida, pois o Hades é lugar da morte, e, portanto ele representa a circunscrição da morte, onde quer que ele chegue e alcance há morte e não há escape, mas a Igreja não tem morte por que o Senhor diz: “…e as portas do Hades não prevalecerão contra ela [igreja]”.

Se a morte não pode prevalecer é porque a igreja é cheia de vida, mas a vida da igreja não pode ser dela própria e sim de um material sublime e rico, que só pode ser a Pedra, mas agora essa Pedra deixa de ser um método e passa a ser uma Pessoa, ela se refere ao próprio Senhor e não mais a confissão, a confissão em si não tem o material necessário, ela é, apenas, o método que leva ao material que pode colocar alguém na igreja.

“Aquele que edificar sua casa sobre a areia…” (Mt 7.16).

Veja também: As Duas Casas e o Verdadeiro Fundamento.

Areia é o material humano, Deus disse a Adão que ele era pó, mas que tipo de pó? O da terra, assim areia aqui na construção da casa é edificar no poder próprio. Pode parecer uma casa bela, mas ela certamente vai cair; o material é errado! Essa é uma grande lição para os filhos de Deus não conduzirem a igreja na sua expressão limitada¹, que é a igreja local, com materiais que fogem da Pedra, o material humano não deve ter nenhum lugar na igreja de Deus. Mesmo os irmãos e irmãs talentosos devem depender do Espírito Santo para conduzir e edificar alguma obra para a igreja.

“Veio os ventos e tempestades, mas a casa não caiu por que ela estava edificada sobre a rocha” (Mt 7.24).

Se a areia se refere ao homem a rocha só pode se referir a Cristo, isso fica mais claro, pois momentos antes o Senhor dizia que alguns expulsaram demônios, fizeram milagres e pregaram com poder; mas o Senhor disse que não os conhecia e que eles praticavam iniquidade. Inclusive alguns alegam por essa passagem que a salvação pode ser perdida veremos mais adiante no devido tempo que não é disso que a passagem trata e que estes aí não estão perdidos, porque eles invocaram o nome do Senhor (“Senhor, Senhor”)² — e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. [Romanos 10.13].

Mas faziam tais obras não baseadas na rocha e sim na areia, embora os efeitos fossem positivos e Deus permitisse para o bem daqueles que viriam a receber alguma ministração, porém por aqueles que praticavam havia algo errado, eles não dependeram do Espírito Santo e fizeram isso seja por qualquer outro motivo — isso não importa agora —, o fato de expulsarem demônios e praticarem essas obras com poder já provam que esses eram do Senhor (Mc 9.38-40; At 19.13-16).

Fazer as coisas na carne ou na própria dependência humana, mesmo que advenha de algum dom, que foi dado por Deus, não qualifica ninguém a ser um praticante da vontade do Pai que está nos Céus, se fizer tais obras de forma independente ou no respaldo do ego da alma essas obras não serão aprovadas, assim como seus obreiros [Mateus 7.22-27; Isaías 64.6; 1 Coríntios 3.13-15].

Entretanto, fazer tais obras na dependência do Espírito Santo, é como edificar sobre a Rocha que tem o material certo para a igreja, pois a Rocha por um lado tem um método por outra tem um material.

Acho que até aqui conseguimos colocar esses pontos bem ajustados, quero dizer sobre o método — confissão [Romanos 10.8,9] — e o material [1Pedro 2.4; Atos 4.11].

Com isso temos por um lado o direito — método — de sermos inseridos na igreja por outro participamos do material que nos permite sermos parte da igreja, ambos se referem à Pedra.

Agora se na igreja de Deus é possível alguém que foi edificado nela por meio da confissão como Pedro fez, e participado do material da Vida, e depois se perde sendo lançado no lago de fogo, temos dois problemas graves! O primeiro é, que o método falhou, segundo e pior é que o material que agora permite o discípulo fazer parte do corpo de Cristo não pode sustentá-lo na Vida. Como isso é sério! Pensar assim é perder todo o design da redenção.

Se o método falha, nunca poderemos dizer que alguém após confessar que Jesus Cristo é o Senhor, e em seguida crer que Deus o ressuscitou de entre os mortos, é salvo. Ninguém pode alegar que essa pessoa é salva, pois o método não é capaz de colocá-la no corpo de Cristo que é a Igreja. Isso por si só seria um problema, qualquer um que advoga que um irmão pode se perder por algum pecado, falha ou mesmo apostasia terá que explicar como o método que o introduziu no Corpo de Cristo, agora, o removeu? Mas antes este que faz a alegação terá que encontrar um método superior que exceda essa confissão e assim, possa então arrancar o crente da Igreja, e, se na sua loucura febril encontrasse um meio para apoiar seu argumento teria que explicar como ficaria o desenho da Igreja após isso, e do próprio Corpo de Cristo.

Portanto, a menos que ache um método que o retire da Igreja será impossível fazer tal afirmação.

Agora, em um exercício de suposição, fosse encontrado esse método, essa pessoa que seria, supostamente, removida da Igreja iria levar o material consigo, pois o material não se perde. Lembremos que o Senhor é chamado de novo homem, e esse Homem é a união da cabeça com seu corpo (1Co 12.12), não pode haver tal união com materiais diferentes, essa falta de essência criaria uma cadáver organizado com elementos de naturezas diferentes, isso faria Frankenstein parecer um nobre perto desse homem, pois por mais que  estejamos falando de um personagem fictício ele fora remendado, mas os remendos, ainda assim, seriam da mesma natureza.

Agora, imaginem, em mais um exercício lunático, o tal perecendo no lago de fogo com o material de Cristo alojado nele!

Surge outro problema e agora está na pedra; o material e o método falharam, então, a pedra falhou! Se a pedra falhou o Hades prevaleceu! E tudo isso é, justamente, o que contrariamente disse o Senhor!

Agora se a pedra é o método que nos dá o direito de pertencer à igreja e ao mesmo tempo que  é o material de partilha que nos torna um só corpo com Cristo nossa cabeça, e nossos demais irmãos, o que pode desfazer isso?

Mais uma coisa que temos que salientar se tal loucura fosse possível, toda vez que o Senhor disse igreja, teríamos que pensar que nem todos na igreja seriam salvos, portanto, ou não seriam crentes verdadeiros ou perderiam a natureza da filiação, algo que a Bíblia nunca disse!

Se a igreja pode conter perdidos e não salvos, o problema não está na igreja, está na pedra! A pedra falhou.

Evidentemente que isso é um terrível engano, porque a pedra não falha, podemos nas questões da obra agirmos no princípio da “areia”, mas na questão da natureza em Cristo edificados na igreja temos o mesmo material partilhado pelo Senhor que nos habilita estar na Igreja como pedras vivas e no Seu Corpo como um dos seus membros.

O material de partilha é o Espírito Santo adentrando em nosso espírito que substancialmente se transforma, renasce e é gerado pelo Espírito, não há como “desregenerar”, alguém conhece isso? Algum filho pode geneticamente deixar de ser filho de qualquer pai ou mãe? Impossível! O material genético está ali alojado nele.

Dizer que alguém pode perder a salvação depois de ter feito sua confissão de fé e crido no Senhor é dizer que a pedra falhou e você vai levar a genética de Deus para o lago de fogo. Não há nada parecido com isso em toda a Bíblia, ao menos que haja algum delírio poderíamos dizer tal coisa.

Acesse também: As Duas Casas e o Verdadeiro Fundamento.