As Duas Casas e o Verdadeiro Fundamento

O que significa Areia na Bíblia e o que a casa edificada nela representa? Tenha essa e outras respostas para compreender melhor o texto de Mateus 7.22–27

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Leitura: Mateus 7.24–27 – TB

 

Todo aquele, pois, que ouve essas minhas palavras e as observa será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. Desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela não caiu; pois estava edificada sobre a rocha. Mas todo aquele que ouve essas minhas palavras e não as observa será comparado a um homem néscio, que edificou a sua casa sobre a areia. Desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu: e foi grande a sua ruína

 

Existem duas casas e dois fundamentos conforme vemos na passagem.

JESUS disse isso logo após dizer que nem todo aquele que o invocava como Senhor, Senhor, entraria no Reino dos Céus, depois Ele disse que esses que o invocaram como Senhor fizeram milagres e expeliram demônios.

Se nos atentarmos bem na Bíblia dentre os que expulsavam demônios em nome de Jesus iremos perceber que somente os que de fato foram salvos puderam fazer isso, de outro modo os demônios prevaleceram, acho que vale a pena deixarmos as passagens.

Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que não nos segue expelir demônios em teu nome e lho proibimos, porque não nos seguia. Mas Jesus respondeu: Não lho proibais, porque não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim. Pois quem não é contra nós é por nós. 

Marcos 9.38–41tb

Também alguns judeus exorcistas, ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que estavam possessos de espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega. Os que faziam isso eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, um dos principais sacerdotes. Mas o espírito maligno respondeu-lhes: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? O homem no qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e prevaleceu contra eles, de tal modo que, nus e feridos, fugiram daquela casa.

Atos 19.13–16 – tb

Como pudemos perceber tanto em Marcos quanto em Atos as ocorrências de expulsões demoníacas se deram por pessoas verdadeiramente salvas, nem mesmo João, um dos 12, pôde impedir o trabalho de um servo verdadeiro que expelia espíritos;  ainda que ele não estivesse entre o grupo dos discípulos (ao menos dos Doze).

Jesus não somente disse que ele poderia expelir demônios no nome d’Ele, pois era sincero e autêntico em sua empreitada, como chamou aquilo de “dar um copo de água” aos apóstolos.

O segundo caso é um pouco diferente, na verdade é um grupo tentando utilizar o nome de JESUS espantados ao saber que até os lenços e aventais de Paulo operavam milagres, portanto, é bem provável que aqueles exorcistas se maravilharam com o poder do Nome, e achavam, como o Simão o mago, que era um poder à disposição de qualquer um quando na verdade o poder  de Deus é exclusivamente para todo aquele que crê (Rm 1.16).

Mas ao lidar com um método sem Vida, sofreram as consequências pelo próprio endemoninhando, pois estes exorcistas foram atacados, ficaram machucados e fugiram nus. Isto prova que alguém que não seja salvo por Cristo não terá sucesso em usar Seu nome para expelir espíritos maus.

 

Se isto for um princípio, como acredito que seja, os que são mencionados em Mateus 7.22 que foram aqueles que chamaram Jesus de Senhor e depois realizaram sinais e prodígios, eram salvos e não falsos irmãos como alguns alegam. Note que Jesus não nega esses milagres.

Além disso, a Bíblia também diz que ninguém chama Jesus de Senhor a não ser que seja pelo Espírito Santo (1Co 12.3). E é claro que o fato de Jesus mencionar duas vezes que eles o chamaram de Senhor constitui-se em um depoimento autêntico de que eles eram salvos, até porque o depoimento de duas ou três testemunhas – pela Lei – retratava uma comprovação; a razão de Jesus dizer duas vezes: “Senhor, Senhor” configura-se em uma atestação comprobatória de que eles fizeram isso de forma real como se, na verdade, fosse o depoimento de duas testemunhas.

As Duas Casas

Agora que já vimos o suficiente sobre grupo que chamou Jesus de Senhor, Senhor e que proclamaram a Palavra, expulsaram demônios e operaram obras de poder, vamos nos atentar para o que o Senhor diz depois de mencioná-los e reprová-los, afinal, Jesus afirma que eles praticaram iniquidade.

Mas quando ele termina a reprovação – quanto ao Reino dos Céus –, deste grupo de crentes, ele conta uma parábola sobre as duas casas e os dois fundamentos.

Casa fala da Igreja, casa é morada, morada de quem? Do Espírito Santo e de outros santos de Deus, essa casa precisa de edificação, assim, como a Igreja também precisa, a casa está selada com o sangue como as casas dos israelitas no Egito que receberam aspersão do sangue do cordeirinho, quem estava nela estava salvo.

Casa, neste quesito está relacionada com edificação e não com a casa em si, repare que o Senhor Jesus quer destacar a edificação e não a casa, portanto, ele está nos chamando à responsabilidade, há uma casa, porém onde e como vamos edificá-la?

Os Dois Fundamentos

Agora que estamos edificando temos que escolher os fundamentos, somente há dois fundamentos, mesmo que sejamos criativos e inovadores sempre nos depararemos com dois fundamentos.

Areia

A areia é um fundamento, Jesus ao contar a parábola deixa claro que é possível edificar a Casa na areia, portanto isso é de responsabilidade nossa; Ele diz que ao ouvir as palavras d’Ele e não praticá-las será como edificar na areia.

Mas o que é areia na Bíblia

A areia é usada na Bíblia para dizer algo impossível de contar (Gn 41.49; Os 1.10), ela de fato aponta para um número incalculável; mas também fala das multidões (Gn 22.17; Js 11.4; 1Rs 4.20).

Esta Casa pode estar envolta em uma enorme variedade de ações incontáveis e ela é uma edificação para multidões, isso é areia!

Jesus lidava com a “areia” que era a multidão; de entre a areia poderia sair algum tesouro, mas quando isso acontecia ele não era mais da multidão, a multidão era um grupo massivo de pessoas que procurava os benefícios de Jesus, ora era pão (Jo 6.26); ora seus milagres (Jo 6.2). A multidão é o retrato do interesse, porque os “milagres” são atraentes e o “pão”, de uma vida amplamente próspera, também; isso te faz lembrar alguma coisa? 

Multidões entraram nessa casa e ela se converteu em uma anomalia, o que era para ser uma hortaliça se transformou em uma árvore; o que era para ser uma casa adequada para vasos adequados se tornou uma grande casa com vasos para desonra (2Tm 2.20). É uma casa edificada em meio a inúmeros métodos, inovações e formas regadas à teologias estranhas ao Evangelho de Sangue de nosso Senhor JESUS. Tudo isso é areia!

Mas temos algo mais para falar da areia que excede a questão dos métodos incontáveis e dos interesses das multidões.

Areia também é pó, é o pó da terra, pó do mar; e o que é pó?

De acordo com Eclesiastes 3.20 é dito que todos foram feitos do pó e todos voltarão ao pó; além disso Deus disse na sentença de maldição à rainha dos animais, a serpente, que ela rastejaria sobre seu próprio ventre e comeria pó desde aquele dia fatídico do Éden. 

Deus diz também:

Do pó da terra formou Deus Jeová ao homem e soprou-lhe nas narinas o fôlego de vida; e o homem tornou-se um ser vivente. 

 Gênesis 2.7–15tb.

 

O Senhor formou o homem do pó da terra, portanto o homem em sua essência original é pó.

No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra, pois dela foste tomado: porquanto tu és pó e em pó te hás de tornar.

 Gênesis 3.19tb.

O pó é a matéria prima do homem, o pó fala da essência humana em si e de sua fragilidade, ele nada mais é que a carne!

Edificar a casa na areia é edificar a casa na carne, o Senhor não está colocando a casa em questão, e sim como ela está sendo edificada; Ele não quer explicar a casa, mas o que você está fazendo com ela, por isso que Ele disse isso logo após ter falado daqueles que expulsavam demônios e faziam milagres no nome d’Ele.

Fazer as coisas na carne e pela carne não necessariamente significam fazer coisas baixas e terrivelmente pecaminosas, é simplesmente, fazer na base do homem; isso fica muito claro quando Jesus momentos antes da parábola diz: “nem todo que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus”; Jesus contrasta, “Senhor, Senhor” com fazer a “vontade do Pai”, por quê? Porque ele quer dizer que embora todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm 10.13) não significa que ele entrará no Reino dos Céus.

Para entrar no Reino dos Céus não é suficiente confessar Jesus como Senhor, isso é suficiente para ser salvo da ira de Deus, mas o Reino requer fazer a vontade do Pai, isso a “areia” não tem capacidade. O não é capaz de fazer a vontade Deus. O elemento carne é caído ele não constitui em si mesmo harmonia com a vontade de Deus; à carne cabe apenas uma sentença, cruz! A carne é tão corrupta que Deus requer morte a ela.

Eu posso ser salvo, ter dons espirituais, mas ainda assim ser carnal, os irmãos de Corinto tinham praticamente todos os dons e Paulo os chamou de carnais! Eles estavam na base do pó!

A serpente comeria pó conforme a maldição de Deus (Gn 3.14), mas não vemos cobras por aí se alimentando de areia ou terra, o que será que mais nosso Senhor quis dizer? Não seria esse pó nossa própria essência carnal que alimentaria Satã e suas hostes dando lugar a eles em nossas vidas? Não seria então nossos atos carnais o alimento desses seres do mal?

Portanto, eu posso operar nos dons de Deus e ainda ser carnal como eram os irmãos de Corinto, posso expulsar demônios por um lado e ser carnal por outro, posso fazer algo miraculoso – em e/por alguém onde Deus permite por, simplesmente, Ele estar pensando na vítima e não em mim, ainda que Ele tenha que lidar comigo depois – e em seguida posso agir na carne e cometer iniquidade.

Posso fazer certas coisas com muita arrogância e soberba e vez ou outra Deus permitirá por causa da pessoa do outro lado que precisa da atuação divina, ainda assim, minha obra é iniquidade.

Para isso precisamos apenas de um exemplo muito claro nas Escrituras. 

Deus pediu para Moisés certa vez bater na Rocha que sairia água para o sedentos israelitas, nesta ocasião os israelitas murmuraram; Moisés prontamente obedeceu, feriu a rocha e Deus fez sair água dela por meio de Moisés.

Mas acontece que em um registro mais preciso do livro de Números, houve uma segunda necessidade de água no meio do povo de Israel, e parece que desta vez o povo estava correto em pedir água, não era uma questão de murmuração ou revolta contra Deus, assim o Senhor diz para Moisés simplesmente falar para a Rocha que ela dê água, e seria isso o suficiente para os hebreus se saciarem, porém Moisés perdeu sua paciência e fez o contrário que Deus ordenou, ele primeiro chamou o povo de Moré (rebelde) sem esta ter sido uma ordem divina, e depois ao invés de falar com a Rocha ela a feriu novamente; Moisés desobedeceu a Deus, então não saiu água, certo? Errado, saiu água do mesmo jeito, mas porque Deus estava interessado em saciar a sede do povo. Apesar de Moisés agir levianamente e de forma errada, ainda assim Deus proveu. Seguramente, Deus lidou com Moisés mais tarde e tal atitude custou sua entrada na Terra Prometida.

O que quero dizer com este exemplo? Que mesmo Moisés fazendo de forma contrária àquilo que foi ordenado, Deus operou, pois Ele olhou o povo. Importante saber antes de qualquer coisa que não houve profeta como Moisés, ele foi o homem que viu a forma de Deus olhando suas costas. Moisés cometeu esse erro, é verdade, e Deus teve que lidar com ele, se ele fosse rápido em reconhecer tal falha, ele estaria, certamente, em Canaã. Mas a honra e a grandeza de Moisés é manifestada no monte da transfiguração onde ele com Elias conversavam com o Senhor; estou tendo este cuidado ao dizer isso porque não quero comparar ele com o grupo que o Senhor reprova em Mateus 7.22, nem de longe poderia haver tal comparação.

Portanto, os que edificam na areia, estão no mesmo quadro que Deus, apesar da ira e precipitação de seu homem, age. 

Ele faz isso com alguns de seus servos ao permitir que demônios sejam expulsos e milagres sejam realizados por meio deles, mas isso só aconteceu por causa da pessoa que precisava receber a virtude de poder, e não necessariamente por causa daqueles que executaram os milagres. 

Desta maneira, pregar, expulsar demônios e praticar obras de poder de acordo com Mateus 7 ainda não é fazer a vontade do Pai que está nos Céus; essa sentença: “está nos Céus” é muito importante para compreendermos onde está a vontade de Deus, ela está lá em cima, lembram? “Seja feita sua vontade na terra como ela é feita no Céu”. Se nós não subirmos onde Deus está, visualizando nossa posição em fé, não compreenderemos sua vontade.

Fazer a vontade de Deus é subir, por isso em Lucas fala que temos que ser filhos do Altíssimo (Lc 6.35).

Areia é algo terrenal, cá de baixo, tende a tombar, é o pó, a vontade de Deus não está em meio às comidas da Serpente!

Nada que fazemos sem a dependência do Espírito Santo é espiritual, ainda que o dom seja miraculoso ou que Deus permite algo para que alguém seja salvo ou mesmo se livre de algum mal. Deus pode permitir que tais coisas aconteçam mesmo em um canal danificado por causa de quem precisa receber do outro lado, isso é misericórdia de Deus. Podemos fazer muitas coisas sem a dependência do Espírito Santo, podemos pregar, ensinar, orar, cantar, expulsar demônios.

Que o Senhor nos guarde de edificarmos a casa na areia. A ruína dessa edificação virá com a mínima tempestade. 

Rocha

Agora que vimos que tipo de fundamento é a areia, fica muito fácil compreendermos o que é a Rocha. Porém, o que a Bíblia diz sobre a Rocha?

Não precisamos de muitos recursos para compreendermos que Rocha na Bíblia é uma figura de Cristo, Pedro diz que Ele é a Pedra viva (1Pe 2.4), Pedro continua dizendo que Ele também é Rocha de escândalo (1Pe 2.8), pois para os que se escandalizam, tropecem e sejam esmagados por ela; Ele também é chamado de Pedra angular (Ef 2.20). O Salmo 95 diz que ele é o Rochedo da nossa Salvação, Davi diz que Ele é seu refúgio e o chama de Rocha forte (Sl 62.7); o salmista também diz: Seja para mim uma Rocha habitável (Sl 71.3). E muitas outras porções semelhantes.

Edificar a casa na Rocha é, simplesmente, edificá-la em Cristo, tendo o Senhor como fundamento, isso é a coisa mais extraordinária porque Ele quer nos usar para essa operação, Ele deseja nos tornar úteis n’Ele para edificação da Igreja, isso é dependência do Senhor.

Creiamos com fé simples e nos submetamos a Jesus a ponto de pôr de lado o que pensamos e somos e dependendo do Espírito Santo façamos conforme a graça de Cristo, qualquer coisa diferente disso é areia.

A casa na Rocha não se dissolve e ela é a prova de qualquer tempestade, certamente ela não terá multidão nem incontáveis métodos do homem, mas terá o verdadeiro fundamento para se manter sólida.

Que o Senhor possa nos dar Sua luz.

Abreviações

tb — Tradução Brasileira 1917, atualização para os nomes próprios e adequação para o novo acordo ortográfico, 2010, Sociedade Bíblica do Brasil

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