Salvação Eterna, Série: Isso Não Vem de Vós – A Ofensa A Um Irmão – Mateus 5.22
Excerto extraído (mais precisamente o capítulo 12) de uma obra denominada “Uma Salvação e Um Fogo”, ainda a ser publicada. Também faz parte da coleção Salvação Eterna Isso Não Vem de Vós, cuja primeira coleção já foi publicada em formato e ebook-kindle, você pode adquir por esse link aqui.
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UMA NOTA EXPLICATIVA
O texto utilizado segue fielmente o material original de estudo. Todavia, nós, do DoPeregrino.com, fizemos uma adaptação para o formato de conteúdo de internet e aplicamos a sumarização com o objetivo de facilitar a navegação por seções, bem como a leitura; isto se dá, tão somente, em seções que foram intituladas para tematizar aquele determinado bloco; queremos destacar que esses títulos temáticos não se encontram na obra original.
Todas as notas de rodapé são extraídas da obra original, exceto se for encontrada a sigla N.R (Nota do Redator). Devido a isso inevitavelmente haverá, em assuntos que já tratamos aqui no site, certa redundância; todavia preferimos assim para manter a linha de raciocínio do autor assim como do estudo.
Sumário
O Risco da GueHenna de Fogo
CAPÍTULO 12
Argumento da Ofensa a um Irmão
Baseado em Mateus 5.22
“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu de Sinédrio; e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno”.
[Mateus 5.22 – arc].
Friends, este é um argumento muito usado por alguns da igreja para advogar a perda da salvação, pois dizem que esta passagem foi dirigida para os discípulos, então, reconhece-se que este que maltrata e ofende seu irmão com palavras é um salvo que pode perder a salvação e ser lançado no fogo do inferno.
Isso é uma forma muito errada de analisar o texto, e, infelizmente algumas traduções da Bíblia colaboraram para este engano.
Primeiro temos que analisar que a palavra traduzida para fogo do inferno ou inferno de fogo como está na arc, não deve ser avaliada pelo prisma do local de condenação do lago de fogo, conforme Apocalipse 20. A palavra original vem de um termo cujo teor é de origem hebraica, que significa o “Vale de Hinom” e que no grego está vertido para Gueenna — γέεννα — definitivamente os que sabem ler a Bíblia perceberam que este termo tem significado especial; realmente tenho que admitir que a palavra atribuída é para discípulos neste caso os representantes da igreja de Deus, não é uma palavra para não salvos, definitivamente é endereçada aos salvos.
Alguns irmãos insistem que este tipo de advertência não pode ser aplicada à igreja de Cristo, e sim aos judeus, dizendo que a passagem aparece no Evangelho de Mateus, algo como, ainda, um período pertinente aos judeus devido aos costumes da Lei e porque a igreja somente seria iniciada, posteriormente, em Atos 2. É imperativo discordar dessa ideia falsa, uma vez que, o Senhor, no final do próprio Evangelho de Mateus, diz para fazer discípulos de todas a nações — isto, claro, não se refere aos judeus — “ensinando-os a guardar tudo o que tenho dito”, ora se é para guardar tudo o que Ele disse, então, suas palavras simplesmente não podem ser colocadas nos lombos dos judeus ou escolher a parte boa para a igreja e a parte ruim para os judeus. O Senhor disse para ensinar a guardar tudo o que Ele disse, isso inclui Mateus 5.22. Não cabe mais discussão aqui.
Quanto à passagem ser endereçada à igreja, também é muito clara, pois, é o sermão da montanha, a multidão havia ficado na planície só os discípulos subiram, então Jesus não estava ensinando parábolas para somente os que tivessem ouvidos destampados pelo Espírito e entendessem, não, pois não havia mistérios em Suas palavras, Ele estava ensinando verdades acerca do Seu Reino e da vida corporativa de Sua Igreja que ainda viria ser uma realidade; logo, este que chamou seu irmão de louco é alguém da igreja, e o fato dele ir para o fogo do inferno, também, se refere a alguém da igreja, isso não tem como negar.
Mas temos que entender também que o sangue do Cordeiro que foi derramado, nos comprou e nos justificou, Paulo diz que Cristo se fez pecado para que nos tornássemos justiça de Deus (2Co 5.21); a mesma probalidade de Cristo ter sido feito pecado e de isto ter sido real e completo é a mesma de que nos tornássemos justiça de Deus de maneira real e completa
Como justiça de Deus, não podemos, simplesmente perecer no lago de fogo depois de chamarmos nosso irmão de louco ou moré1
Eu sei que é muito sério acusar algum irmão nosso de renegado ou rebelde, mas não seria de forma alguma essa a maneira de condenar um cristão salvo ao lago de fogo. Seria esse tipo de atitude a única maneira encontrada na Bíblia de superar o Calvário de Cristo? Jesus queria mesmo dizer que pereceríamos por ofender um irmão?
Imagino que alguns irmãos já devem ter excedido em suas discussões entre marido e mulher, em algum momento tais ofensas poderiam ser algo semelhante ao que lemos, se assim o for poderíamos perder a salvação pela manhã e depois a recuperaríamos à tarde se arrependendo e pedindo perdão à mulher ou ao marido, isso me parece extremamente estranho, poderíamos perder e recuperar a salvação várias vezes no dia, além disso poderíamos dizer facilmente que quem nos salva é Cristo, mas, também meu cônjuge e também eu mesmo por me colocar à disposição do arrependimento, eu teria pelo menos três salvadores.
Cristo se fez pecado por nós isso foi tão real que Ele foi massacrado em um madeiro, Ele foi moído pelo Pai, mas a Bíblia nos diz que ele ao se fazer pecado nos tornou n’Ele justiça de Deus, Ele em nós se tornou pecado, vindo à semelhança de homem tomando nossos pecados naquela Cruz, nós n’Ele nos tornamos justiça de Deus. Isso é muito profundo, Deus olha para Seu Filho e nos vê em Seu Filho justificados, negar esse fato é negar que Jesus se tornou pecado vindo a nós em semelhança de homem.
Como agora sendo justiça de Deus posso perecer sendo lançado no lago de fogo chamando meu irmão de louco ou — melhor dizendo — rebelde?
Essa conta não pode fechar à luz da Bíblia, tem que haver algo aí, uma peça que não está bem encaixada no nosso entendimento.
E de fato há esta peça, simplesmente, o Senhor estava dizendo a discípulos, portanto, são salvos esse público que o Senhor se dirige. Quanto à gueenna, neste caso, não é a segunda morte ou a condenação eterna, nesta porção a gueenna é um pedaço da segunda morte com fins de depuração, isto é, disciplina dos filhos de Deus em morte. Como o Senhor não pode condenar um filho de Deus, pois haveria injustiça nisso, afinal fomos feitos justiça de Deus2, Ele pode nos corrigir e nos educar a ter o comportamento familiar do dono da casa [Lucas 13.25 ].
Notemos uma passagem crucial para melhorar esse entendimento:
“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas o tal será salvo, todavia, como através do fogo”. [1Coríntios 3.15 – TB].
Essa passagem que lemos fala de uma pessoa que falhou na obra, se você ler o contexto, perceberá que alguns discípulos edificaram sobre o fundamento que é Cristo com alguns materiais diferentes nesta obra; alguns usaram: ouro, prata e pedras [preciosas]; outros: madeira, feno e palha.
Parece que haverá um julgamento específico para avaliar essa obra, e o elemento de avaliação é o fogo que podemos ver nos versículo 13, vejamos:
“Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque ele é revelado em fogo; e qual seja a obra de cada um, o próprio fogo o provará”. [1Co 3.13 – TB; grifos meus].
O fogo é o elemento de prova, pois o fogo aqui passa a ideia de teste e de purificação, teste porque avalia o material, se o material resistir ao fogo, prova-se ser de boa qualidade, por isso que ele além de testar, purifica; pois o fogo é um elemento de poder que remove impurezas, tudo aquilo que resiste ao fogo é saudável, assim o ouro, a prata e as pedras preciosas resistiram ao teste do fogo, mas seguramente a madeira, o feno, e a palha foram consumidos por ele.
Aqui chegaremos em um ponto de fundamental importância que provará por esta passagem que o objetivo daquele dia, daquele evento, não é condenar, mas aplicar a recompensa aos santos que praticaram a obra correta no fundamento. Vejamos:
“Se permanecer a obra do que a sobre-edificou, este receberá recompensa.” (1Co 3.14).
Note my friends, que se a obra permanecer este que edificou corretamente receberá recompensa, afinal somente uma pessoa já salva teria condições de receber alguma recompensa, além disso salvação não é uma recompensa é uma dádiva. Se for recompensa eu tenho méritos e de fato se é uma recompensa o Senhor precisa que eu me esforce, que eu responda para que eu seja salvo, mas a Bíblia nunca nos ensinou que a salvação do espírito é uma recompensa dada aos homens segundo suas obras, isso nunca apareceu no Novo Testamento, gostaria que algum irmão ou irmã, me mostrasse ao menos uma passagem onde é dito que recebo vida eterna por minhas obras ou que minha salvação é uma recompensa.
Aqui está a peça que faltava para encaixarmos; o versículo 15 diz: “…será salvo todavia como através do fogo”. O que é ser salvo através do fogo?
Esse dia é o julgamento de Cristo que começa com a casa de Deus [1Pedro 4.17], alguns serão aprovados e segundo o versículo 14 o tal receberá recompensa, mas temos que fazer o contra-ponto, ou seja, e o que falhar? O que agiu errado na obra que edificou sobre o fundamento, ele, certamente, não receberá nenhuma recompensa, mas o santo Apóstolo vai mais além em sua revelação, diz que ele sofrerá “dano”; muito provavelmente esse dano aponta para o fogo, no entanto ele não perde a salvação, pois nenhuma criatura que foi salva pode perder a salvação. Então, o que lhe resta já que falhou, mas é eternamente salvo? Ser disciplinado através de um fogo. Não lhe chama a atenção que aquele — mencionado em Mateus 5.22 — que havia chamado seu irmão de moré ter sido lançado na gueena de fogo, com a tradução de muitas bíblias vertendo para inferno de fogo?
Todavia será salvo, como que através do fogo — ou passando pelo fogo —; além de ter o prejuízo da perda da recompensa.
Que fogo é esse? Não me cabe aqui interpretar a literalidade deste fogo, mas admito que o fogo será para purificação como foi para testar a pureza dos materiais usados na obra, se ele foi o instrumento de Deus para testar a pureza, também o será para provocar a pureza.
Sei que podemos aprofundar muito esse tema acerca da guehenna de fogo para os discípulos, mas vamos deixar isso mais adiante na seção em que falaremos com mais detalhes acerca da “Disciplina dos filhos de Deus”, aqui foi o suficiente para entendemos que aquele que chamou seu irmão de moré não foi condenado a perdição eterna, ele não pereceu, mas foi disciplinado pelo fogo, contudo será salvo.