Salvação Eterna, Série: Isso Não Vem de Vós – Sem Santificação Ninguém Verá o Senhor – Hebreus 12.14
Excerto extraído (mais precisamente o capítulo 17) de uma obra denominada “Uma Salvação e Um Fogo”, ainda a ser publicada. Também faz parte da coleção Salvação Eterna Isso Não Vem de Vós, cuja primeira coleção já foi publicada em formato e ebook-kindle, você pode adquir por esse link aqui.
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UMA NOTA EXPLICATIVA
O texto utilizado segue fielmente o material original de estudo. Todavia, nós, do DoPeregrino.com, fizemos uma adaptação para o formato de conteúdo de internet e aplicamos a sumarização com o objetivo de facilitar a navegação por seções, bem como a leitura; isto se dá, tão somente, em seções que foram intituladas para tematizar aquele determinado bloco; queremos destacar que esses títulos temáticos não se encontram na obra original.
Todas as notas de rodapé são extraídas da obra original, exceto se for encontrada a sigla N.R (Nota do Redator). Devido a isso inevitavelmente haverá, em assuntos que já tratamos aqui no site, certa redundância; todavia preferimos assim para manter a linha de raciocínio do autor assim como do estudo.
Sumário
A Santidade Participativa
CAPÍTULO 17
Argumento da Santificação para ver Deus
Baseado em Hebreus 12.14
“Segui a paz com todos e aquela santificação sem a qual ninguém verá o Senhor”
[Hebreus 12.14 – tb].
Alguns irmãos usam esta passagem para dizer que a salvação está vinculada à santificação do discípulo, pois, sem ela o cristão não poderá ver o Senhor. Entendem que ver o Senhor se refere a algum momento do pós morte onde o filho de Deus poderá encontrar-se com o Senhor no céu e assim vê-lo.
Senhor, aqui, pode ser tanto o Pai quanto o Senhor Jesus, ou ambos. Podemos anexar especialmente ao Pai, sem problemas, porque na nossa tríade de interpretação (contexto, fato e princípio) que já estudamos, temos que salientar o contexto, e a palavra Senhor se refere ao Pai (Hb 12.6, 7), pois ele educa [bj] (disciplina, outras versões) aquele que Ele ama. O fato do qual não podemos negar, de nenhuma forma, é que não poderemos ver o Senhor Jesus tampouco o Pai se a santificação comum dos filhos de Deus não tiver atingido sua plenitude.
Temos que entender que ver Deus não é tarefa simples, isso não cabe em apenas ser salvo.
Uma visão do Senhor é algo potente e absurdamente grandioso, não quero aqui atenuar a expressão.
Alguns irmãos, entendendo a dificuldade, para suavizar o problema e defenderem que a salvação é eterna, dizem que se trata de uma visão terrena. Uma capacitação para perceber Deus aqui na terra de um modo indireto; e, portanto, aquele que não se santifica não pode adquirir essa habilidade.
Contudo, é um fato, veja bem, não estamos exatamente falando do contexto, mas de fatos, que indicam, claramente, que a disciplina é aplicada somente a filhos; portanto, pessoas que não nasceram do Espírito de forma alguma podem ser disciplinadas.
O que quero dizer é que já vimos em argumentos anteriores como o 12 e o 131, que há uma disciplina para o discípulo de Jesus, que inicia no dia que ele é feito filho de Deus e segue até mesmo depois de sua morte. E, para que?
De acordo com o autor de Hebreus tais disciplinas nos filhos de Deus são para que eles participem, justamente, da Sua santidade. Vejamos:
“Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.”
—Hebreus 12.10 – ara.
A disciplina executada por Deus tem por objetivo nos levar à santidade, e a santidade visa nos levar à visão de Deus em sua glória, mas por quê? Porque ela é o elemento que capacitará a ver Deus pela ressurreição do corpo; isso é algo para o futuro não para o presente, por isso que o argumento de que se refere a uma visão espiritual ou percepção de Deus em tempo presente em nossa jornada neste corpo caído não faz qualquer sentido.
O autor de Hebreus ao se referir esse evento poderia fundamentar o exato momento desta experiência, qual? Que com santificação eu vejo Deus. Assim, ele indicaria o tempo dessa manifestação. Contudo, pela veracidade de estar no futuro, como de fato está: “verá o Senhor” (Hb 12.14c), ele não o fez. Pois, para fazer ele deveria usar o tempo presente. Isso Indica que o momento dessa experiência beatífica não é para agora.
O princípio teria que atestar que se a referência é o presente momento, então o texto deveria ser vertido respeitando este princípio, ficando assim: “Sem santificação ninguém vê Deus”. A expressão no aspecto verbal futuro se refere primeiro a uma condicional – ter santificação – segundo – a um evento futuro – verá Deus. Portanto, o argumento de que isto se refere a uma visão espiritual do Senhor, ou uma percepção no tempo presente, perde a sua força.
A santificação do crente não serve para nada em relação à salvação do seu espírito, vamos repetir o quanto for necessário: a salvação é pela graça.
Não é e nem foi por causa da minha santificação, mas foi pela santificação de nosso Senhor, que sou salvo da ira de Deus. Cabe somente aos méritos do meu Substituto; d’Aquele que pagou pelos meus pecados.
Entretanto, não posso ter uma vida displicente depois de me achegar a Deus, tanto é que Ele próprio me castiga, me corrige e me disciplina para que eu participe de Sua santidade.
Vale lembrar que esta santidade não é natural não é da vida natural, não é de minhas escolhas, de minhas habilidades ou de minhas caridades. Esta santidade é do próprio Deus e só posso participar dela por meio de disciplina e correção. Ela não depende de mim e nem mesmo de minhas escolhas, é o ato divino garantindo uma completa desassociação de tudo aquilo que corrompe os valores e princípios da família de Deus.
Somos quebrantados constantemente pelo Senhor para que nos ajustemos à Sua Vida; nada nosso importa para Deus, portanto, temos que aprender essa lição básica da fé: que nossa vivência no nosso corpo deve ser experimentada com fé no Filho de Deus (Gl 2.20-21).
Porém, a despeito da nossa fé para viver a vida do Filho de Deus, Deus o Pai nos ajusta o tempo todo de acordo com seu código familiar, pois este ajuste chamado de disciplina pelo autor de Hebreus é para que participemos de algo em comum da família que é esse padrão estabelecido pelo Pai o qual é chamado de “aquela santidade” (v.14 – tb).
Por causa disso eu tenho uma garantia total da parte de Deus que serei santo; se eu cooperar com sua disciplina eu terei essa santidade mais rápido; se falhar nisso ainda mesmo depois da morte o Senhor lidará comigo. Entretanto, haverá um ciclo final desse processo familiar onde Deus me garantirá seja por cooperação minha aqui no tempo presente, ou não, minha completa santidade.
Agora disciplinado e respondendo bem ao quebrantamento do Espírito Santo, passo a participar da santidade de Deus; essa marca permitirá no Dia da Manifestação do Senhor que eu seja ressuscitado2, mas por que devo ser ressuscitado?
Porque este é o propósito da nossa glorificação, e tem mais um porquê, esta glorificação me dará um corpo místico, confeccionado com poder, estrutura, composição e energia espirituais, tão potente que nem mesmo centenas de milhares de bombas atômicas e nucleares explodindo, ao mesmo tempo, sobre ele, poderiam sequer arranhá-lo. É com este corpo que posso agora ver Deus.
Ao passo que nossa alma no Hades – numa condição do pós morte – é uma constatação da nossa nudez. De acordo com Paulo ao morrermos e desencarnarmos, estamos na verdade nus (2Co 5.2,3), esta nudez fala da falta de um revestimento importante que a manifestação do corpo glorioso que Jesus prometeu que seus servos teriam, assim como o d’Ele, na ressurreição de entre os mortos e na ressurreição dos mortos (do último dia), resolve.
Agora, com esse corpo um filho de Deus pode aparecer na presença d’Ele e vê-lo. A ressurreição não é baseada apenas nos méritos de Jesus Cristo conquistados na cruz, na verdade ela é possível por causa dos méritos do Senhor, mas ela está relacionada à santificação de todos os crentes para se concretizar.
“Você quer dizer que todos os crentes serão santificados, mesmo os que falharam em sua santificação na era presente, mesmo o irmão adúltero de Corinto seria ressuscitado?”3 COM TODA CERTEZA!
Não há nada que você possa fazer depois de ter sido regenerado pelo Espírito Santo para não ser santificado. A única questão que fica em jogo é o tempo disso acontecer; se você colaborar com o Parácleto4, você participará no tempo mais apropriado desta santificação, o hoje; caso contrário, a disciplina de Deus te beijará na morte e fará o seu trabalho até que tudo esteja depurado e você seja devidamente ressuscitado.
A ressurreição vem da santificação. Assim, até que o discípulo esteja devidamente santificado ele não poderá ver Deus.
“Bem-aventurado e santo, o que tem parte na primeira ressurreição” (Apocalipse 20.6, grifos nosso).
Os termos especiais: “bem-aventurado” e “santo”, não são formas de interjeição ou uma palavra comemorativa; tais, indicam, na verdade, que tipo de pessoas eram aqueles ressuscitados da Primeira Ressurreição.
Bem-aventurado. Se refere ao Sermão do Monte, onde o Senhor concentra toda a sua atenção no modo de vida de seus discípulos. É onde o código da família de Deus é apresentado.
Santo. É a referência dos que participaram da santidade da disciplina dos filhos de Deus; aquela que representa a educação em família do Dono da Casa (Lucas 13.25).
A soma de ambos episódios resulta naquele que foi encontrado digno de ser ressuscitado, ou seja, os que foram santificados pelo Pai por meio da disciplina para se amoldar ao código de conduta dos bem-aventurados do sermão do montanha.
Este é todo o contexto e o entendimento de Hebreus 12.14. Ver Deus neste caso se refere às condições que os filhos de Deus terão até chegar o último dia, onde todos eles estarão devidamente santificados e prontos para serem glorificados após a ressurreição, e por fim verem a Deus.
Isto não é nem de longe, tampouco de perto, algo relacionado a ser salvo ou condenado.
De outro modo a salvação se basearia nas obras de santificação de um irmão ou uma irmã, isso não pode ser construído de acordo com o Design da Redenção que diz que quem nos salvou foi Cristo, “isto não vem de vós” (Ef 2.8). Embora as obras importam e certamente serão uma resposta ao trabalho do Espírito Santo em nós, elas não servem para nos salvar (Ef 2.9). Nossa salvação que nos deu vida eterna é única e exclusivamente obra do nosso bendito Substituto.