NOTA

1– Este conteúdo foi extraído e traduzido diretamento do livro: “The Communion of the Holy Spirit”, mais precisamente o capítulo 1.

O Poder e Ressurreição, O Espírito Santo e a Igreja

O que significa poder de ressurreição? Qual é o depósito autorizado na terra que o detém? Neste breve estudo de Watchman Nee podemos extrair riquezas insondáveis desse planejamento divino em finalizar o homem que havia sido iniciado no Éden e, portanto, agora, finalizado no Calvário. Leia até o final e se impressionará com o tamanho arranjo de Deus para encontrar O Primeiro Homem normal na terra e por meio d’Ele o poder de ressurreição ser a experiência mais sublime a ser provada.

O Poder de Ressurreição

Na Bíblia, podem ser encontrados três temas principais: ressurreição, o Espírito Santo e a Igreja. Esses três não podem ser compreendidos com a mente humana porque estão muito além de sua compreensão. Nem podem ser explicados por palavras de homens. Esses três dependem inteiramente do que o Espírito do Senhor nos permite ver.

Para conhecê-los, devemos começar com Gênesis. Sabemos que, quando o homem foi criado pela mão de Deus, ele era perfeito, porém, ainda incompleto.

O restante criado era tanto perfeito quanto completo. Somente o homem era perfeito, mas não completo. O fato de que, depois de criar o homem, Deus o colocou diante da árvore da vida e da árvore da ciência do bem e do mal, para deixá-lo escolher entre elas, prova que a criação do homem por Deus ainda estava inacabada. Aos olhos de Deus, o homem estava incompleto, pois ainda não podia distinguir entre o certo e o errado. Ele ainda precisava da vida de Deus, representada pela árvore da vida.

Uma vez que o homem foi feito do pó, ele ainda precisava acrescentar a vida de Deus em si. De fato, quando o homem foi criado, ele estava vivo, mas não tinha a vida de Deus. Esse passo final deveria ser dado pelo próprio homem. Ao tomar a vida de Deus, representada pela árvore da vida, ele seria totalmente completo. Entretanto, em vez de comer da árvore da vida, ele comeu da árvore do conhecimento do bem e do mal. O homem tomou a escolha errada, e assim atrasou a obra de sua completude.

Por essa razão, o homem não alcançou seu nível mais elevado. Aos olhos de Deus, o homem estava completamente faltoso. Portanto, todo o Antigo Testamento — desde o capítulo um de Gênesis ao último capítulo de Malaquias — fala da obra prolongada da criação de Deus. Pois, por melhores que fossem Abraão, Isaque, Jacó, Davi e outros, aos olhos de Deus todos eram incompletos porque não alcançaram Seu plano original da criação. Embora tivessem a semelhança de Deus, não tinham Sua imagem (semelhança é aparência exterior, enquanto imagem é natureza e caráter interiores).

Assim, durante os quatro mil anos seguintes, Deus continuou com Sua obra de criação do homem. Ao mesmo tempo, Deus não fez mais melhorias em todas as outras coisas criadas. Ele não criou flores, pássaros, cavalos e outras coisas superiores depois disso, pois essas foram criadas perfeitas e completas desde o início.

Nelas não pode haver mais aprimoramentos, apenas o homem permanece incompleto. Em Gênesis, está registrado que Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (1.26a). O homem foi criado à imagem de Deus e conforme a Sua semelhança. “Semelhança” refere-se à forma externa; não se refere à qualidade interna.

Adão, quando criado, tornou-se uma alma vivente. Ele não tinha o Espírito de Deus nele. Portanto, nesse estágio, ele estava inacabado e incompleto. Adão ainda precisava do próprio Deus para ser sua natureza interior, conforme representado pela árvore da vida.

Desde o início de Gênesis até o tempo do Senhor Jesus, ninguém jamais havia alcançado o padrão exigido por Deus para o homem. Adão parecia com Deus em aparência, mas não era como Deus em caráter. O efeito de sua queda foi “ficar aquém da glória de Deus” (Rom. 3.23), assim perdendo a imagem de Deus. E é desta forma com todos que seguiram Adão.

Antes do nascimento de nosso Senhor Jesus, não havia uma pessoa normal neste mundo. Não importa o quanto os sábios do passado se disciplinassem ou fizessem melhoramentos, eles falhavam em alcançar esse objetivo. Todos ficaram aquém diante de Deus.

É por isso que podemos entender a diferença entre o Antigo e o Novo Testamentos. O Antigo Testamento mostra que o homem não alcançou o propósito de Deus, enquanto o Novo Testamento nos diz que o homem desejado por Deus agora está completo.

Graças a Deus, o homem que Ele ansiava, mas que nunca havia visto na terra, agora é apresentado no Novo Testamento. Esse homem, claro, é Cristo. Aquele que Deus buscou por tantos anos é finalmente encontrado na pessoa do Senhor Jesus.

O Senhor Jesus é o verdadeiro homem típico e normal. Ele não representa os homens, mas é em si mesmo o homem representante. Ele é o Homem que Deus sempre desejou encontrar.

Ressurreição

1. A Necessidade da Ressurreição.

Quando o Senhor Jesus esteve na terra, Ele era perfeito em caráter, mas não absoluto em poder. O poder de nosso Senhor era contido. Portanto, Seus trinta e três anos de vida na terra seriam incompletos a menos que Ele fosse ressuscitado. Isso está além da nossa compreensão, mas é um evento tremendo que exige revelação. Por que o Senhor precisava ser levantado dentre os mortos? Porque, durante Seus dias na terra, Ele estava limitado pelo tempo e espaço. Para as pessoas O encontrarem, elas precisavam ir até a Sua presença.

Elas poderiam até precisar descobrir o telhado de uma casa para chegar até Ele (veja Marcos 2:1-4). Elas tinham que atravessar a multidão para simplesmente tocar Suas vestes (veja Marcos 5:24-27). O centurião romano foi uma exceção. De todos os homens, somente ele teve uma fé “sem multidão”.

O Senhor a elogiou como “tão grande fé”, pois ele apenas pediu uma palavra de cura do Senhor Jesus quando seu servo adoeceu. E quando o centurião professou sua fé ao reconhecer que o Senhor estava além da limitação do tempo e do espaço, seu servo foi curado instantaneamente (veja Lucas 7:1-10).

Esse centurião teve revelação.

Como o Senhor havia sido concebido e nascido do Espírito Santo (veja Mateus 1.20, Lucas 1.35), Ele havia atingido em caráter o ápice do homem criado por Deus. Mesmo assim, Seu poder, todavia, estava restrito; e, portanto, havia a necessidade de ressurreição.

2. Na ressurreição Deus obtém o Homem representativo.

Agora veremos o que é a ressurreição. Ressurreição significa que Deus obteve o homem representativo: “Tu és meu Filho, hoje te gerei” (Hebreus 1:5). De acordo com Atos 13:33-34, essa mesma palavra é citada no contexto da ressurreição do Senhor Jesus. O significado da ressurreição é que Jesus, o homem típico, não está mais sujeito a nenhuma limitação.

Ele viverá para sempre. Sua ressurreição transcende todas as barreiras naturais. Segundo 1 Pedro 1.3, somos regenerados “para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos”. Enquanto o Senhor estava na terra, havia a possibilidade de morte. Após Sua ressurreição, no entanto, a morte foi destruída por Ele. Ele agora vive para sempre. A partir de então, tanto o poder da morte quanto a possibilidade de morte estão totalmente esmagados.

Aleluia! Por quatro mil anos, Deus trabalhou no homem. Mas, então, Ele obteve finalmente o homem que ansiava. Deus disse ao Senhor Jesus: “Tu és meu Filho, hoje te gerei” (veja Hebreus 1.1–5, Atos 13.33–34, Salmo 2.7). Deus declarou isso na ressurreição do Senhor Jesus.

Quando o Senhor nasceu em Belém, Deus não havia dito isso. Somente quando Ele foi ressuscitado dentre os mortos, Deus declarou com alegria: “Tu és meu Filho, hoje te gerei.” Assim, vemos que na ressurreição do Senhor, Deus possui finalmente o Homem segundo o Seu coração.

3. A ressurreição eliminou a limitação de tempo e espaço.

O que é ressurreição? Ressurreição é a superação de todas as restrições por uma pessoa, até mesmo a superação mais forte de todas elas, que é a morte. Na ressurreição, Jesus rompe todas as barreiras. O Novo Testamento menciona várias vezes a ressurreição de mortos — como no caso do único filho da viúva de Naim (Lucas 7:11-15); da filha de Jairo, um dos chefes da sinagoga (Mateus 9.18–25, cf. Marcos 5.22); e de Lázaro (João 11).

Contudo, mesmo no caso de Lázaro, é apenas uma reanimação ou o retorno da alma. Ele ainda estava envolto em faixas mortuárias que precisavam ser removidas para que ele, por fim, pudesse andar. E Lázaro, como os outros, eventualmente teve que morrer novamente. Somente a ressurreição do Senhor Jesus é de um tipo que não é tocada pela limitação da morte. Ele ressuscitou e não morre mais. Em todo o registro da Bíblia, apenas o Senhor é verdadeiramente ressuscitado.

Quando o irmão T. Austin-Sparks, da Inglaterra, falou sobre a ressurreição do Senhor, ele disse algo muito interessante:

“em relação ao Senhor ressuscitado, não há ‘vir’ nem ‘ir’, pois ninguém sabe de onde Ele vem, nem sabe para onde Ele vai; Ele simplesmente aparece e desaparece quando quer; assim, Ele não vem, Ele aparece; Ele não vai, Ele desaparece”.

O problema não está em Ele vir e ir, mas sim em nossa capacidade de vê-Lo ou não.

No relato de João 20, somos informados que, na madrugada de Sua ressurreição, o Senhor Jesus disse a Maria Madalena: “Não me toques” (vv. 16–17).

Isso porque Ele agora é diferente do que era antes. Quando Ele disse a Tomé para tocar Seu lado, isso se tornou para ele uma questão de fé. Jesus queria que Tomé O tocasse com fé.

Tocar o Senhor ressuscitado pela fé O torna acessível. Em relação ao Senhor ressuscitado, a revelação, está além de vir ou ir.

As maiores limitações do homem são o tempo e o espaço. No entanto, nenhuma dessas limitações pode restringir o Senhor. A ressurreição transcendeu todas as restrições. Aleluia, hoje o nosso Senhor Jesus é absolutamente ilimitado. Se vivermos no Espírito Santo, podemos tocar o Senhor. O Senhor está em nosso meio. Todas as obstruções foram eliminadas.

Após Lázaro ter dado seu último suspiro, o Senhor Jesus começou Sua viagem de volta à Judeia, vindo do outro lado do rio Jordão. Quando Ele finalmente chegou à casa de Lázaro, Marta disse a Ele: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido”.

O Senhor respondeu: “Teu irmão há de ressuscitar”. Ela respondeu: “Eu sei que ele há de ressuscitar na ressurreição, no último dia”. Jesus então replicou imediatamente: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá… Crês isto?” (João 11.1–26). O que o Senhor quis dizer aqui é: “Eu sou o último dia! Se você crer, verá a ressurreição agora. Onde Eu estou, o tempo não existe, nem há o último dia”. No que diz respeito à ressurreição, não há fator de tempo. Fora da ressurreição, o tempo é um grande problema. Mas, com a ressurreição, o tempo deixa de ser uma questão, pois ela não é limitada pelo tempo.

4. O poder da ressurreição é o supremo poder.

A maior restrição na terra é a morte. Não há nada que não esteja sob seu controle. A morte é a limitação de todos os seres vivos. Mas em Sua ressurreição, o Senhor Jesus destrói a restrição mais potente, a restrição da morte. Embora a morte seja a maior limitação, a ressurreição prevalece sobre ela. A ressurreição, portanto, de fato, é o maior poder. Se tocarmos o poder da ressurreição, podemos facilmente cobrir, por exemplo, toda a China com o evangelho do reino.

O Espírito Santo

1. Transmite o Senhor ressuscitado.

O que dizer do Espírito Santo? Quando Pedro pregou o evangelho aos judeus, ele disse: “Exaltado, pois, pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, ele [Cristo Jesus] derramou isto que vedes e ouvis” (Atos 2:33). A ressurreição coloca o Senhor à direita de Deus; e enquanto Ele está sentado à direita do Pai, Ele derrama o Espírito Santo. Assim, o poder do Espírito Santo também é o poder da ressurreição. Isso significa que, no Espírito Santo, o Senhor derrama a ressurreição junto com o poder de Sua ressurreição. Portanto, quem toca o Espírito toca a ressurreição. Assim que uma pessoa está no Espírito Santo, ela toca o Senhor ressuscitado. O Espírito Santo testifica a ressurreição do Senhor.

Quando o nosso Senhor estava na terra, alguns se reclinavam em Seu peito, alguns O beijavam, outros O apertavam, e alguns recebiam coisas de Suas mãos. Ele lavava os pés das pessoas e tocava suas mãos. Naquela época, embora as pessoas pudessem tocar o Senhor, seu toque era muito inferior ao nosso hoje. Pois já não estamos mais limitados por tempo e espaço. Hoje, o Senhor ressuscitado está no Espírito Santo. O que vemos hoje supera em muito o que foi visto antes. A Igreja conseguiu continuar por dois mil anos devido à visão clara do Senhor dentro dos homens. O que vemos externamente pode não ser tão claro quanto o que foi visto no tempo dos Evangelhos; no entanto, internamente, o nosso conhecimento do Senhor supera o daquela época. No momento em que estamos no Espírito, tocamos imediatamente o Senhor.

A principal obra do Espírito Santo é transmitir o Senhor ressuscitado a nós. Ele não nos transmite o Cristo conforme registrado nos Evangelhos; Ele nos transmite o Cristo ressuscitado.

Quando as pessoas encontravam o Senhor enquanto Ele estava na terra, elas podiam apenas comentar sobre Sua altura, Sua sabedoria e Sua aparência. Alguns poderiam dizer, em determinado momento da vida terrena do Senhor, que Ele tinha apenas doze anos ou que tinham visto Seus irmãos na carne. Mas agora, no Espírito Santo, já não estamos mais limitados por tempo e espaço, e o que tocamos é o Cristo que transcende o tempo e o espaço.

2.O poder de ressurreição está no Espírito Santo.

O Senhor transcende todas as restrições. O Espírito Santo vem para tornar evidente o Cristo transcendente. Se alguém declara que conhece o Espírito Santo e, apesar disso, não conhece o Cristo que transcende tudo, ele não conhece o Cristo que está no Espírito Santo.

Pois o poder da ressurreição está no Espírito Santo. Efésios 1.21 declara que o Cristo ressuscitado está “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste mundo, mas também no vindouro”. Deus fez com que o Senhor ressurreto se assentasse à Sua direita e O fez transcender tudo o que é conhecido e desconhecido pelos homens.

Tudo o que pode ser nomeado foi superado pelo Senhor, não apenas neste mundo, mas também no mundo vindouro.

A ressurreição rompe todas as barreiras. Normalmente, apenas o que é eterno transcende tudo. Mas Deus planeja permitir que o mortal também transcenda. A obra do Espírito Santo hoje é revelar esse poder da ressurreição em nós. Devemos reconhecer que o Espírito Santo é o Espírito da ressurreição. O Espírito que transcende tudo é o Espírito Santo.

A Igreja

1. Transmite o Senhor ressuscitado.

Vamos falar sobre a Igreja. O que é a Igreja? A Igreja significa que o Senhor é a Cabeça e nós somos o Corpo. Qual é, então, a relação entre a Igreja e a ressurreição? Qual é a relação da Igreja com o Espírito Santo?

Efésios 1.19-20 fala da suprema grandeza do poder que Deus exerceu em Cristo quando ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos. Entretanto, é na Igreja que esse mesmo poder também opera. Vamos observar a palavra “segundo” no versículo 19: “e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder”. Em outras palavras, a suprema grandeza do poder de Deus, que opera em Cristo, também opera em nós, a Igreja. O poder grandioso que a Igreja está experimentando agora é o mesmo que Cristo experimentou.

A Igreja e Cristo não são apenas iguais em natureza, mas também em poder. Caso contrário, a Igreja estaria vazia. A maneira pela qual Deus rompeu todas as limitações em Cristo é a mesma, pela qual Deus capacitará a Igreja a romper todos os bloqueios.

Portanto, a Igreja hoje deve ter o mesmo poder e desfrutar da mesma liberdade, sem ser inibida por nada, assim como o próprio Senhor ressuscitado. Caso contrário, não pode ser considerada a Igreja. O supremo poder de Deus não opera apenas em Cristo; ele continua a operar hoje também na Igreja. A Igreja é o reservatório do poder da ressurreição hoje. Esta é a Igreja. Nada menos que isso é aceitável. A Igreja é o corpo de Cristo; portanto, não deve ficar aquém desse supremo poder.

Em seguida, Efésios 1.22-23 declara que Deus não apenas ressuscitou Cristo dentre os mortos e O fez estar acima de tudo, mas também que Deus “sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja”. Jesus ressuscitou e foi glorificado. Ele não é mais o humilde Nazareno; Ele é o Cristo vencedor. Hoje, todas as coisas estão sujeitas a Ele. Enquanto estava na terra, Ele era o homem perfeito. Ele era a Cabeça, mas ainda não a Cabeça glorificada, pois naquela época a possibilidade da morte ainda não havia sido vencida.

Muitos estudiosos da Bíblia tentam encontrar a Igreja nos quatro Evangelhos. Mas a Igreja não pode ser encontrada nos Evangelhos porque o relato ali é de um Jesus que ainda estava limitado. Se a Igreja estivesse relacionada apenas à vida terrena de Jesus, ela seria apenas uma instituição limitada. Pensamos que basta possuir o poder e a autoridade terrena do Senhor, mas Deus declara que isso é insuficiente. Deus conduziu Cristo pela morte e ressurreição e, então, com a vinda do Espírito Santo, depositou esse poder da ressurreição na Igreja.

Hoje, a Igreja recebe seu suprimento de poder em Cristo, que está exaltado e glorificado. Portanto, não há problema que a Igreja não possa resolver, nem tentação que a Igreja não possa vencer. Pois o poder da Igreja é o poder da ressurreição de Cristo — o mesmo poder que sujeita todas as coisas debaixo de Seus pés. O poder da Igreja não é menor do que o poder que foi manifestado em Cristo.

Quando Cristo estava na terra, não havia Igreja, pois Ele ainda não havia sido ressuscitado e tudo ainda estava sob restrição. Após Cristo ter sido ressuscitado dos mortos, ascendido ao céu e derramado o Espírito Santo, a Igreja nasceu. O Senhor ressuscitou, então a Igreja torna-se o corpo de Cristo, sendo preenchida com a natureza do Cristo ressuscitado e tornando-se o vaso que o contém.

Cristo é a Cabeça, e a Igreja, como Seu corpo, é a plenitude daquele que enche tudo em todos. Assim como Cristo é, assim é a Igreja. Desta maneira como Cristo não está sujeito a restrições, a Igreja também não está. Não há melhor analogia para descrever Cristo e a Igreja do que a do corpo humano. Nele, a cabeça e todos os membros compartilham uma só vida e possuem uma só natureza. E para ser corpo, todos os membros devem estar presentes. Assim também é com o corpo de Cristo. Posso fazer uma cadeira sem uma perna, mas o corpo de Cristo não pode faltar nenhuma perna, braço ou qualquer outra parte.

O Espírito Santo manifesta o poder da ressurreição de Cristo na Igreja

Nós, crentes, somos feitos para beber de um só Espírito Santo. O mesmo Espírito nos faz ser o corpo de Cristo. Por essa razão, onde quer que duas pessoas na terra toquem a ressurreição de Cristo, o que ligarem será ligado e o que desligarem será desligado (ver Mateus 18.18-20). O mínimo da Igreja é composto por duas pessoas. Se duas pessoas tocam o poder da ressurreição e permanecem no terreno da ressurreição, elas podem comandar todas as situações. Nos tempos antigos, a Igreja era ignorante desse potencial, e, por isso, talvez levasse décadas para fazer algum progresso. Agora que sabemos o que é a Igreja, podemos avançar grandemente. Até mesmo a sua situação pessoal, por mais impossível que pareça, será rapidamente resolvida. Pois a Igreja é o reservatório do poder da ressurreição de Cristo.

Na Prática

De modo prático, cada um de nós já experimentou algo da ressurreição, uma vez que a salvação de qualquer alma é obra da ressurreição. Por outro lado, as pessoas podem sofrer e até morrer como mártires pelo Senhor. Tudo isso é possível por causa do poder da ressurreição.

Primeira Coríntios 15 é um capítulo das Escrituras sobre a verdade da ressurreição. Ele conclui com a palavra: “sempre abundantes na obra do Senhor” (v. 58b), uma obra realizada no poder da ressurreição. É também neste poder da ressurreição que as pessoas carregam a cruz, recebem edificação espiritual, veem alguma luz e alcançam a santidade.

Durante os últimos dois mil anos, essas verdades foram reveladas — aqui um pouco, ali um pouco — até o entendimento atual. Se hoje as pessoas se firmassem sobre este fundamento da ressurreição, haveria um grande resultado. Tenho a impressão de que as pessoas hoje não veem o suficiente da ressurreição do Senhor.

Final

O Senhor é poderoso. Ele transcende todas as coisas e é capaz de derrubar todas as barreiras. E ainda assim, Ele é apenas a Cabeça. O que é maravilhoso é que hoje Deus deseja que sejamos unidos ao Senhor em um só corpo. Este Novo Homem em Cristo está além das restrições e é plenamente capaz de manifestar o poder de Deus.

Oh! Isso é algo tão tremendo. A menos que, em nossos dias, tenhamos essa revelação, não conseguiremos avançar em nosso testemunho. Se recebêssemos um pouco de luz diante do Senhor para enxergar, economizaríamos muito tempo e energia. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e abra nossos olhos para que possamos ver a ressurreição, o Espírito Santo e a Igreja, e a inter-relação entre eles.

Picture of Watchman Nee
Watchman Nee

Watchman Nee foi um influente líder cristão chinês no período anterior ao regime comunista. Sua conversão se deu aos 17 anos. Desde então teve sua vida totalmente dedicada a servir o Senhor e sua Igreja. Seu rico ministério permitiu que se produzisse muito conteúdo que viria mais tarde se tornar livros, dos quais ajudam, até os dias de hoje, inúmeros cristãos espalhados em todo mundo, ao ponto de ser difícil considerar alguém sério no trabalho cristão que não tenha sido influenciado direta ou indiretamente por meio de suas obras.

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Série: Isso não vem de Vós Ep03

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