Conforme é possível observar na ilustração, temos a inauguração da ressurreição de entre os mortos pela ordem: “Primícias”. Jesus é de fato quem pode ser chamado de Primícias dos que adormeceram. O evento é sublime e indicador de que todos os filhos de Deus cedo ou tarde passarão pela mesma experiência.
Mas como podemos observar no gráfico as próximas eventualidades se darão em mais dois períodos, os de Cristo que estarão na Parusia. Tal expressão grega [Παρουσια] pode indicar tanto sua vinda, quanto sua presença; esta segunda ordem é traduzida pelas Bíblias em PT-BR geralmente por “os que são de Cristo“; vale destacar que o verbo ser/estar não está presente no texto original, podendo o texto sem qualquer perda semântica ser traduzido apenas por “os de Cristo” esta saliência é relevante porque o verbo foi usado para conectar o evento da vinda, porque parecia para o tradutor que o conteúdo estava deslocado, e querendo, assim, ajustar a conjectura, indicar que eles eram de Cristo não por ser de Cristo, mas por ocasião da vinda d’Ele; esse detalhe acabaria mudando o peso da expressão que parece indicar, na verdade, uma relação que vai além do evento, ou seja, eles são de Cristo não por estar na esfera de tempo da segunda vinda d’Ele, mas por ter uma relação estreita com seu Mestre. Isto muda tudo, pois a Parusia de Cristo não seria o motivo da ressurreição destes, senão que apenas o evento que manifestaria a ressurreição gloriosa depois das Primícias; se assim o for poderão haver cristãos na ocasião da vinda d’Ele que não experimentarão a ressurreição mesmo estando corretamente na temporalidade do evento, e por não serem pertencentes aos “de Cristo” não seriam glorificados com a ressurreição que em espécie e natureza é a mesma da ordem: Primícias.
Por fim redundantemente temos o fim; os tradutores sentiram uma dificuldade em relacionar este evento com o assunto da ordem da ressurreição, aliás, esse é um dos prováveis motivos dele pertencer ao versículo 24 e não ao 23. Mas precisamos fazer a honesta recorrência do texto original mais uma vez, a expressão geralmente traduzida nas Bíblias PT-BR verte: “então virá o fim“, mais uma vez temos um acréscimo verbal inexistente, no manuscrito grego não existe o verbo, virá, sendo assim, “o fim“, na verdade a terceira ordem de ressurreição, o evento posterior à Parusia.
Mas fim do que? Fim da era corrente, nesta altura se trata do Milênio, portanto, haverá mais uma ressurreição que constará no fim do Reino Milenar para o início do Novo Céu e Nova Terra. Sim, alguns cristãos debaixo dos tratos disciplinares de Deus, sendo aperfeiçoados, serão chamados e porta nenhuma prevalecerá sobre eles, tais serão ressuscitados finalmente para receber o corpo de glória e entrar na Nova Jerusalém.
Por que as três ordens implicam aos filhos de Deus? Por que a primeira ordem é muito cristalina no assunto em questão: “Primícias dos que adormeceram” [1 Coríntios 15.20 – Bíblia de Jerusalém].
A expressão “adormeceram” é uma aplicação exclusiva da morte – do corpo tombando na sepultura – para os filhos de Deus, se Cristo é as primícias dos que dormem e não dos que morrem, as três ordens estão amarradas no mesmo assunto, a ressurreição dos filhos de Deus.
É a primeira ordem das ressurreições, da qual a inauguração se dá por Jesus Cristo; alguns irmãos estudiosos dizem que as Primícias embora, trate diretamente com a Pessoa de Jesus de Nazaré, pode indicar um grupo de ressurretos que entraram nessa ordem, o fato dos sepulcros estarem abertos (Mt 27.52), mas ninguém ter saído indica que era necessário esperar Cristo ser o primeiro e inaugurar esse evento, a veracidade de haver a espera (Mt 27.53) poderia ser um indicativo da essência, destes que foram ressuscitados, ser a mesma de Cristo, pois se fosse um ressuscitação comum – como a de Lázaro – não precisariam esperar; outros estudiosos ainda indicam que a expressão “apareceram a muitos”, se trata de uma peculiaridade comum do mesmo termo que foi aplicado nas aparições de Cristo. A realidade é que sabemos que Jesus Cristo foi o primeiro, se houve mais envolvidos nessa experiencia bendita não temos total clareza nas Escrituras, embora também não haja a negação da possibilidade dela.
Esse grupo na ordem de ressurreição tem uma característica muito interessante o genitivo του χριστου que significa aqueles que pertencem a Cristo – neste caso – de um modo especial, reflete um grupo preparado que, ao passar pelo Tribunal de Cristo, estarão aptos para a recompensa milenar e também para a ressurreição gloriosa, sendo esta, então, a chamada “Primeira Ressurreição”. A Parusia d’Ele [Sua vinda] mencionada em 1Co 15.23 não é o fator predominante que ressuscita os cristãos que estarão nesta hora glorificados, mas o fato deles terem sido os “de Cristo”, antes e até Sua vinda, que os capacitaram para essa glória sendo a Parusia o evento temporal para este acontecimento.
O Fim não pode ser considerado um outro assunto, como se o apóstolo agora estivesse interrompendo o pensamento anterior para dizer que o fim chegará depois da ressurreição; na verdade o texto está encaixando o “Fim” como mais uma ordem no critério temporal da ressurreição, mas dificilmente nossas traduções tem essa percepção, aliás, pelo contrário, elas movem a ideia do fim para o próximo versículo – como se isso fosse um encerramento de assunto – e ainda acrescentam um verbo inexistente, “virá”, para dizer que depois da Parusia e a ressurreição nas nuvens chegará o fim, contudo na verdade o texto está dizendo que depois das Primícias e da ordem dos “de Cristo” vem a última ordem que é a ordem do Fim; ou seja, está claro que a ressurreição dos que adormeceram passarão por esse três eventos, sendo a inauguração a ressurreição de Cristo; mesmo que o Fim esteja no versículo 24 – vale destacar que a separação por capítulos e versículos foi um processo posterior que veio muito tempo depois do texto original ter sido escrito – ele pertence por contexto e categoria ao versículo 23. Logo, o fim é o último evento de ressurreição dos que dormem, tal está relacionado aos tratos disciplinares de Deus com seus filhos, entretanto esse tratamento é tão perfeito que os capacitam, no fim, a receber os mesmos corpos de glória, da ordem: “Primícias” e da ordem: “Os de Cristo”, para entrada em um Novo Céu e uma Nova Terra.
Equipe de Redação