Tradução Brasileira – A Bíblia que você deveria conhecer

Nem todos os filhos de Deus tem tido o priviléigio de poder conhecer essa Bíblia e como bem sabemos que todo estudioso dedicado ao estudo da Palavra de Deus não mede esforços para ter o máximo de versões bíblicas disponíveis, principalmente em se tratando de propostas de traduções que são tão fidedignas quanto possível, estamos trazendo este conteúdo para falar de uma tradução evangélica tão importante, mas ao mesmo tempo tão esquecida

Tradução Brasileira

Uma Bíblia Esquecida

Você sabia que temos talvez uma das melhores traduções de Bíblia em português brasileiro, mas talvez você nunca tenha ouvido falar dela?

Poucos sabem desta proposta de tradução

Essa Bíblia foi elaborada em 1917, e, ela vinha com um formato muito sólido de tradução, sua proposta era de fato alterar o mínimo possível do texto original em prol da língua vernacular, ainda que isso pudesse custar o entendimento de alguns trechos, por outro, resolveu uma série erros que alguns deles só foram corrigidos mais tarde com a última versão da Bíblia de Almeida – Nova Almeida Atualizada.

Não é derivada da Bíblia João Ferreira de Almeida

A Tradução Brasileira [TB], não tinha ligação direta com as bíblias de Almeida, mas pôde de alguma forma servir de referência para elas.

Na verdade foi a versão Almeida Revista e Atualizada que se valeu muito da Tradução Brasileira.

A Bíblia usada como consulta para remover dúvidas

A TB, chegou a ser chamada de Bíblia “Tira-Teima” porque era frequentemente usada para tirar dúvidas fundamentais, das quais eram redundantes das versões em português mesmo em se tratando das Bíblias católicas.

Suas Principais Vantagens

Entre as principais vantagens da TB está o fato dela irrefutavelmente não utilizar o termo Senhor para o tetragrama sagrado, ao invés, ela adotou o nome híbrido Jeová, mesmo que Jeová nunca tenha sido o nome de fato utilizado pelos israelitas, mas, possivelmente uma forma de evitar a pronuncia solene do Nome, ainda assim, é útil para o estudante saber que naquele trecho onde ele aparece, no original é yhwh, e não Adonai, o que pode facilitar sua interpretação no momento de um estudo mais específico, além de parecer mais coerente usar um nome ao invés de um título. 

Algumas versões como a própria Almeida Atualizada, verte em versalete com a primeira letra (S) em maiúscula para dizer que ali aparece tetragrama neste caso: Senhor,  ao invés de Senhor; mas essa ambiguidade para a maioria dos leitores é factível de erro.

A Tradução Brasileira preferiu não adotar alguns termos latinos

Esta máxima permitiu que a Tradução Brasileira fosse muito feliz nas passagens que adotariam o termo “inferno”, por exemplo, para traduzir situações ambíguas na compreensão do Além Túmulo, como abismo, a condenação em um lago de fogo, trevas e outros vocábulos que se valiam da palavra latina. Tal  procedimento aplicado à palavras diferentes, e específicas, para o termo inferno ocasionou confusão e não permitiu as devidas conexões de significados que poderiam melhorar o entendimento de muitas passagens bíblicas das quais, por que não dizer, pode ter sido motivo de conclusões erradas pelo abuso de um termo que foi acometido de muitas visões ao longo do contexto histórico, principalmente o período medievo.

Olhemos como a TB verte a passagem de Mt 16.18

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.” [grifo meu].

Importante notarmos a palavra Hades, que assim está no original ᾅδης. Esse é o vocábulo que deveria ser vertido em nossas bíblias, pois a palavra inferno simplesmente não existe, ela foi um termo latino sugerido que poderia significar, ou ao menos, dar a noção do submundo que estaria representado pela sentença Hades, uma vez que no pensamento helenista a palavra tinha um significado muito diferente de um lugar em chamas.

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Inferno com sua roupagem medieval que difere em princípio do que se entendia sobre mundo dos mortos, ainda que tivesse sido esta a proposta latina de corresponder com a palavra Hades uma vez que infernum significa região inferior ou região abaixo ou região abismal, quando chega no período medievo tal expressão retrataria muito mais o conceito de lago de fogo ou a segunda morte como está em Apocalipse 20, do que a região das almas dos mortos que era o pensamento concernente ao vocábulo no imaginário helenista, assim como hebraísta em Sheol.

Tal falta de esclarecimento traria enormes prejuízos, uma vez que as portas do Hades não poderiam prevalecer sobre a Igreja pois ela de forma alguma poderia ficar retida no mundo dos mortos, isso indica que a Igreja teria que  passar, cedo ou tarde, tanto pelo Hades quanto pela saída dele, pois suas portas teriam que abrir através da ressurreição dos mortos não ficando nenhuma alma neste local no momento em que ele seria precipitado no lado de fogo conforme Ap 20.14.

Vejamos a mesma passagem vertida na Bíblia Almeida Revista e Atualizada 1993:

Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18 – ara, grifo meu).

A palavra inferno no sentido de tormento eterno não faz o menor sentido, primeiro por que o Senhor disse, Hades o lugar onde ficam as almas mortas, e não lago de fogo; segundo porque a Igreja, ainda que possa sofrer o dano, jamais experimentará a Segunda Morte, ademais ela estaria experimentando o fogo do inferno até que suas portas ruíssem e ela saísse deste local de tormentos. Isso não poderia fazer qualquer sentido uma vez que Jesus prometeu o paraíso ao criminoso arrependido (ao seu lado crucificado) e não um inferno momentâneo.

É claro que não podemos negar a Disciplina dispensacional de Deus para Sua Igreja, ela existe. Mas a palavra Inferno mesmo no conceito católico romano indica primeiramente tormento eterno definitivo e não, apenas, lugar dos mortos ou de disciplina. Sabemos da condenação eterna, mas teríamos que ter o direito de saber onde de fato ela aparece na Bíblia, neste sentindo as versões de Almeida não podem ajudar-nos.

Tradução Brasileira aplica a expressão Geena

Além da expressão Hades [equivalente a Sheol no hebraico] também existe a palavra que de fato pode remeter se o contexto permitir ao lago de fogo em totalidade ou em outras situações uma pequena porção dele como se fosse uma danificação resultada desse local (Ap 2.11).

O que quero dizer que apesar de ser um erro traduzir inferno para Hades, igualmente o é para a palavra Geena (gueena vocalizado assim na língua grega), pois esta expressão derivada de GueHinom do hebraico, tinha uma conotação disciplinatória para os filhos de Deus e não  necessariamente condenatória, exceto quando ela era aplicada aos descrentes, pois a condenação final se dará no julgamento do Trono Branco e ele não aconteceu ainda, quando acontecer, o lago de fogo, que parece ser o que significa inferno no imaginário eclesiástico, será de fato a ambiência das almas condenadas recebendo dois locais (O Hades e a Morte – ver Apocalipse 20.14). Se o Hades como em Mateus 16.18 que é traduzido por inferno, geralmente nas bíblias evangélicas, seria colocado no lago de fogo que sim, isto sim, retrata o conceito de inferno, seria o mesmo que dizer: “o inferno foi lançado no inferno”, é evidente que não parece fazer qualquer sentido.

A falta desse ajuste pode fazer alguém achar que chamar seu irmão de Moré (tolo na maioria das versões) ser um motivo dele ser condenado, para sempre, no fogo do inferno, vejamos: 

Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo [Mateus 5.22 – ara, grifo meu].

A palavra latina inferno nesta passagem não é uma tradução de Hades, vejamos como está esta mesma porção na Tradução Brasileira:

Mas eu vos digo que todo aquele que se ira contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem chamar a seu irmão: Raca estará sujeito ao julgamento do Sinédrio; e quem lhe chamar: Tolo estará sujeito à Geena de fogo. (Mt 5.22 – tb, grifo meu).

Nesta passagem vemos muitos acertos na tb, o primeiro deles é manter os termos originais para a palavra Raca e Geena, outro acerto muito válido foi não inserir a expressão “sem motivo” entre colchetes como está na ara, pois tal não se encontra nos manuscritos mais antigos.

A palavra Geena por sua vez pode indicar a Segunda Morte, mas pode também indicar apenas um dano dela (Ap 2.11), esta segunda proposição tem aplicação somente à Igreja e nunca ao mundo que está perdido, tais detalhes fizeram pessoas acharem que a salvação era uma forma totalmente atribuída ao comportamento do homem, mas o texto não pode indicar que o homem se salva por não chamar seu irmão de tolo ou se perde por fazê-lo, embora isso fique velado ao usar a palavra inferno, não é possível dizer o mesmo com a palavra Geena, pois tal palavra quando atribuída a crentes e à Igreja em si está se referindo a um trato educacional de Deus debaixo do seu fogo, é claro que isso não é possível ver quando esse background fica escondido dentro da palavra inferno, restando apenas dizer que um crente pode perder sua salvação ao chamar seu irmão de rebelde, ou como preferirem, tolo (original, Moré).

Tradução Brasileira e a expressão Paráclito

A palavra Parácleto é geralmente traduzida por nossas bíblias por consolador (naa; ara; arc; a21; acf).

E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; (acf, grifo meu).

Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito, a fim de que esteja para sempre convosco [João 14.16 – tb, grifo meu].

A palavra Parácleto ou como está na Tradução Brasileira, Paráclito, tem uma conotação muito ampla, que talvez o substantivo consolador não resolva a potência sinonímica ou, mesmo, semântica dela, além disso o termo também parece funcionar como um nome, o fato é que podemos ter perdas ao tentar traduzir tal expressão, pois  poderia simplesmente significar: consolador, conselheiro, encorajador, advogado, intercessor, ajudador entre outras formas. 

A Tradução Brasileira preferiu manter o vocábulo grego Paráclito o que pareceu ser mais adequado devido à riqueza da sinonímia dessa palavra; envelopa-la somente no termo consolador pode ter sido muito arriscado.

Sheol não é Sepultura

A Tradução Brasileira, assim como outras Bíblias, como a Bíblia de Jerusalém, consegue ser bastante cuidadosa ao especificar a palavra “Sheol” (ou “Xeol” na BJ), optando por não traduzi-la ou interpretá-la. Isso se deve ao fato de que, ao contrário de “Parácleto”, que é um termo polissinônimo, “Sheol” tem apenas um significado simples. 

Contudo, em algumas situações, sua tradução pode representar um desafio, especialmente quando se deseja retratar esse lugar como habitado por figuras como Jacó. Nesse contexto, o tradutor se via diante da dificuldade de considerar “Sheol” como o inferno em chamas, uma vez que não faria sentido o patriarca desejar ir para lá. 

Traduzir dessa maneira seria contraditório, especialmente considerando que Jacó, ao acreditar que seu filho José estava morto, expressou o desejo de ir para esse lugar para se encontrar com ele. Diante disso, a palavra “sepultura” começou a ser adotada nas traduções, mas em situações em que sua aplicação seria improvável, o termo “Além” foi utilizado como sinônimo de “mundo do além”. Às vezes, quando julgado necessário, o tradutor inseria a palavra “inferno”, mas em casos mais difíceis de sustentar, surgiam termos como “sepultura”, “morte”, “além” ou “mundo dos mortos”.

Como poderemos confiar em situações tão subjetivas? Essas questões eram frequentemente considerações do tradutor ou do corpo editorial responsável por determinada versão de bíblia, quando deveria, na verdade, ser de responsabilidade do estudioso da Bíblia.

O correto seria sempre utilizar o termo Sheol e não tentar adivinhar o que ele queria dizer em determinado momento, tentar fazer a interpretação seria um risco, assumindo a possiblidade de cometer erros.

As tentativas de interpretar Sheol

Gênesis 37.35

Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado e disse: Chorando, descerei a meu filho até à sepultura. E de fato o chorou seu pai. (Almeida Revista e Atualizada – ara, grifo meu).

E todos os seus filhos e todas as suas filhas levantaram-se para o consolar; ele, porém, recusou-se a ser consolado e disse: Na verdade, com lágrimas descerei ao meu filho até o túmulo (Almeida Século 21 – a21, grifo meu).

Todos os seus filhos e filhas tentaram consolá-lo, mas ele não quis ser consolado e disse:
— Vou ficar de luto por meu filho até que vá me encontrar com ele no mundo dos mortos(Nova Tradução na Linguagem de Hoje – ntlh, grifo meu).
A Tradução Brasileira parece resolver o mistério
Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas para o consolarem, mas ele não quis ser consolado; e disse: Pois com choro hei de descer para meu filho ao Sheol. Assim, o chorou seu pai (tb, grifo meu).

Sheol é a morada dos mortos de acordo com o Antigo Testamento, seu equivalente na língua grega é Hades como aparece na lxx e no Novo Testamento. Quando modifico o significado para cova, morte ou sepultura estou alterando a semântica do vocábulo e isto é, definitivamente, um erro, felizmente a Bíblia evangélica que resolve esse problema na maioria das vezes é a Tradução Brasileira, 

Existe definição própria para Sepultura e Morte

“Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.” [Isaías 53.9 – ara, grifos meus].

Importante frisar que nesta passagem na versão Almeida Atualizada, temos palavras que geralmente são permutadas com a sentença Hades ou Sheol na hora de traduzir, que são: “sepultura” e “morte”. Entretanto, curiosamente, ali a palavra Hades não aparece nenhum vez, pois a expressão na lxx traduzida para sepultura é ταφῆς (taphēs) que de fato tem o significado de sepultura e θανάτου genitivo de θάνατος (thanatos) que significa literalmente morte sem qualquer necessidade de recorrer à expressão Hades (equivalente de Sheol) nenhuma vez; e por quê? Porque Hades tem outro significado e fazer ele parecer algo diferente do que ele é por meio de alegoria parece não ser o caminho correto.

Assim está vertido corretamente tanto na ara quanto na tb as expressões sepultura e morte.

É importante frisar que não é sempre na TB que Sheol é vertido desta forma em sua palavra original, mas ao menos temos uma tendência nesta versão de usar Sheol e Hades para seu fim semântico que é expressar uma localização intermediaria que abriga, no além vida, os mortos.

A infelicidade da passagem de Filipenses 2.6

Esta passagem marca um desastre em nossas traduções Almeidas, mas que felizmente as Bíblias católicas sempre fizeram um bom papel na compreensão desta porção e a TB mesmo não sendo católica fez um excelente papel, também, em esclarecer essa passagem. Vamos analisá-la.

“Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus.”  (acf; arc, grifo meu).

Reparem que é muito sério e delicado o texto supracitado, o substantivo usurpação significa em nosso língua portuguesa tomar algo a força ou ilicitamente, podendo ser bens, título ou autoridade.

Agora me respondam, my friends, o que Jesus Cristo estaria usurpando se ele agisse como se fosse igual a Deus? A menos que ele nunca fosse ou tivesse o direito de ser Deus, as passagens de acf e arc são um verdadeiro atentado à divindade de Cristo.

Você, caro leitor, pode alegar o que podemos fazer se é o que está na Bíblia e assim foi traduzido do grego? A minha resposta verbal vem de uma pergunta: será?

Termo usurpação das “Almeidas Corrigidas” (acf e arc) no original grego

A palavra adotada pelas Bíblias de expressão Almeida Corrigida (acf e arc) – embora também apareça na Almeida Atualizada mas com outra conotação – no texto grego é: ἁρπαγμὸν que pode ser traduzido como algo a ser retido à força ou algo desejado, mas ainda que se tratando de retenção à força não conotaria uma ação ilegítima, ou seja, posso usar a força para reter algo que na verdade já tenho que me é um direito e não algo que não tenho ou algo que não sou, de outro modo isso seria usurpação, e no caso de Cristo está claro pelo contexto de Paulo que ele tinha e tem algo que é sua essência divina, mas ele preferiu espontaneamente esvaziar-se e não se apegar a seu pleno direito de ser Deus ainda que Ele o fosse.
Cristo preferiu agir como homem e como escravo, portanto, ele teve que negar a ἁρπαγμὸν (harpagmon acusativo de harpagmos) por que não veio para ser o Deus que sempre foi, mas para ser o Homem que derramaria o sangue pela humanidade, note que Paulo usa Jesus como o exemplo máximo da humildade e essa humildade foi esvaziar-se (ἐκένωσεν) de que algo que Ele tinha, ninguém pode esvaziar algo que não possui.

Portanto usurpar seria Jesus tomar algo que não lhe é de direito e além disso é tomar de forma ilícita, desta maneira ao tomar partido em uma suposta divindade ele estaria praticando usurpação; que aberração termos isso em nossas Bíblias!

Jesus sendo Deus seria como roubar a Divindade?  Claro que não! Além disso harpagmos não quis dizer tal coisa nem pelo substantivo tampouco pelo contexto; com o máximo de respeito a todos os editores envolvidos nas versões Almeida Corrigida Fiel e Almeida Revista e Corrigida, mas isto é um erro absurdo tanto de tradução quanto de teologia.

Não à toa que o grupo “Testemunhas de Jeová” recorre a essas passagens nas próprias bíblias Almeidas para tentar provar que Jesus não é Deus.

O acerto da Tradução Brasileira e de outras Bíblias em Filipenses 2.6

Agora vejamos como outras traduções enxergam esta mesma passagem e como vertem harpagmos.

“Ele estando no forma de Deus não usou de seu direito de ser tratado como um deus.” (Bíblia de Jerusalém – bj).

“Ele, apesar de sua condição divina, não fez alarde de ser igual a Deus.” (Bíblia do Peregrino).

“Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus.” (Versão dos Monges Beneditinos de Maredsous – vmb).

“Ele tinha a natureza de Deus, mas não tentou ficar igual a Deus.” (Nova Tradução na Linguagem de Hoje – ntlh).

“Que, embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se.” (Nova Versão Internacional – nvi).

Notemos em todos esses exemplos de tradução que nenhuma dessas versões viu Jesus como alguém que poderia usurpar Deus pelo fato de alegar sua forma divina, pelo contrário [elas] deixaram nítido o que harpagmos quer dizer quando você pode aferrar-se de algo que lhe é de direito, mas mesmo assim não o faz, em troca disso esvazia-se, harpagmos seria o contrário de eknōsen (esvaziar-se) o texto fica cristalino ao percebermos o exemplo de humildade nunca jamais visto no universo: “Deus se fazer homem”.

Vejamos como verte a Bíblia que surgia para os brasileiros em 1917 e hoje encontra-se esquecida por nós:

“O qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou que o ser igual a Deus fosse coisa de que não devesse abrir mão.” (tb).

Que bela tradução do versículo e corrobora em muito com as outras versões que citamos. Ou seja, ele era Deus, mas preferiu abrir mão de viver e agir como Deus no que tange ao design da Redenção, pois ao esvaziar a Si mesmo até a forma de servo o fez para salvar a humanidade e obedecer à vontade de Seu Pai.

Jesus jamais usurparia se adotasse suas prerrogativas divinas no seu esvaziamento, aliás, mesmo humilhando seria impossível ele não ser Deus, Ele na verdade abriu mão dos seus direitos divinos para passar por toda a experiência de ser um homem de dores.

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Uma correção no meio do caminho das bíblias Almeidas

Temos que salientar que houve essa correção do versículo nas versões de Almeida, mas isto pelo Sociedade Bíblica do Brasil só aconteceu agora com a Nova Almeida Atualizada em 2017; outras bíblias de Almeida também corrigiram esse problema escriturístico que ainda se mantém nas versões acf, arc e ara, são elas a Almeida Edição Contemporânea que serve de referência da Bíblia Thompson e a Bíblia Almeida século 21 vejamos: 

“Que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar.” (Almeida Século 21 – a21, grifos meus).

“Que, sendo em forma de Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo ao qual devia se apegar.” (Almeida Edição Contemporânea – aec, grifos meus).

“que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo.” (Nova Almeida Atualizada – naa, grifos meus).

Como podemos ver as bíblias protestantes conseguiram igualar sua tradução àquilo que as versões católicas romanas vinham fazendo muito bem, mas não é uma questão apenas de fazer o “dever de casa” é por assim dizer um compromisso com a verdade.

Crítica Textual da Tradução Brasileira

Ela não segue o Textus Receptus e a teoria do texto majoritário como fazem de uma maneira ou de outras as versões: Almeida Revista e Corrigida (arc), Almeida Corrigida Fiel (acf) e a Almeida Edição Contemporânea (aec). Com a Almeida Corrigida Fiel mais acentuadamente e integralmente na linha do Textus Receptus seguindo como modelo da King James 1611. A Tradução Brasileira foi a precursora no Brasil das bíblias protestantes a seguir o texto crítico ou como é também conhecido texto eclético; essa diferença se dá pelos manuscritos que são considerados mais antigos e não pela quantidade de manuscritos e também por meio de uma forma somente de texto que é o Textus Receptus que era a manuscritologia da Idade Media e a fonte principal da Bíblia da época da Reforma.

As Bíblias Almeidas são inferiores à Tradução Brasileira?

Obviamente que não podemos descuidadamente dizer que as versões de Almeida são inferiores e que deveriam ser desprezadas, não, não é isso, na verdade muito pelo contrário, é sempre bom ter mais de uma versão principalmente para o amante da Bíblia e o estudioso dela, mas ao mesmo tempo é uma infelicidade, quase todos, os cristãos evangélicos conheceram as Bíblias de João Ferreira de Almeida e poucos saberem dessa importante versão que é a Tradução Brasileira, como ela poderia ficar tão esquecida assim? 

Com ela em mãos o estudioso conseguiria em vários pontos ter acesso à amostras do texto base original, e tendo a vantagem de fazer preciosas comparações mantendo na sua estante as boas bíblias de Almeida.

O erro está no fato dos cristãos não terem em mãos essa Bíblia que felizmente foi reimpressa pela Sociedade Bíblica do Brasil em 2010 atualizada pelo novo acordo ortográfico. Se você ainda não a tem no mínimo está perdendo tempo e a grande oportunidade de estudar melhor a Bíblia.

Base do texto do Antigo Testamento

Precisamos salientar ainda que o texto base do Antigo Testamento da Tradução Brasileira não se norteia nem nas descobertas recentes de Qumran nem da versão dos Setenta (lxx), ainda, que se valha desta última em algumas ocasiões não a tem por base, e quanto a Qumran [manuscritos] descobertos em 1947 sendo a TB uma bíblia iniciada em 1903 e finalizada em 1917, evidentemente, não poderia se beneficiar das novas descobertas dos últimos anos em questões de crítica textual do texto hebraico. A linha adotada pela TB é algo comum e adotado de um modo geral por quase todas as Bíblias, ao tratar do Antigo Pacto, ter como base o texto massorético – no caso da Tradução Brasileira – a partir da Bíblia Hebraica editada por M.H. Letteris (1825) ou “Bíblia Letteris”.

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Série: Isso não vem de Vós Ep03

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