SAL, FOGO e OBRAS – Como devemos Analisar de forma coletiva os feitos de nossos irmãos
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A Igreja de Deus por vezes pode ser uma força contrária quando deveria ser a força de recebimento dos santos aceitos por Deus; hoje parece que estamos mais satisfeitos com os nossos círculos do que de fato com o que seria a obra de Deus. Que Ele tenha misericórdia de nós.
Sumário
Sal, Fogo e Obras
João 9 é uma porção do Novo Pacto, vibrante e estonteante ao mesmo tempo. Vemos coisas maravilhosas nessa passagem que nos mostra inúmeros ensinos.
A primeira coisa que precisamos nos deparar no versículo 1 é que as doenças geradas pelos pecados não foram negadas pelo Senhor; entretanto, o caso específico é para manifestar as obras de Deus naquele cego.
Também vemos Jesus, o Cristo, dizendo que eram obras, portanto não era somente uma obra; todas as obras acontecem na vida daquele homem no capítulo 9 de João.
Marcos 9 igualmente é uma porção do Novo Pacto instigante, tem suas particularidades e muitas revelações.
Ambas porções têm um toque nivelado no exclusivismo e nos ensina sobre esses problemas. Marcos 9 retrata a postura exclusivista dos discípulos tentando deter alguém que fazia a obra de expulsar demônios. João 9, traz o mesmo design, mas quem age são os fariseus.
Interessante que é João — tanto em Marcos como no Evangelho de João — que retrata essas peculiaridades, pode ser por isso que há um empréstimo das ações, de um Evangelho para o outro, afinal, foi o mesmo João que passou por essas experiências e possivelmente aprendeu muito com elas
Em Marcos 9 não podemos responsabilizar somente João por aquele ato de rígido de exclusivismo, pois vemos que foram os discípulos que tentaram deter aquele estava oferecendo um “copo de água fria”, não somente João. Na verdade João foi o narrador, mas narrar o fato ao Senhor não indicava que [ele] foi o único a agir.
Os discípulos queriam proibir. Os fariseus queriam expulsar. Vemos proibição e expulsão. A proibição fica com os discípulos, a expulsão com os fariseus.
Os fariseus e os escribas eram partidários, uma seita, um grupo de judeus, isso representa tudo o que temos de mais religioso. É a forma religiosa.
Os discípulos de Jesus, representam aqueles que creem no Senhor, mas não aceitam o diferente, não sabem lidar com aquilo que foge do grupo deles.
Geralmente quem expulsa [colocando alguém para fora] são aqueles que inicialmente aceitam as pessoas que adotam sua forma, sua religião seu dogmatismo. Estes são os que “expulsam”.
Mas note que a expulsão só pode se dever a alguém que já foi admitido; não seguindo as normas, principalmente das quais são proibitivas, esse alguém pode ser expulso.
Já os discípulos não podiam expulsar ou retirar alguém, pois eles não haviam admitido alguém e o expulsado em seguida, eles sequer conseguiam admitir alguém em seu grupo, seja o de Doze seja o de Setenta; os discípulos tinham um sentimento de receber pouco e proibir muito.
Eles sentiam que quem não era deles deveriam ser bloqueados, para agir em nome do Senhor tinham que estar com eles.
O Messias, compreende esse zelo, mas logo em seguida trata esse problema na raiz dizendo que eles não deveriam ser os únicos, nosso Messias poderia estar dizendo que viriam muitos e muitos aprenderiam de outros meios a fazer Sua obra, mesmo os meios estando errados eles poderiam ser certos.
Por isso vemos na história da Igreja, meios como a Igreja Romana contendo pessoas certas que amavam o Senhor.
Há meios errados, mas pode haver meios errados e pessoas certas. Jesus quer dizer que que alguém que usa seu Nome para expelir espíritos maus não planejou falar mal d’Ele em seguida, assim dessa forma ninguém que expulsa demônios que não planeja logo em seguida criticar ou falar mal do Senhor, deva ser proibido dessa tarefa.
Eu creio que Jesus fala assim pensando muito mais nas pessoas que seriam libertas e curadas. Pois é nítido que Deus pode tratar o agente por métodos que poderiam contrariar Sua vontade perfeita, mas sabia que no final o oprimido do diabo seria liberto “essa água deveria ser liberada”. Lembremos que Deus disse a Moisés falar a Rocha para que essa liberasse água — para saciar os israelitas no deserto — mesmo ele desobedecendo e batendo na rocha a água foi liberada, pois Deus estava pensando no povo.
Ao dizer isso a seus discípulos, ele os estimulava a pensarem, a probabilidade de alguém expulsar demônios e em seguida falar mal de mim é a mesma para proibição daqueles que fazem essa obra.
Os discípulos — quando não veem bem certas coisas — são os que proíbem. Por isso o Senhor começa a dar uma grande aula de inclusão e os ensina sobre a paz. Mas o Senhor os ensina também sobre fogo, disciplina, sacrifício e sobre o sabor e a conservação do sal.
Assim discernimos as atitudes discipulares e farisaicas
Um coloca para fora, outro bloqueia o que está de fora. Os dois representam um grande entrave para a obra do Espírito Santo. Jesus repreende ambos de forma severa.
Quanto aos discípulos Ele dá uma dura lição baseando-Se no seu amor e na ampla inclusão dos que creem n’Ele.
Quanto aos dogmáticos judeus ele os repreende em relação à “visão”; visão esta que, na verdade, os condenarão e é essa visão que provará, também, que eles, na verdade, são cegos.
Quanto a Marcos 9, vamos finalizar com a seguinte conclusão — qualquer que ler com atenção perceberá que — Jesus nos corrige quanto a sermos exclusivistas ao ponto de impedir um irmão, sincero, que pratica uma ação de poder, como expelir espíritos, de continuar seu caminho. Isso é muito comum na cristandade, alguns crentes maldizem ou tentam bloquear “outro irmão” há várias formas para isso, podendo criticar ou mesmo afastar as pessoas colocando inúmeras pedras no caminho, simplesmente, por não ser do meio deles. Oh! Como isso é grave.
Jesus parecia indicar que aquele que expelia espíritos era uma pessoa sincera pelo fato de usar a expressão, “pequeninos”, indicando uma fé sincera, mas não madura.
Jesus, nosso Senhor, é duro ao dizer que se alguém servir de tropeço a esse pequenino, melhor seria amarrar uma pedra grande e se atirar ao mar. Uau! É uma palavra muito forte e dura e ele disse aos seus discípulos; em seguida ele fala para que aquele que der um copo de água fria a alguém — por esse alguém ser de Cristo — não perderá sua recompensa. Essa expressão deixa claro que a obra daquele que expulsava demônios equivalia a dar um copo de água aos discípulos, mas os próprios discípulos não haviam percebido isso.
Jesus depois diz da Guehenna para seus discípulos, pois os membros do corpo físico dos discípulos poderiam servir de tropeços para eles mesmos. A pedra para lançar ao mar figura o tropeço que causamos nos outros, a mutilação figura a salvação — de nosso corpo restante — do tropeço que causamos a nós mesmos. Ambos afetam o Reino literal, pois Ele fala: “entrar na vida”.
Versículo 43 “Se tua mão te servir de pedra de tropeço, corta-a; melhor entrares na vida
manco do que, tendo duas mãos , ires para Geena… (TB – grifo meu).
Vida aqui é um local, um lugar que você entra; é o Reino. Assim como o Hades é o local da morte, Guehenna o local de disciplina em fogo, o Reino é o local da vida.
Depois nosso amado Senhor exorta que devemos ter sal em nós e o sal vem do fogo, indicando que precisamos de um fogo que nos capacita a ter sabor, a imprimir algo, e essa impressão é notada, assim é o sal. O sal também é conservação. A conservação evita a morte, onde a morte entra, entra a podridão, o sal é uma forma de neutralizar e decomposição, portanto, ele evita a morte.
Por fim, Jesus, o Messias, diz-nos que se tivermos sal, teremos paz, e depois nos adverte a termos paz uns com os outros. Por quê? Porque os discípulos proibiram uma pessoa que não era dos Doze de fazer uma obra importante, eles não agiram pacificamente com aquele irmão, eles não tinham paz, pois não tinham sal o suficiente.
Ter sal indica fogo, “…cada um será salgado com fogo”. Se a era presente não for suficiente para sermos salgados, seremos disciplinados na Guehenna até termos o sabor e a conservação necessárias.
Não colocamos pedra tropeço nos pequeninos, senão essa estará em nossos pescoços e seremos lançados ao mar. Lembremos que mar aqui é o abismo, parece ser uma disposição geográfica para aqueles que bloqueiam os pequeninos. Não dá para sabermos ao certo como é de fato esse local. Mas já sabemos na Bíblia que o mar dará seus mortos pelo que podemos perceber não será exclusividade do mundo, é muito provável que seja um lugar disciplinatório tendo como foco aqueles que bloquearam os pequeninos. E quem seriam esses pequeninos? Em Marcos 9 eram crentes que criam em Jesus e que expulsava demônios, expulsar demônios era um trabalho, ao fazer isso estariam ajudando os discípulos era como oferecer um copo de água fria.
Se nossas mãos, pés, olhos se tornarem nossa pedra de tropeço, devemos tratar drasticamente com eles sacrificando seu uso nesse mundo para não irmos para o abismo da Guehenna. Ser lançado no mar pode ser um indicativo do dano da segunda morte e uma pista — digo isso sem doutrina alguma — de onde pode ser o lugar de disciplina.
Aprendamos a receber os irmãos diferentes, que de fato amam o Senhor e fazem sua obra por que O querem agradar, o fato é, quem faz uma obra de poder no nome de Jesus não pode falar mal d’Ele depois, isso é uma lei.
Jesus quis dizer claramente que aquela obra de expelir espíritos iracundos era como dar água aos Seus discípulos, pois os ajudava, embora fosse uma ajuda — muitas vezes tido como — pequena ou não vista por não estar no rol dos mais notáveis, havia alguém que dava água a eles sem eles perceberem, de outro modo aquele trabalho de expulsão demoníaca deveria cair sobre o ombro de alguém.
Quantos copos d’aguas desconhecidos serão revelados naquele Grande Dia. Como muitos notáveis certamente se encontrarão envergonhados.
Quando somos rápidos em negar as ações de alguém por não pertencer ao nosso grupo isso nos torna sectários ao ponto de querer impedir, não que alguém “expulse demônios”, mas que sejamos na verdade saciados por água fria, bem-vinda, naquele calor escaldante de nossos “desertos”.
Jesus, nosso Senhor, repreende agudamente João, dizendo que aquilo poderia ser semelhante a causar tropeços em pequeninos (Marcos 9.39, 42).
Quanto ao cego de nascença, algo muito interessante o envolve, voltando agora a João 9; o cego recebe lodo nos seus olhos, aquela cegueira não era comum, no grego o substantivo que retrata a cura dele diz que ele recebeu vista e não visão, o fato de Jesus usar barro, além de lembrar-nos de como o homem foi feito em Adão e como seu corpo foi modelado nos indica que Ele parecia estar fazendo novos órgãos naquele cego, sim, me refiro ao globo ocular.
O versículo 32 corrobora para isso, pois é dito de uma cura extraordinária; o fato dos fariseus indagarem seus pais para ter certeza de que ele tinha aquele problema de nascença e duas vezes interrogarem o ex-cego, também é indicativo forte de que eles não estavam conseguindo acreditar naquilo que havia acontecido, aquela obra não era do mesmo nível extraordinário de milagres que Jesus Cristo já tinha feito antes, aliás, vários cegos foram curados por Ele. Mas não alguém que nasceu sem vista – versículo
O fato que vemos aqui a manifestação das obras, lembre-se, que o Messias Santo disse que a cegueira daquele homem era para manifestar as obras de Deus. A primeira obra ocorre, que é a própria restauração dos olhos daquele homem, mas se fosse somente essa ação que viria acontecer para manifestar a glória de Deus o Senhor diria obra e não obras.
A segunda obra era fato que os religiosos haviam já determinado que quem confessasse Jesus de Nazaré como Messias seria expulso da sinagoga, seus pais por serem judeus piedosos e praticantes do judaísmo farisaico temeram a excomunhão, por isso não quiserem entrar em detalhes sobre a operação miraculosa, apenas disseram que ele era cego de nascença e agora ele via, mas não sabiam como. Disserem que seu filho tinha idade para falar por si próprio.
Isso está mais do que claro que havia o temor dos pais de perder a vida religiosa que criam e conquistaram, pode ser provável que seus pais eram praticantes partidários do farisaísmo. Se eximiram do risco de suas vidas religiosas serem afetadas pela perda da prática judaica da sinagoga.
Por outro lado, vemos o cego, ele também era praticante religioso, não sabemos o quanto, mas sabemos que ele era frequente da sinagoga e poderia também ter uma vida praticante dos preceitos farisaicos, lembremos que seus pais eram judeus religiosos é bem plausível que ele por ser filho tinha a mesma inclinação, além disso, podemos analisar o cego fazendo a apologética do Senhor como profeta e como um santo homem de Deus com uma visão bem judaica, digno de um praticante. Vejamos:
Era difícil de acreditar
O espanto ainda permeia os judeus, pois o milagre era de uma magnitude incomum que não permitiria truques, afinal aquele homem nasceu com má formação nos olhos ou mesmo sem o globo ocular. Versículo 18:
“Mas os judeus não acreditaram que ele tivesse sido cego e que tivesse recebido a vista, enquanto não chamaram os pais dele” (TB).
Receber visão é um efeito, receber vista é um objeto, como sugere o texto no original muito bem colocado pela Tradução Brasileira1. Desta forma, para os judeus religiosos admitir tal milagre seria reconhecer a grandeza daquela obra e no mínimo rever a forma como viam Jesus, além de ter que constituí-lo como um profeta como os grandes profetas do passado: Moisés, Elias, Eliseu e outros que operavam em grandes poderes e sinais.
E quem faz essa menção é o próprio homem que recebera vista, isso fazia parte da segunda obra, — visto que a primeira obra foi sua cura — ao ter o entendimento do serviço profético de Jesus de Nazaré ele também reconheceu sua santidade (versículo 31).
Isso seria um duro golpe para os judeus religiosos eles teriam que agir rápido teriam que fazer a reversão.
Aquele que recebera vista, faz uma explanação muito equilibrada defendendo a honra de Jesus, pois o Senhor havia sido acusado de uma série de adjetivos que o desqualificavam como um Servo de Deus, como: “aquele que quebrantava o Shabatt”; “aquele que era pecador”; “que a glória da cura era de Deus totalmente, desassociado d’Ele”.
Mas o agraciado que era e não é mais cego aplica muito bem conceitos que provava que Deus não é um deus que ouve pecadores, que o milagre — que ele experimentara
— jamais havia acontecido em todos os lugares e tempos. E por fim ele admitia que Aquele Homem, que o curou, não era comum.
O resultado dessa explanação resulta na sua expulsão da sinagoga, ele perde os direitos de praticar sua religião, quão corajoso ele foi, seus pais não tiveram tal ousadia, mas ele teve, e foi expulso.
O curioso disso, que há uma beleza escondida, tão tênue. Essa beleza, simplesmente, mostra que Jesus não só estava esperando, mas ansiava por isso acontecer, Ele desejava essa expulsão, essa perda que aquele homem enfrentaria.
Versículo 35:
“Soube Jesus que o haviam lançado fora e, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem?” (TB).
A segunda obra havia acontecido, sua expulsão, mas ainda restava mais uma obra, a
terceira e última, sua salvação!
Como ele havia confessado Jesus apenas como um profeta ele não seria inserido na igreja de Deus, lembremos que o Senhor perguntou a seus discípulos: “O que o povo diz que eu sou”. Seus discípulos ao responder diz que alguns diziam que Ele era João Batista que havia sido ressuscitado, outra parte que Ele um profeta, outros que era o Elias prometido e ainda outros o profeta Jeremias que havia chegado. Todas essas confissões eram de carne e sangue, ou seja, opiniões humanas, mas tais opiniões colocavam Jesus numa posição de respeito e honra, pois admitiam que Ele era de Deus, diferente dos judeus religiosos que o viam como um pecador, quebrantador do shabatt.
O ex-cego segue essa linha, pois temia Deus e reconhecia Jesus como alguém que veio de Deus, mas ainda assim era uma atitude de carne e sangue.
Pedro ao dizer: “Tu és o Messias Filho do Deus Vivo” recebe revelação e diz isso guiado pelo Pai. Por, então, dizer essas palavras, ele é inserido, por essa confissão, na Igreja de Deus, e tal confissão é a base fundamental para encaixar a construção de pedras vivas no edifício de Deus. Porém, essa confissão não havia acontecido com aquele homem que fora cego. Faltava finalizar o Design!
Por isso Jesus ao saber da sua expulsão vai ao encontro dele e faz a seguinte pergunta:
“Crês no Filho do Homem?” (TB) Ele responde:
“Quem é ele, Senhor, para que eu creia nele? — respondeu-lhe o homem.” O Senhor e Messias diz:
“É este que fala contigo” O homem diz:
“Creio, e o adorou”.
Oh! Que cena maravilhosa!
Aquilo que inicia com barro, com lodo nos olhos, finaliza com a adoração ao Deus Homem!
Finalmente o Senhor conclui Suas obras naquele que fora cego.