As Eras Mais Primitivas da Terra
– Um Review do Livro

G. H. Pember

Um livro de dois séculos atrás tão impressionante quanto sua raridade; se eu fosse você não perderia a oportunidade de lê-lo.

G. H. Pember – As Eras Mais Primitivas da Terra

Um conteúdo sem precedentes; a melhor maneira de iniciarmos o review deste livro é dizendo: “absurdamente estonteante“; qualquer coisa menos que isso não faria jus a essa obra. 

As Eras Mais Primitivas da Terra, considerado por muitos como a obra magna de Pember, nos traz questões assombrosas é verdade, mas, com a honestidade que nos cabe, nada que deveria ser tão absurdo assim, pois é regado em boa parte pelo norte escriturístico da Bíblia, porém como fomos preparados desde o dia que nos convertemos e nos alimentamos de uma determinada “igreja”, a adquirirmos os pormenores viciantes de sempre, dificilmente perceberíamos esses detalhes sem algum auxílio. É aquilo que costumamos dizer: os cristãos precisam de um “reset” e lerem a Bíblia novamente.

Os choques mais potentes de As Eras Mais Primitivas da Terra no momento da leitura

Pember era um hábil escritor, além de toda sua erudição e piedade, sabia compor as letras e formar o conteúdo textual de que precisamos ler, às vezes Pember nos prende em sua narração que nos faz pensar: “Por que este homem não criou um universo ou alegoria – a exemplo de Tolkien e Lewis – para trazer seus assuntos tão profundos?”, realmente ele tinha condições para isso, não sabemos se ele tinha o desejo ou mesmo concordava com essa abordagem, mas se a fizesse teríamos histórias dignas de filmes.

G.H. Pember, com muita propriedade já apresenta o versículo 2 de Gênesis 1 como uma possível lacuna temporal impossível de ser medida, embora ele não afirme, mas parece nos dizer que este: “No Princípio Criou Deus…” algo que é temporal, ou seja, o princípio do tempo e do universo que viria em seguida do “Em Princípio era o Logos e o Logos estava com Deus” (Jo1.1) que é a eternidade passada atemporal.

Com sua capacidade análitica e avançada do hebraico pôde nos convidar a essa reflexão, por vezes Pember faz-se parecer em alguma medida o “pai da Igreja” do séc III, Orígenes, onde vez por outra aventurava-se no exercício de compreender certas questões difíceis das Escrituras o que naquela época ele mesmo, Orígenes, chamava de guymnastikós termo grego que traduzimos para ginástica em nosso bom português, mas que tinha conatação de exercitar a razão em prol de respostas mais avançadas e, ao mesmo tempo, não fechadas e não doutrinárias, essas Orígenes dizia ser o dogmatikós palavra grega para dogma ou doutrina, aquilo que está fechado e definido, assim Orígenes conseguia falar de assuntos emblemáticos e difíceis sem fazer qualquer imposição doutrinária.

Pember, tem essas características, você percebe uma leitura não impositiva, embora pareça que seu autor não tem dúvida do que fala, há sempre a flexibilidade do convite para as conclusões mediante análise e escrutínio da Palavra de Deus, o que de certa forma permite que vejamos as análises “pemberistas” – permita dizer assim utilizando o sufixo apenas para evitar toda hora dizer o nome do autor do livro – de um ângulo não tanto fechado, mas observável e exercitável para o avanço da resposta.

A análise pemberista leva-nos a crer que a terra não foi criada na narrativa “genesiana” a partir do segundo versículo, mas que ali estava o caos implantado na terra por ação que não sabemos com detalhes, exceto por inferência e isso Pember faz logo de cara, de uma rebelião angelical e satânica que dá a origem dos anjos decaídos, a queda dos seres celestiais e, por fim, dos demônios; esses eventos para Pember estão escondidos no versículo 2 e que os profetas Ezequiel e Isaías nos dão algum lampejo sobre o método da criação de Deus e dizendo de um outro Éden diferente do Éden adâmico, este paradisíaco; aquele de pedras fulgurantes, gemas e relâmpagos.

Raça Pré Adâmica

O livro nos traz insights acerca do que poderia existir antes da criação do casal no Éden, as inferências de Pember chegam até mesmo a considerar humanos pré adâmicos (que não teriam sido feitos à imagem e semelhança de Deus) e uma fauna diferente, o que poderia inclusive direta ou indiretamente considerar a existência de alguns animais de grande porte como os próprios dinossauros.

Não devemos nos apressar em achar que tudo isso é uma tremenda loucura ou afirmações sem sentido, ou ainda, desprovidas de sentido bíblico, é isto que faz valer o livro, as considerações de Pember são dignas de nota e estudo assim como suas observações mais no campo do exercício (guymnastikós); de qualquer forma, a percepção que temos é que não parece haver “pontas soltas” ao fim quando se dilui melhor suas conclusões temos uma verdadeira sensação estonteante.

Gênesis 6 uma Nova Espécie

Outro ponto de abordagem do livro é ir além de Gênesis 1; não é só tratar do que havia antes de Adão e Eva, mas também do que veio a ser depois, trazendo toda temática dos seis dias de Gênesis, contudo, ainda, bem mais adiante com relação à criação e restauração, neste caso o autor aborda de uma forma maestral, o período chamado de antediluviano.

Quem são os Filhos de Deus de Gênesis 6

O autor vai trazer luz nas expressões hebraicas para o que seria aquilo que se chama: “filhos de Deus” em Gênesis 6, e concluímos, seguramente, que talvez seja a melhor análise breve do assunto desde a Reforma até aqui. É claro que seria um tema a se debruçar, ainda, que seja profundo, pensamos que Pember sintetizou o suficiente com a habilidade de manter a clareza, performance que torna esse autor cada vez mais único, seria de uma importância imensurável para cada filho de Deus poder ver a análise desse erudito piedoso sobre essa matéria. Certamente, Pember influenciou muitos a partir da sua visão que, ao que tudo indica, parece ser a mais bíblica em se tratando – exegeticamente – de forma honesta o termo: “filhos de Deus” no Antigo Testamento.

Queda do Homem

O assunto da queda também merece um destaque na análise pemberista. O autor fala de muitos detalhes desde a nudez até o agente da tentação da queda, a Serpente, indicando que o animal não era como as serpentes da atualidade, Pember chega a inferir que o animal tinha extrema inteligência e mais parecia como um dragão, ao dizer isso digo em nome da DoPeregrino.com (junto com a equipe de análise como uma descrição mais pessoal de minha parte após as inferências do erudito autor do livro). De fato a descrição de Pember nos leva imaginar tal animal muito semelhante às características de um dragão oriental alado com opulência, beleza e cores atribuídas às suas asas. 

A Serpente parecia ser um animal de esplendor e domínio. Mesmo sendo apenas exercício de observação daquilo que poderia ser uma possível realidade, é muito interessante a abordagem que é feita dela no livro.

Anjos Caídos e Demônios são Criaturas Diferentes

Outra bomba no nosso mundinho teológico é o desbravar do autor em analisar de forma pioneira (para os nossos dias) e, ao mesmo tempo, rica; a diferença que pode haver entre anjos e demônios. Pember de fato nos choca com tamanha análise e nos dá uma abertura para ver aquilo que em nossa pressa descuidada, afirmávamos sem o devido critério, que os anjos caídos são os espíritos malignos que entram em corpos humanos e de animais; mas, sinto-lhe informar, o autor nos traz enorme luz à matéria e parece nos provar, abrindo a Bíblia que não; tanto da sua observação mitológica – pois era versado nas mitologias grega e romana –, quanto de detalhes da visão farisaica observada no livro de Atos dos Apóstolos, que anjos não eram os espíritos, e que eles tinham seus próprios corpos, não tendo a necessidade de possuir corpos humanos, sendo, já, os demônios seres que necessitavam de corpos inclusive para se sentirem bem, o assunto é impressionante.

Extras

Há uma preocupação do autor com o hebraico e também em analisar a forma ternária do homem, onde explendidamente G. H. Pember discorre da expressão pluralizada “fôlego de vidas” que assim está no hebraico para trazer com afinco não somente sua opinião contrária à visão do “pai da Igreja” Tertuliano – que a carne era o corpo da alma, como a alma o corpo do espírito –, mas também para explicar de uma forma indubitavelmente bíblica a tripartição humana, mesmo os críticos dessa linha de pensamento deveriam ler a forma que George Hawkins Pember expõe tal assunto.

SUMARIO

Achamos por bem deixar o sumário do livro para o leitor perceber numa visão mais ampla, os 9 capítulos, e ao mesmo tempo ter uma constatação do que o conteúdo apresentado no livro pode trazer.

1
A Criação

Compreendendo a Criação

2
O Intervalo
  • O Príncipe deste Mundo
  • O deus deste Século
  • O Governo de Miguel
  • Ezequiel 28
  • O Senhor e Satanás: Seus Ofícios
  • Duas Ordens de Súditos de Satanás
  • Diferença entre Anjos e Demônios
  • Evidências da Raça Pré-adâmica
3
Os Seis Dias

A terra arruinada e os Seis Dias da restauração

4
A Criação do Homem

5
A Queda do Homem
  • Conduzidos pela Noite
  • Adão e Eva
6
O Juízo e a Sentença

Cardos e Abrolhos 

7
A Era da Liberdade
  • Descendência de Adão
  • Invocar o Nome do Senhor
  • Enoque
8
Os Dias de Noé
  • Os Filhos de Deus e as Filhas dos Homens
  • Objeções
9
"Assim como foi nos Dias de Noé"

A Operação do Principe deste Mundo

Onde Comprar

Gostaríamos muito de colocar o link para compra do livro como sempre costumamos fazer em nossas análises e recomendações, mas aqui está a notícia ruim, o livro já há algum tempo encontra-se esgotado e a cada dia vem se tornando um material raro, chegando a ter seu valor inflacionado em casas específicas de venda de livros, como sebos e sites como Mercado Livro, e enquanto a Editora dos Clássicos não publica uma nova tiragem a tendência é que os livros remanescentes – desta obra – mesmo usados cheguem a preços exorbitantes.

Conclusão

Pember não era um cristão comum, embora ser comum devesse na verdade ser o que Pember era, o fato que a contribuição deste livro, seja para concordância ou para o debate, é enorme, recomendamos fortemente a leitura, embora para isso haverá um esforço até mesmo financeiro para conseguir essa obra seja em inglês ou mesmo em português.

O mais importante sentimos que não é o fato de ler um livro desses, mas de conhecer um autor “desses”. Embora, não esteja sendo mais publicado (até o momento desta resenha) o livro, podemos desfrutar de várias outras obras de potência semelhante, e, felizmente, a Editoria Escriba do Reino vem dando grande importância para o autor, temos publicações de G. H. Pember em PT-BR tanto em kindle quanto em impresso, tais como:

As Grandes Profecias;

Animais Seu Passado e Futuro – versão impressa;

O Anticristo A Babilônia e a Vinda do Reino;

O Governo dos Anjos sobre o Mundo e sua Relação com a Igreja.

Todas essas obras são marcantes e impressionantes e junto com “As Eras Mais Primitivas da Terra” formam um batalhão literário que nos faz ter em mãos livros com erudição rara que só posso ver semelhança naquilo que havia entre os “pais da igreja”; posso estar exagerando? Se sim me perdoem, mas nossa sensação é unânime em apoiar essa conclusão, apenas considera fazer um teste, ou seja, ler algo desse autor e poderá entender o que estamos tentando dizer.

Temos ainda uma outra análise mais resumida aqui no site DoPeregrino, você pode ver por aqui: Nossas Recomendações.

Leia mais sobre Pember na Internet, acesse:

G.H. Pember Quem Foi

G.H. Pember Editora dos Clássicos

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