Pergunta sobre a possível divindade do Espírito Santo e se a Bíblia de fato afirma isso. É importante salientarmos que a confusão que alguns cristãos fazem acerca do Espírito é legítima desde que se apoiem na honestidade e este é o caso desta pergunta, a pessoa que a fez é nova em sua fé e vamos chama-la de agora em diante de Titi.
Alguns podem achar a pergunta nenhum pouco ortodoxa, mas temos que entender primeiramente que o irmão Titi é um jovem que acabou de se converter a Cristo e tem desejo de aprender, mas que ainda algumas coisas não foram compreendidas, por essa razão não ajustamos sua pergunta, fizemos questão de manter o artigo indefinido ([um] Deus), pois tudo aqui é para aprendizado dele e nosso.
Alguns dizem que o Espírito Santo mencionado na Bíblia é uma força impessoal; existe nos dias de hoje inclusive um grupo que alega isso, bem conhecido, “Testemunhas de Jeová”.
Queremos deixar claro aos que pertencem a esse grupo que nosso enfoque no site não é atacar a honestidade das pessoas e tampouco elas, mas vamos expor o que entendemos ser a verdade da Bíblia, portanto, na defesa do Evangelho não podemos titubear ou sermos fracos, desta maneira aos que têm uma compreensão diferente não queremos nenhum tipo de associação exceto apenas um convite à leitura que se segue, pois entendemos que isso é um assunto fundamental e não algo para livre divergência.
Também é importante frisar que não temos qualquer dúvida do que vamos falar e se agirmos ao contrário disso que cremos tendo nossa consciência prontificada a nos acusar, teremos que prestar contas Àquele que sabe todas as coisas. Bom, agora que já esclarecemos, já de início e sem rodeios afirmamos: O Espírito Santo não é um deus; Ele é DEUS! E a Bíblia é muito categórica quanto a isso.
A Bíblia diz em Gênesis que o Espírito Santo estava colocando ordem na terra, que estava em caos (Gn 1.2), este processo encaminha-se do ato criativo e restaurador de Deus, algo que somente Deus pode fazer.
Portanto, este trabalho do Espírito Santo sobre a superfície do abismo é incomum a seres criados, é um trabalho restaurador do poder criativo de Deus.
Não podemos de forma alguma afirmar a divindade do Espírito Santo se Ele não for pessoal, pois Deus é um ser pessoal, que fala, sente, pensa, age; desta maneira O Espírito do Senhor deve conter essas características doutro modo Ele não poderia ser considerado, tanto pessoa quanto Deus.
“Mas eles se rebelaram e magoaram o seu Espírito Santo. Foi então que ele se transformou em seu inimigo e guerreou contra eles.” [Isaías 63. 10 – BJ, 2002, grifos meus].
Notem pela passagem três coisas:
Atitudes das pessoas: algumas pessoas se rebelaram;
Consequência dessas atitudes: magoaram alguém;
Quem foi magoado? O Espírito Santo;
Resultado: Ele (Deus) se transforma em inimigo dos rebeldes (aqueles que magoaram o Espírito Santo) e guerreia contra eles por se rebelarem contra Ele, sendo que na verdade eles se rebelaram contra o Seu Espírito, essa identificação é muito fundamental e a retomaremos adiante.
Esse quadro é muito claro, observamos delitos, alguém que sofre pelos delitos, e o que resulta deste sofrimento. Ou seja, Este que sofreu se torna inimigo deles.
Como tudo isso poderia funcionar em algo que não fosse pessoal?
Eu poderia dizer que posso me rebelar contra coisas, objetos e forças? Como poderia magoar coisas, objetos e forças? Posso, por exemplo, me rebelar contra o meu ventilador? Ou contra a eletricidade? Como esses elementos poderiam se tornar meus inimigos e ainda guerrear contra mim, como pode haver um inimigo não pessoal?
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção.” [Efésios 4.30 – ARC 2009].
Além de magoar-se, Ele também se entristece, o que prova de uma maneira muito simples que Ele é de fato uma pessoa.
Certa vez, um jovem me interpelou tentando colocar sua ideia de que o Espírito Santo de Deus não fosse uma pessoa, para isso ele deu um exemplo um tanto estranho, ele, de maneira análoga, disse-me que o Espírito de Deus é como um bote salva-vidas eu entro no bote e atravesso o mar em um momento de tormenta ou de naufrágio de um navio, portanto, o bote salva-vidas é um elemento providencial para me salvar, mas ele mesmo não foi meu salvador e tampouco esse resgate foi um resgate humano, mas sim um veículo que os homens treinados que de fato são pessoas, usaram para fazer o resgate, assim ele resumiu o Espírito Santo de Deus.
Minha questão com ele foi muito simples, apenas disse: “qual a probabilidade de um bote salva-vidas ficar triste?” Ele não entendia a pergunta, mas no fim respondeu: nenhuma. Aí eu disse a ele, se já tinha conhecido alguém com a cabeça em ordem sair por aí discutindo ou brigando com um bote salva-vidas?
Imagine alguém sendo resgatado discutindo ou brigando com o bote: “Ei! Vai mais devagar seu bote, está molhando o todo meu cabelo”; que tal uma versão mais cordial: “bote, eu não sei como lhe agradecer por me salvar estaria perdida sem você!”
Ele achou muito inapropriado meus questionamentos; eu disse que da mesma forma achava inapropriada a comparação dele porque a Bíblia diz que o Espírito Santo pode ficar magoado, triste, irado (Is 63.10; Ef 4.30; At 5.3-4; Mq 2.7); além disso, ela, diz que Ele ama (Rm 15.30).
Do mesmo jeito que não é comum um bote ficar triste tampouco seria comum admitir que alguém que fique triste ou magoado seja uma força ou objeto.
Para mais, temos que avaliar de agora em diante Sua divindade, porque quanto a Ele ser pessoa a discussão já chegou ao fim por ele ter sentimentos pessoais. Vale lembrar que também o Espírito Santo se encarnou na pomba ainda que pessoas admitam que ele possa ter a pessoalidade de algo semelhante a uma criatura animal, ainda assim essa pessoalidade tem que ser admitida.
É claro que não estou dizendo definitivamente que o Espírito de Deus é uma pomba, mas se encarnou em uma, e, portanto, foi naquele momento uma criatura que sente, pensa e tem vontades, ainda, que só nos restasse isso, ele teria pessoalidade.
Vamos tentar agora prosseguir com sua identificação divina, não apenas se identificando, mas sendo o Próprio Deus.
Sim. O Espírito Santo é Deus. Estava no conselho da usía1 divina em Gênesis 1.26 em relação ao pronome possessivo “nossa” e também ao substantivo hebraico para Deus que é plural, ELOHIM, (sem essa de plural majestático pelo amor de Deus!).
Ele é Deus digno de ser adorado, mas sua função é apresentar Cristo, esse é todo o objetivo do Espírito Santo. (Jo 15.26; 16.14)
Quanto à Sua divindade vamos colocar algumas passagens bíblicas que retratam sua identidade divina.
Observem a passagem de Isaías a seguir:
“Em seguida ouvi a voz do Senhor que dizia: ‘Quem hei de enviar? Quem irá por nós?’, ao que respondi: ‘Eis-me aqui, envia-me a mim’. Ele me disse: ‘Vai a este povo: Podeis ouvir certamente, mas não entendereis; podeis ver certamente, mas não compreendereis. Embota o coração deste povo, torna-lhe pesado os ouvidos, para que não veja com os ouvidos, seu coração não compreenda, não se converta e não seja curado.’” [Isaías 6.8-10 – BJ].
Essa passagem de Isaías diz que o Senhor faz uma pergunta: “Quem hei de enviar?”, ninguém discute que o Senhor é o próprio Deus. Então Deus diz a Isaías “Vai a este povo…“
Este povo na verdade manteria seus corações duros, embotados apesar da proclamação do profeta, pois esta experiência estava prevista para acontecer aos judeus o próprio Senhor Jesus faz esta citação (Mt 13.13-15), e, também Paulo; entretanto há algo muito intrigante na citação de Paulo, vejamos o paralelo:
“Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por meio do profeta Isaías, quando disse:
Vai ter com este povo e dize-lhe:
em vão escutareis, pois não compreendereis; em vão olhareis, pois não vereis.
É que o coração deste povo se endureceu: eles taparam os ouvidos e vendaram os olhos, para não verem com os olhos,
nem ouvirem com os ouvidos,
nem entenderem com o coração,
para que não se convertam,
e eu não os cure!” [Atos 28.25-27 – BJ, grifos meus].
Perceba que Paulo evoca exatamente a mesma passagem de Isaías que havia sido lida anteriormente (Is 6.8-10).
“Ouvi a voz do Senhor […] Vai a este povo e dize-lhe”.
“Bem Falou o Espírito Santo (…) quando disse: Vai ter com este povo e diz-lhe”.
Isaías diz que foi o Senhor quem falou; Paulo disse que foi o Espírito Santo. Quem está certo?
Primeiro voltemos à questão da pessoalidade, de acordo com Paulo, o Espírito também fala, Ele ouve, fala e sente; mas agora estamos indo muito mais longe, Paulo está dizendo que Aquele Senhor dito por Isaías e que Isaías conhecia como o Deus de Israel é o Espírito Santo!
Paulo diz que foi o Espírito Santo quem “disse”. Das duas uma, ou o Espírito Santo é um com o Pai e o Filho ou o Aquele Senhor dito por Isaías não é Deus! Se um for Deus o outro obrigatoriamente o é!
Há apenas uma forma de resolver essa questão mantendo o Espírito Santo como não divino, negar a inspiração do apóstolo Paulo e pôr de lado o livro de Atos dos Apóstolos ou ao menos Atos 28. Nada mais pode ser feito para anular a identificação do Espírito Santo com o Senhor de Isaías 6 que não seja isso.
Alguém vai dizer que o Espírito falou, mas agiu como algo parecido aos alto-falantes de hoje onde alguém os usa para multiplicar o poder de voz, mas até nós que somos limitados não dizemos: “o auto-falante me disse que há uma promoção na loja ele me falou para eu não perder 20% de desconto!”
Sabemos que nenhum homem ou mulher seria capaz de dizer algo semelhante.
Se um policial avisa o sequestrador pelo alto-falante que ele está cercado e que precisa se render, esse bandido seguramente não irá arrazoar: “bom, acho que o alto-falante me pegou não tenho nenhuma chance.”
O verbo “dizer” está tanto com o Senhor em Isaías 6 quanto com o Espírito Santo em Atos 28, o Senhor e o Espírito são Um, inegavelmente.
“Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher, Safira, vendeu uma propriedade. Mas, com a conivência da esposa, reteve parte do preço. Levando depois uma parte, depositou-o aos pés dos apóstolos. Disse-lhe então Pedro: ‘Ananias, por que enchou Satanás o teu coração para mentires ao Espírito Santo, retendo parte do preço do terreno? Porventura, mantendo-o não parmeneceria teu e, vendido, não continuaria em teu poder? Por que, pois, concebeste em teu coração este projeto? Não foi a homens que mentiste, mas a Deus'” [Atos 5.1-4 – BJ].
Agora estamos diante de uma declaração de Pedro, apóstolo de Jesus Cristo. A maioria de nós sabemos que Ananias e Safira venderam o terreno e fingiram ter dado todo valor, sendo que foi entregue apenas uma parte desse valor, isto foi muito sério, pois parecia que eles queriam enganar a igreja, não estamos condenando o casal de irmãos como muitos fazem, eles eram salvos de verdade e foram disciplinados ali mesmo, e só receberam dura disciplina por serem escravos de Jesus Cristo; mas o ponto não é este é a quem eles mentiram.
Se percebermos bem no versículo 3, Pedro diz que eles mentiram ao Espírito Santo, ok, tudo bem o Espírito Santo é de fato uma pessoa pois quem pode ser vítima de uma mentira senão uma pessoa?
Contudo no versículo 4 Pedro novamente diz que que ele (Ananias) mentiu, porém agora Pedro não diz Espírito Santo, e sim Deus.
No versículo 3 ele diz Espírito Santo, no versículo 4 ele diz quem é o Espírito Santo.
v3. “por que encheu Satanás o teu coração para mentires ao Espírito Santo (…)?”
v4c. “Não foi a homem que mentiste, mas a Deus”.
Pedro diz que o Espírito Santo é Deus, a mentira é ao Espírito Santo, o fato de Pedro ter comparado o homem a Deus (não foi a homem que mentiste, mas a Deus) foi para demonstrar quão mais grave é mentir a Deus do que a homens e isso acabou demonstrando a própria substância do Espírito Santo que era uma substância superior a do homem.
Vimos Paulo atribuindo a divindade do Espírito Santo pelo texto de Isaías identificando-o com Deus ao utilizar o tetragrama sagrado, semelhantemente vemos Pedro falando que o Espírito Santo é o Deus a quem Ananias e Safira mentiram.
Semelhante a tais menções que fizemos, há várias outras passagens bíblicas que colocam o Espírito no mesmo pé de igualdade com a divindade que não resta outra coisa a não ser reconhecer esse ente Santo como o próprio Deus, mas vamos deixar apenas mais algumas passagens para você leitor conferir e ver se há algum paralelo coerente:
Nada mais completo para a pergunta do Titi, que no final ele adicionar: “[O] [E]spírito Santo faz parte da trindade?” Sim, irmão Titi, e não sou em quem digo o próprio Senhor Jesus diz em Mateus 18 ao colocar o nome do Espírito Santo junto ao do Filho e do Pai:
” […] batizando-os em o nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19b – tb).
Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá. Porque o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado. [1 Coríntios 3.16,17 – NAA].
Paulo diz em 1Co 3.16,17 que somos santuários de Deus, observem agora:
Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que está em vocês e que vocês receberam de Deus, e que vocês não pertencem a vocês mesmos? [1 Coríntios 6.19 – NAA].
Em 1 Coríntios 3.16 somos santuários de Deus, mas em 1Coríntios 6.19 é dito que somos santuários do Espírito Santo. Como podemos desassociar o Espírito Santo do próprio Deus Triúno? Isso é impossível!
Alguém ainda usa de bravata e diz que a habitação no corpo de uma pessoa como está 1Co 6.19 não quer dizer que Deus está habitando ali e sim que aquele corpo foi consagrado por uma energia divina a fim de evitar a imoralidade e essa força divina é quem habita neste corpo, é como um aparelho eletrônico que recebe a eletricidade e não a usina. Que seria como se Deus fosse a usina e a eletricidade sua força, assim, na verdade, é sua força que é habitável.
Dizem isso para colocar a habitação como uma força e não como Deus.
A alegação ficaria assim:
“Por isso que o santuário de 1Co 6.19 é diferente do santuário de 1Co 3.16, pois este fala do santuário de Deus, aquele de onde está a força de Deus.”
Tenho que admitir que é uma manobra surreal tal afirmação.
Ainda que pudéssemos considerar esse absurdo argumentativo mesmo ele é dissolvido, facilmente, pela Bíblia:
Que consenso há entre um santuário de Deus e ídolos? Pois nós somos um santuário do Deus vivo, como Deus disse: Habitarei neles andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. [2 Coríntios 6.16 – TB, grifos meus].
Aqui é dito novamente que o santuário é de Deus, mas agora Paulo diz que o próprio Deus irá habitar nesse crente que é um santuário do Deus Vivo.
Se fosse apenas uma força ou energia habitável então o próprio Deus seria essa força e energia e Ele próprio seria, então, algo impessoal!
Dizer que o Espírito Santo é algo e desassociá-lo de Deus, sem que Deus seja punido é algo impossível! A menos que eu cancele todo o Novo Testamento, e faça muitas manobras no Antigo, será então possível afirmar que o Espírito Santo não é Deus!
Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito (…) [João 14.16 – tb, grifo meu].
A palavra Parácleto ou Paráclito como está na versão que adotamos (tb) é muito especial e pode ter amplo significado; entre eles, consolador, ajudador, intercessor, advogado, amparador, entre outros, Jesus era um Parácleto entre os discípulos, mas como Ele teria que ir para o Pai disse que rogaria ao Pai para que enviasse outro [como Ele] Parácleto, ou seja, haveria outro da mesma essência que Ele, que seria um Parácleto tanto quanto Ele e que estaria com os discípulos como Ele, e quem é?
O próximo versículo, o 17 revela: “O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber (…)”
Este outro só poderia ser algo ou alguém igual a Jesus que o substituísse à altura e que fosse como Ele, ou seja, Parácleto!
O Espírito e Jesus são Um, assim como Pai, o Logos e o Parácleto são Um. Os três são a formação do Deus Triúno. Os três são o que a Bíblia chama de Deidade, Divindade.
A palavra trindade não existe na Bíblia é verdade, mas é ela facilmente vista nas palavras: Deus; Divindade; Deidade; Elohim; Pai, Filho, Espírito Santo.
Isso é o que podemos concluir de forma bem fraca e débil, cheia de limitações, mas que talvez possa ajudar o irmão Titi, e tantos outros que possam ler este conteúdo, a entender a pessoa bendita do Espírito de Deus.
O Espírito da Verdade é uma Pessoa, é Deus e está em comunhão com os filhos de Deus na Igreja. Qualquer coisa diferente disso é ir contra o que há de mais cristalino na Bíblia Sagrada; não há “grego”, contexto, “isso ou aquilo” que tenha qualquer chance de invalidar primeiro Sua pessoalidade por último Sua Divindade.
Agradecemos muito a importante pergunta feita pelo nosso irmão Titi e esperamos que esse conteúdo possa ajudá-lo, assim como vários filhos de Deus.
Ao Espírito Santo, O Parácleto, está toda nossa rendição.
Equipe de Redação