Grego Philois, Série: para o auxílio do aprendizado grego.
É possível aprender grego por conta própria ou, então, ser muito ajudado por meio de materiais pontuais e específicos, este é o intuito deste post. Vamos elencar os melhores materiais (pelo nosso escrutínio DoPeregrino.com).
Sumário
O ideal é sempre iniciarmos com os materiais mais simples e enxutos. Para começarmos vamos indicar, então, um léxico básico:
O Léxico do Novo Testamento de F. Wilbur Gingrich e Frederick W. Danker.
Esse léxico tem a vantagem de ser simples, e serve como treino para se familiarizar com várias palavras do grego; entretanto, ele marca as palavras em sua raiz, assim como seria em sua forma “lemmatica”, isso pode ser comparado com algo semelhante no português como da seguinte forma: supondo que encontre o verbo na seguinte oração: “eu te amarei”, se você procurar em algum dicionário básico da língua portuguesa provavelmente não achara o siginificado de “amarei” (que seria o verbo amar na primeira pessoa do singular no tempo futuro).
Por quê?
Porque a forma padrão é o verbo ser verificado — na convenção da língua portuguesa — no modo infinitivo, ou seja, amar.
Portanto, não encontrará “amarei” e sim “amar”, a partir de então o dicionário poderá dar mais informações sobre tempos e modos do verbo amar.
Assim, acontece com um léxico básico, ele vai se manter na forma “lexical”.
No grego, o verbo em sua forma lexical nunca estará no infinitivo, mas conjugado na primeira pessoa do presente do indicativo, o que indica, por vezes, que ele terá sua terminação em ω (ômega).
Assim haverá também outros padrões lexicais para substantivo e adjetivo.
Mas, mesmo assim, é possível entender o significado, porque você terá a chance de encontrar o vocábulo pelo início da palavra. Apenas que, não entenderá, de forma analítica, do que se trata, como no exemplo do verbo “amar”, pois como já mostramos, o verbo pode estar num aspecto verbal que difere do padrão lexical.
Apesar dessa ressalva, o léxico básico faz parte do processo de aprendizagem e deveria, de alguma maneira, ser a porta de entrada no assunto para o estudioso de grego bíblico.
Publicado pela editora Vida Nova.
O Léxico Analítico de William D. Mounce é uma excelente ferramenta e começa fazer uma enorme diferença para o estudante. Pois, este léxico, diferente do primeiro, consegue mostrar tudo o que é encontrado no Novo Testamento grego; não se restringindo ao formato lexical; isso, tanto para verbos quanto para substantivos e adjetivos.
Contudo, o nível de complexidade de manipulação, assim como as convenções padronizadas, devem ser aprendidos, de outro modo ele passará a perder boa parte da sua utilidade.
O léxico básico não demanda maiores aprendizados do grego para utilizá-lo, já este, por sua vez, requer ao menos um entendimento básico dos verbos e dos casos, para entender as ocorrências; mas nada que o bom e velho esforço não possa resolver. É importante também ler o prefácio e introdução para saber minimamente manipulá-lo.
Assim, esse material pode ser mais útil ao longo de um curso de grego bíblico vigente.
Publicado pela editora Vida Nova.
Esta obra é um clássico para auxílio nos estudos de grego e hebraico. Contendo os principais verbetes da Bíblia, sendo de fato uma grande e impressionante fonte de consulta. Contudo, ainda que abranja inúmeros verbetes, existe um problema que, dicionários de palavras e termos tem grande dificuldade de resolver: encontrar e destacar a categoria semântica do termo.
Um modelo disso é, por exemplo, a palavra “espírito” ela pode ser a descrição de uma parte do homem na tricotomia humana, ao mesmo tempo que, ele pode indicar, uma influência, como em: “minhas palavras são espírito e vida (João 6.63)”. Assim, o termo pode se referir ao Espírito de Deus ou da qualidade de Deus, e pode, tanto pelo grego quanto pelo hebraico, significar: vento, sopro, inspiração, ar, fôlego.
Como podemos averiguar, um dicionário que colhe apenas o termo e o define, fica de alguma maneira limitado quanto à sua categoria semântica, não podendo ser muito específico em determinado significado; devido a isso ele terá alguma limitação inevitavelmente.
Além disso, surge outro problema, a repetição infrutífera daquele significado em outro verbete, sendo que, se pudesse elencar a categoria semântica, poderia reaproveitá-la e apenas inserir um verbete junto ao mesmo significado desde que ele fizesse parte daquela categoria.
Para uma melhor compreensão suponhamos que existisse uma categoria “vento”, poderia incluir a ela a expressão pneuma, mas também pnoē; ainda que sejam diferentes na palavra podem ser iguais no significado dependendo do contexto, e, por fim, ainda poderia adicionar o termo anemos que também significa vento. Perceba como você pode reaproveitar muito mais um significado do que tendo que repeti-lo a outros verbetes?
Devido a isso, os dicionários tradicionais como Vine devido a alguns verbetes, até por uma questão de tamanho, poderão ficar de fora ou serem tratados com menor importância do que deveriam.
Portanto, o correto seria encontrar uma forma de achar o significado no dicionário e os verbetes aparecessem convenientemente ao contexto.
Desta forma, os dicionários tradicionais, como o Vine, podem acabar excluindo ou subestimando alguns verbetes devido a restrições de espaço, o que os leva a perder um pouco da relevância que deveriam ter.
Publicado pela CPAD.
O léxico Louw-Nida é, justamente, o recurso que foca na categoria semântica, do qual os principais dicionários não alcançam.
O problema existente no dicionário Vine, é resolvido pelo Low-Nida.
O léxico Low-Nida registra um valor numérico que representa a semiótica de um assunto; por exemplo, voltemos ao termo: “espírito”, suponhamos que ao procurar espírito no Low-Nida, ele lhe dê vários códigos semânticos, assim ao pesquisar o significado de espírito (pneuma) ele vai dizer algo do tipo: “depende”; se você quer o domínio semântico para vento é: 20.1 (óbvio que esse número é fictício); mas se quiser ver pneuma na característica de espírito humano, 33.97; todavia ainda poderia analisar o domínio semântico de influência, poder ou inspiração, para isso, mais uma vez como exemplo hipotético um código do tipo 100.23.
Percebe que é a mesma palavra com várias semióticas?
Consegue compreender o ganho que você receberia ao consultá-lo?
Não será necessário tentar resumir pneuma de uma vez, apenas que, encontre o significado que melhor pode ser observado no estudo que está fazendo.
O ganho desse dicionário — ou como os editores preferem denominar: léxico — é vultoso.
Publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil.
Agora chegou o momento de recomendamos algumas gramáticas, queremos, em especial, focar em dois seguimentos, as gramáticas em si, e, possíveis materiais de aprendizado do grego com foco menor no conceito gramatical em si, mas na leitura e aprendizado mais natural.
Essa gramática de Stelio Rega e Bergman, é uma rota muito segura para o aprendizado, com detalhes importantes e uma base muito boa.
Este é tipo de material que vai ser útil para quase tudo, porém pecará, se é que posso dizer assim, no aprofundamento. Chegará um momento que o material não poderá te responder com mais detalhes, isso acontece, por exemplo, com questões mais de cunho exegético e também com análises mais criteriosas como o uso dos particípios e o avanço no sistema de casos.
Mas inegavelmente está entre o que temos de melhor em língua portuguesa para o estudo do grego koiné; apenas que, a lógica utilizada nos verbos, entendemos que continua fora da melhor observação do que temos hoje, que a avaliação é do aspecto e não do tempo verbal.
Essa gramática tem que ser considerada como um item indispensável para o estudo do grego. E uma fonte sempre relevante de pesquisa e estudo.
Publicado pela editora Vida Nova.
Assim como a de Stelio Rega, aqui Renato Gusso, traz uma forma de aprendizado bem linear que às vezes parece ser ainda mais didático.
Porém, como na análise anterior, o conteúdo será limitante, sendo em alguns momentos apenas uma demonstração de determinado assunto e nada mais. É nítido que para o aprofundamento exegético o livro não poderá ir muito longe.
Mas, é um material didático que por fim trará grande utilidade ao estudante. Atualmente está na segunda edição, a qual ganhou uma pequena ampliação de 352 para 368 páginas, mas mesmo assim ainda é menor que a gramática de Stelio Rega que contém 448 páginas.
Publicado pela editora Vida Nova.
Embora essa obra seja um best-seller lá fora aqui no Brasil não é possível dizer o mesmo.
Isto se deve muito provavelmente a baixa divulgação e somado a isso a tradução juntamente com os caracteres gregos que estão cheios de erros.
Mesmo o estudante inicial perceberá facilmente o sigma inicial: σ, sendo colocado no final de forma incorreta; pois no final, sua grafia deveria mudar para: ς. A troca do ómicron por ômega e outros exemplos que vão ficando mais sérios principalmente com verbos podem ligar o sinal de alerta para adquirir esse material.
Induzir os estudantes ao erro torna o aprendizado um problema, quando não deveria ser assim, uma vez que a falha é editorial e não faz parte da obra original. Definitivamente comprometer o ensino nestes termos é uma lástima. Pois poderia ser lançada uma nova edição que corrigisse isso, mas ao que parece isso ainda não aconteceu.
Entretanto, a proposta é muito interessante, pois o grego é apresentado de forma mais instintiva, ao passo que é removido de sobre essa língua qualquer terror de aprendê-la.
John H. Dobson, apresenta um método mais natural de aprender. Teria tudo para dar certo se tivéssemos uma edição que corrigisse boa parte dos erros.
Porém, se comprar o livro e perceber o erro, e, assim, fazer marcações à lápis poderá tirar um enorme proveito, porque não será levado a cometê-los; contudo, se o entendimento da língua é muito pequeno, seguramente não somente vai errar como aprender de forma errada.
É possível que os já alfabetizados, e os que têm alguma noção dos verbos utilizar esse material com êxito, mas que fique bem registrados as ressalvas supracitadas.
Publicado pela CPAD.
Por Daniel B. Wallace.
Diante do que já falamos das gramáticas anteriores, mais precisamente, “Noções do Grego Bíblico” e “Gramática Instrumental do Grego”, essa gramática aprofunda e vai nos pontos que estas não conseguiram alcançar.
Lembrando, é verdade, pode parecer assustador, mas o próprio autor pede para que, certas questões acadêmicas sejam ignoradas, principalmente se o estudante não estiver familiarizado.
A gramática abrange pontos completos, e excede em muito vários conceitos, principalmente, no sistema de casos, sendo necessário às vezes reconsiderar a enorme quantidade que Wallace aplica a eles.
Todavia, a aplicação exegética está garantida nesse material. De fato, uma excelente obra, mas para quem já avançou dos conceitos básicos do grego bíblico.
Publicada pela editora Batista Regular.
David L. Mathewson.
Elodio Ballantine Emig.
Infelizmente não temos uma gramática em português (até esse momento que escrevemos) abordando os avanços e descobertas do verbos gregos, sim, não é como o português, o grego tem muito mais a ver com como algo acontece do que quando acontece; a visão do que acontece é mais importante do que determinar o tempo, é aqui que essa gramática faz um papel brilhante, trazer a abordagem verbal não no tempo, mas no aspecto.
Vamos elencar os exemplares do novo testamento grego, contudo não abordaremos qualquer material que não faça parte, em termos de crítica textual, do texto crítico.
Esse Novo Testamento grego segue o conceito crítico do texto que também encontramos na obra Nestlē Aland 28ª.
Portanto, não segue a linha do texto bizantino que se convencionou mais tarde chamar: “Textus Receptus”.
Entretanto, ainda que o texto seja exatamente, exceto por algumas poucas grafias e pontuações, como NA28, ele no seu aparato crítico difere consideravelmente, sendo, na verdade, este o ponto forte do Novo Testamento NA28.
Contudo, vale mencionar que esse Novo Testamento é excelente, bem impresso, tamanho compacto e uma obra de referência para tradução.
Todo estudante de grego deveria fazer uso dessa obra em seus estudos, caso não opte por NA28.
Publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil.
O que há de melhor atualmente na Crítica Textual, o que faz também ser um Novo Testamento grego completo.
Tanto este material como a 5ª edição são valiosos para o estudo da língua grega, se tornando ambos indispensáveis para essa jornada, uma vez que os interlineares não são bem-vindos nesse processo.
É importante destacar que um Novo Testamento Grego-Português Interlinear não é positivo para estudante, o nosso cérebro procurará seguramente a resposta vernácula em linha, e o hábito de ler em grego será comprometido.
É o mesmo, se fosse possível, que alguém que ao aprender fosse ler algum livro em inglês interlinear. Não faria sentido para quem quer aprender uma língua seguir com esse processo.
Nossa recomendação é ter um Novo Testamento Grego com o texto crítico e tanto a 5ª edição quanto NA28, atendem bem essa demanda.
Publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil.
Esse material é bem harmonioso, tendo acabamento e bom estilo tipográfico, seu aparato crítico é pequeno e quase irrisório em algumas ocasiões, o que indica que o foco dessa obra é estimular o leitor a ler em grego extraindo o melhor dessa experiência.
E, de fato, quanto à leitura, ele tem sido uma estimada obra.
Ainda que se norteie no texto crítico em relação à crítica textual, sua atuação é específica da Tyndale House, há peculiaridades que diferem esse Novo Testamento do que há no NA28 e na 5ª edição (UBS). Principalmente na grafia de nomes e pontuações.
Ainda que não se norteie pelo Textus Receptus, sua crítica contém peculiaridades; no entanto, não deixa de ser uma obra de referência com foco mais voltado à leitura e a aprendizagem do texto grego do que necessariamente à crítica textual.
Este Novo Testamento não difere de seus pares, exceto pelo trabalho de Barbara Friberg e Timothy Friberg de criarem códigos morfológicos debaixo de cada verbete, isso indica que se você decorar as convenções dos códigos poderá compreender do que se trata o verbete ainda que não saiba a tradução dele.
Será possível saber se se trata de um substantivo ou um verbo; poder-se-á verificar conjunções e preposições.
Estas formas podem se tornar familiares com o esforço da leitura e do domínio das convenções; portanto, o ganho no estudo com esse material poderá ser considerável.
Entretanto, a impressão tipográfica não está boa, sendo alguns caracteres difíceis de perceber e reconhecer seus espíritos e acentos.
Esse falha no acabamento compromete parte daquilo que deveria ser uma boa leitura, além do padrão estético ser um quesito que está ausente.
Contudo, se a análise morfológica for a meta, o material ganha outros contornos.
Para finalizar o texto segue sendo um texto crítico, mas não da versão mais atualizada como NA28. Assim, alguma mínima diferença pode estar presente quando comparado aos textos mais recentes de NA28 e 5ª ed.
Publicado pela editora Vida Nova.