O Velho Homem e o Novo Homem – G. H. Lang

Pequeno excerto extraído (mais precisamente o capítulo 7) de uma obra denominada “The Clean Heart” de G. H. Lang. Você pode adquirir o livro no formato ebook Kindle por esse link aqui

 

O Velho Homem e o Novo Homem – G. H. Lang

O Coração e sua Conexão com o Novo Homem

Este processo de desvincular o coração do velho homem e conectá-lo ao novo homem deve ser considerado com cuidado, pois disso depende a perenidade da pureza do coração.

E, em primeiro lugar, por nenhum esforço próprio isso pode ser alcançado. A constituição do ser humano como uma criatura à semelhança de Deus, com um coração no qual processos intelectuais, emoções e vontade devem coexistir, foi nada menos do que a escolha e criação de Deus. O homem arruinou essa constituição, ao mesmo tempos que não é capaz de reconstruí-la; ele desfigurou a semelhança, e não pode restaurá-la. O Criador, e somente Ele, pode recriar essa constituição arruinada, e no processo, torna-a mais nobre do que no início; e quando o trabalho estiver concluído, ela estará eternamente protegida contra futuros desastres. Pois enquanto a natureza de Adão em sua inocência era capaz de cair e ser arruinada, a nova natureza, sendo a natureza divina, não é suscetível à deterioração. E, portanto, é verdade que

“Em Cristo, os filhos de Adão se orgulham 

De mais bênçãos do que seu pai perdeu.”

A Encarnação do Filho Eterno e a Vitória sobre o Pecado

Ele enviou ao mundo Seu próprio Filho Eterno e co-igual a Ele, para que, por meio de um verdadeiro nascimento sobrenatural de uma virgem, Ele pudesse assumir para Si uma humanidade real, tornando-se Deus manifesto em carne, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, participando plenamente da natureza humana sem compartilhar do seu pecado. Assim, surgiu na esfera dos assuntos humanos alguém que, por causa de Sua humanidade, era capaz de sentir o poder de todas as experiências humanas e a plena força da tentação, mas que, devido à Sua fé filial em Deus, também era capaz de não sucumbir às circunstâncias e de resistir a qualquer tentação.

Essa vida eterna que estava com o Pai foi assim manifestada a nós nesta terra, e aqui, sob as condições mais difíceis da vida terrena, essa vida triunfou onde a mera vida humana havia sido uniformemente, humilhantemente, derrotada. No primeiro ataque de Satanás, Adão caiu, provando a insuficiência da natureza humana desamparada, mesmo nas condições mais favoráveis. Mas diante dos ataques totais deste mesmo tentador, Cristo permaneceu firme; e até mesmo sobre a morte em Si, o último e mais poderoso inimigo do homem, Ele ressurgiu triunfante — assim provando a total suficiência do homem quando energizado pela vida de Deus.

A próxima etapa em nossa recuperação é que Deus se compromete a criar uma união real, vital, efetiva e eterna entre Cristo, Seu Filho ressuscitado, e o homem que recebe Cristo como sendo o Filho de Deus e com o propósito de que Cristo seja seu Salvador pessoal. Essa união é realizada naquele que crê pelo Espírito Santo de Deus, que procede do Pai e do Filho, e igualmente a eles é, também, Deus, e que, por Seu poder divino, concede ao crente em Cristo a vida de Cristo. Desta maneira, de fato, recebemos uma medida do próprio princípio de vida e poder da natureza divina que está em Cristo Jesus. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas [nessa nova criação] são de Deus” (2Co 5.17, 18).

No entanto, muitos crentes serão compelidos a dizer: “Isso não é minha experiência, pois as coisas antigas não passaram. Ainda sou atormentado por pensamentos, imaginações e sentimentos que são da carne. Minha memória está carregada com o entulho acumulado de leituras, conversas e atos profanos. Meu pensamento sobre assuntos divinos é pervertido pelos raciocínios de horas de descrença, e ainda me custa acreditar em algumas coisas na Bíblia. Cenas impuras surgem em minha imaginação, e junto com o desejo de ser santo, existem anseios por coisas impuras. Meu coração não é puro, mas misto; e ‘o bem que eu quero, esse não faço, mas o mal que não quero, esse pratico’ (Romanos 7.19)”.

A questão que surge é: como o velho homem pode ser tratado de forma tão eficaz ao ponto dele perder o poder de infectar o coração com o mal que é tudo o que ele pode produzir? Obviamente, esse resultado seria alcançado de maneira mais simples e certa se ele pudesse ser morto, pois um homem morto não tem poder para causar estragos, sendo incapaz de sugerir pensamentos, inspirar sentimentos ou influenciar a vontade de outro.

Mas como nosso velho homem pode ser morto? Não por quaisquer esforços próprios! Nem podemos persuadi-lo a cometer suicídio! Essa morte deve ser realizada pelo poder de Deus! Somente Ele pode matar essa coisa maligna.

Agora, vamos ouvir o que Deus diz que Ele realmente fez nessa questão. Ele declara claramente que nosso “velho homem foi crucificado com Cristo” (Romanos 6.6). A Escritura não diz que nosso velho homem está sendo crucificado como se fosse um evento presente ela declara algo que ocorreu e foi concluído na cruz de Cristo. A passagem também não diz que nosso velho homem foi crucificado em nós, como alguns afirmam de forma imprecisa; mas ela declara o que Deus diz que Ele fez com nosso velho homem em Cristo quando Ele morreu de uma vez por todas.

O Erro da Doutrina da Erradicação do Pecado

A doutrina de que a natureza carnal é erradicada do crente enfrenta duas dificuldades insuperáveis. Se fosse assim, então a única natureza restante nele seria a natureza divina. Essa natureza não pode pecar, nem mesmo responder à tentação em qualquer grau. Então, o que há em tal pessoa que pode responder ao mal e pecar? O santo não deveria cair, nem ser capaz de fazê-lo; no entanto, admite-se que o primeiro seja possível e o último seja um fato.

Em segundo lugar, se a única natureza que resta é a divina e, no entanto, o cristão pode cair, então eternamente haverá uma possibilidade de ele cair, pois, nesse caso, ele já é internamente tudo o que será externamente no futuro.

A sugestão de que Colossenses 3.9 “vós vos despistes do velho homem” significa que ele foi colocado para fora, além de ser removido, não pode ser mantido. Isso se baseia no “ek” em “apkduomai”, que geralmente significa “fora de”. Mas isso não pode ser o significado aqui, pois (1) em 2.11, o termo derivado “apekdusis” é aplicado à circuncisão, em que houve apenas um corte, não um lançamento, da carne, e isso é uma declaração metafórica de nossa experiência espiritual em Cristo; e (2) a mesma palavra “apekduomai” é usada em 2.15 para descrever o Senhor “despojando-se dos principados e potestades”, onde o despojamento é claramente o sentido completo do termo, pois eles nunca tiveram lugar dentro d’Ele para serem forçados a sair. Importante considerar que a palavra não é encontrada em outros lugares do Novo Testamento.

O que Aconteceu com o Velho Homem

Em contraste com essa ideia infundada de erradicar a carne, a segurança que Deus nos oferece é que nosso velho homem não está vivo, pois ele foi crucificado no Calvário. Deus em nenhum lugar nos convida a consultar nossa experiência nesse ponto, nem em lugar algum Ele nos informa que nosso velho homem está morto em nós ou removido de nós! Não! Deus desvia completamente nossa atenção de nós mesmos e nos ordena que consideremos o que Ele fez por nós em Cristo.

Somente aquilo que foi feito por nós em Cristo Jesus, como nosso representante, pode ser efetivado em nossa experiência. E o que foi feito podemos aprender apenas pela Palavra de Deus, pois somente por meio dela podemos conhecer Cristo e Sua obra. E essa Palavra de Deus afirma categoricamente que nosso velho homem não está vivo, mas morto, pois ele foi detido, crucificado e executado por seus crimes quando Cristo Jesus sofreu a pena de morte em nosso lugar, pelas mãos da justiça divina. Assim é como Deus considera a questão, e assim devemos considerá-la também.

A posição agora é que nosso velho homem não está mais vivo. Isso é uma questão de testemunho divino, e, portanto,  é algo que deve ser considerado como verdadeiro e acabado.

A Falha na Experiência ao Lidar com O Velho Homem

Mas alguém poderá dizer: Como explicar então a minha experiência que de alguma maneira afirma que ele está constantemente e vigorosamente, infectando meu coração com suas influências malignas? Se ele está morto, como ele tem tanto poder como se estivesse vivo?

A resposta, meu amigo, é simplesmente que você, por sua parte, não aceita como verdade em seu caso aquilo que Deus diz ser verdade para você em Cristo. Conforme você se levanta de manhã e encara o dia, sua atitude é praticamente esta: “Bem, suponho que a cansativa luta contra o pecado que habita em mim deva continuar por mais um dia. Serei vencido novamente, como no passado. Parece não haver esperança de nada diferente até que eu chegue ao céu”.

Isso na verdade é a mais completa incredulidade. Você assume que seu velho homem está vivo, enquanto Deus lhe ordena que acredite que ele está morto, porque ele foi morto na cruz quando Cristo morreu por você. Você aceita a situação de acordo com sua própria experiência, em vez de aceitar como verdadeiro o que Deus declara. Deus diz que você, o pecador, o velho homem que praticou as obras malignas, foi crucificado; que você não está vivo, mas morto: você diz que isso não tem sido sua experiência; portanto, você não foi crucificado e ainda está vivo.

Este é exatamente o erro que os não regenerados frequentemente cometem em relação ao perdão dos pecados.

Deus declara que Ele fez com que nossas iniquidades se encontrassem em Cristo na cruz, que Cristo ali suportou nossos pecados em seu corpo, que nele nossa culpa foi devidamente punida e que, assim, através dele, satisfizemos a justiça, exaurindo nossa pena legal.

O incrédulo diz: “Mas eu não sinto que meus pecados se foram; eles ainda são um fardo em minha consciência; eu não me sinto perdoado; ainda temo a ira de Deus; não tenho experiência de que meus pecados foram removidos”.

Para uma pessoa assim, respondemos que nunca você se sentirá livre do fardo de seus pecados até que primeiro aceite simplesmente como verdadeiro o que Deus diz que foi feito na cruz. Você deve acreditar na declaração de Deus de que a obra de Cristo feita por você, foi definitiva e fez tudo o que era necessário para garantir seu perdão, nada mais restando.

A Declaração de Deus

Você deve aceitar como verdadeiro o que Deus declara, e então você se alegrará tendo este novo conhecimento, e sua experiência em breve estará em conformidade com isso. Para alguém assim, dizemos: Se um credor informa ao seu devedor que ele e uma terceira pessoa, por acordo mútuo, resolveram a dívida, o que o devedor tem a fazer senão acreditar na palavra de seu credor e ser grato? Se o próprio credor diz isso o que mais resta?

É exatamente assim com a questão do nosso velho homem. Por tempo suficiente fomos seus escravos, e amarga tem sido a servidão. Agora Deus nos dá a boa notícia de que nosso opressor está morto. É verdade que não temos outra evidência de sua morte além do testemunho de Deus; mas que melhor evidência de qualquer fato pode haver do que o próprio Deus afirmar? Cabe a nós acreditar nas boas novas e agradecer a Deus por nossa liberdade. Cabe a nós enfrentar cada dia com tranquilidade e felicidade, dizendo ao Senhor que consideramos como certo que, por Seu poder, a morte do velho homem se cumprirá em nossa experiência. E de acordo com nossa fé, assim será para nós; pois a lei do progresso espiritual é que o Espírito eterno torna experimental aquilo que aceitamos pela fé, apenas com base na palavra de Deus.

“Eu [Saulo de Tarso, o velho homem] fui crucificado com Cristo; e, portanto, agora, vivo, não mais eu [Saulo ou Paulo], mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne [no corpo], vivo-a na [princípio da] fé; fé esta no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou [à justiça] por mim” (Gálatas 2.20).

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G. H. Lang

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Série: Isso não vem de Vós Ep03

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