Filho Pela Geração, nascidos pelo Espírito
Muitos crentes não compreendem a questão filial na Bíblia, ora dizem que são gerados pelo Espírito conforme João 3.3; ora que são adotados conforme Efésios 1.5. A questão é que a própria Bíblia separa essas experiências filiais, portanto, seria de bom proveito enxergamos da mesma forma, esse é o motivo deste estudo.
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Filho Pela Natureza
Notemos cada tom das filiações citadas pela Bíblia. Dentro da nova era que é a atual era, vou chamá-la por minha conta e risco de: a “Era da Habitação Divina”1 é claro que podemos dizer simplesmente de a a Era do Espírito Santo. Eu sei que essa palavra “era” dá uma ideia um tanto esotérica2 mas não podemos limitar a Bíblia as formas humanas.
Adão era um filho de Deus pois foi confeccionado pelo Designer do universo. Deus moldou sua forma e aplicou um espírito, e quando o espírito ruah de Deus entrou em contato com o shape de argila criado pelo Sábio Designer, então, a alma foi gerada.
Com a criação da alma, o homem passou a ser completo no sentido de existência, logo, vivente. Adam foi chamado filho de Deus, pois ele veio de uma obra de Deus. Ele não precisou ser gerado por um ventre materno, entretanto, foi confeccionado um por Designer um Projetista.
Adão é muito interessante e especial porque ele nasce adulto, pronto. Ao longo deste estudo iremos perceber que há duas formas de filiação, e Adão tem as duas formas. Assim como o Messias Jesus, também passou pelas duas formas a primeira confeccionado pelo Espírito no ventre de Maria, a segunda revestido pelo Espírito em seu batismo.
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A Geração de um filho de Deus
“Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que creem em seu nome” (João 1.12 – bj).
Essa palavra é muito potente, no original, o verbo “receber” que está no aoristo, tem uma equivalência especial, que denota algo semelhante a um noivo que toma uma mulher como esposa. O que isso quer dizer é que o termo indica um receber definitivo e de uma conotação forte, é como ter uma aliança com Esse que estamos recebendo.
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εξουσιαν (exusian)5 é o termo grego original. Equivale dizer algo que vai além de poder, ou energia, ou força. Ele tem um respaldo mais focado no “direito que se adquire” isto quer dizer que se a partir de εξουσιαν eu não me tornar filho seria no mínimo algo injusto, algo que afetaria o meu direito adquirido.
O verbete para “poder”, no sentido de força energética que altera o curso da natureza e provoca mudanças ou abala o ambiente, algo como a força do atrito das leis da física, um raio agindo, uma explosão, incêndio, milagres ou qualquer alteração do curso natural, é δυναμις [dynamis]; o termo grego εξουσιαν onde geralmente na maioria das Bíblias em português do Brasil se traduz por poder não está devidamente adequado, pois embora poder sirva para, também, retratar direito, no sentido de exigir o direito que se adquiriu ou de força do direito, ele pode ser confundindo como já explicado anteriormente por dynamis.
Neste caso, então, a melhor forma de verter o vocábulo εξουσιαν é mesmo, direito adquirido e inegociável ou, então, simplesmente, autoridade; assim ao receber Jesus pelo crer no seu nome não se recebe [neste momento] uma energia mística transcendente para ser filho de Deus, isso tem menos a ver [neste momento] com o milagre do novo nascimento e sim com o direito adquirido para nascer de novo.
εξουσιαν é um termo tão potente que é como se Deus não tivesse escolha ao se deparar com alguém que recebeu esse direito de se tornar filho do alto; só então, por meio desse ato de autoridade é que, em seguida, o dynamis acontece ou, podemos dizer, um grande poder místico atua no espírito humano do adquirente de εξουσιαν para que o espírito [deste] seja regenerado.
Portanto, my friends, o direito ou a autoridade antecede o poder miraculoso. Nesse design todo, o poder miraculoso é, na verdade, um resultado da autoridade adquirida, essa autoridade vem pela simples fé de crer no Nome. Ao crer no Nome, Deus é obrigado a executar o dynamis da regeneração do espírito do crente pecador.
Isso é, NASCER DE NOVO – como a maioria dos cristãos conhecem – ou nascer do alto como o texto parece sugerir de forma mais literal.
Certa vez conheci uma mulher que disse que quando estava grávida, infelizmente, o pai e alguns parentes não queriam que a gravidez continuasse e tentaram fazer essa mulher desistir de dar sequência na sua gestação uma vez que estava no começo da gravidez. Pessoas mundanas muitas vezes justificam o aborto usando o “tempo”, achando que quanto mais cedo [abortar] menos “errado” será, tais pensam assim, certamente, por não conhecerem a vida e tampouco Deus.
Voltando à história. Essa irmã decidiu até as últimas consequências ter o seu filho, sofreu muito por isso, foi inclusive agredida e forçada tomar medicação abortiva o que a salvou foi um de seus irmãos que a protegeu e não deixou isso acontecer; permitindo assim que ela tivesse o direito de ser mãe.
Veja, o filho nasceria, mas o que permitiu ele nascer foi o direito dela de ter o filho; depois no parto haveria o “poder” para a criança vir ao mundo – por meio das mãos do obstetra – isso não poderia anteceder o direito, o direito vem antes. Se não há o direito de nascer, tampouco há nascimento, não adiante ter a habilidade de se fazer um parto, se não houver uma criança parar retirar do útero de sua mãe.
Isso é εξουσιαν, além dessa autoridade há também uma expressão maravilhosa em João 1.12, que é o fato da geração, da gênese dessa filiação, é importante que esse filho nasça, mas antes ele tem que ser gerado.
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Processo de Regeneração
Uma vez que se adquire a autoridade diante de Deus para se tornar filho então o processo de milagre irá acontecer, o dynamis do novo nascimento.
Mas antes de entendermos isso a fundo precisamos propor como essa passagem lida com o termo “tornar-se” usado na maioria das Bíblias espalhadas pelo mundo.
…deu o poder de se tornarem filhos de Deus… (bj, grifo e itálico nosso).
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Mas, friends, entendamos o termo original cunhado no grego; embora de fato exista essa possiblidade de usar tal termo como o verbo, tornar, no entanto, o contexto e a narrativa de João autor do Evangelho parece nos levar a uma forma e sentido muito mais para a ideia de nascimento e geração.
A palavra utilizada aqui é γενέσθαι [guenesthai] que é um verbo – mais que perfeito –, o seu termo raiz é γίνομαι [guinomai] que nada mais seria que a verbalização do substantivo grego: “γένεσις” que transliterando é gênesis (considerando que o grego não tem o som de ‘g’ como em gente, a leitura fonética é guênesis). Compreendem agora? O verbo tornar-se vem de gênesis, mas a verbalização de gênesis não poderia ser “tornar” ou “ser”, pois o molde dessa narrativa é o direito de ser filho de Deus, ora, se é essa a discussão, o termo mais adequado deveria ser uma terminologia genética com fins de origem, geração e nascimento, pois esse é o design que representa essa passagem.
Não posso simplesmente converter o verbo guenésthai para “tornar-se” ou “ser”, isso é muito mais que “ser”, “estar”, isso é mais que o verbo to be do inglês. Embora, ser, estar, estejam relacionados à existência, à criação; entretanto, fica muito mal compreendido usarmos essa terminologia, pois dificilmente as pessoas entenderiam a conexão que ela teria com nascimento, geração ou criação e isso não combinaria, nenhum pouco, com o contexto; alguns tradutores, percebendo esse problema, preferiram usar a forma: “…serem feitos”, ao invés de “… se tornarem”, essa forma traz mais luz ao verbo guenésthai.
Assim o termo “serem feitos” está mais próximo de gênesis, pois gênesis é natividade, nascimento e ser feito pode ser entendido por “ser nascido”, “vir a existir”, mas essa passagem da Bíblia é tão transformadora, e acho que poderia estar melhor traduzida; porque aí está um clamor narrativo de que fomos gerados e nascidos; o direito de ser filho permitiu eu ser gerado, por isso que disse que esse versículo tem um design genético, as próprias palavras originais não nos deixam enganar.
“Serem feitos” é bom, mas “serem nascidos” parece ser ainda melhor.
Além disso, ainda, temos um substantivo muito importante, o termo: “filho”.
Em língua portuguesa ao tratarmos do assunto só temos esse vocábulo para a referência de filiação, mas na língua grega neotestamentaria temos dois termos no mínimo: “téknon” e “huyós” o primeiro se refere a criança pequena ou mesmo bebê, o segundo para filhos que amadureceram e se tornaram independentes ou mesmo adultos, nos poucos casos infantis combina a evolução e crescimento de uma criança.
Quando João, por exemplo, em suas cartas utiliza o termo “filhinhos” no original grego é téknon e não huyós, já sabemos que se trata de criancinhas ou bebês.
E qual a importância disso? A importância é que tudo que falamos até aqui se confirma com essa palavra, pois se é téknon, são bebês que acabaram de nascer, passaram pelo poder do Espírito Santo para terem seus espíritos regenerados. Essa passagem tem a ver com sermos gerados por Deus para sua filiação e consequentemente nascidos d’Ele.
Nenhum filho de Deus, hoje deixou de passar por esse processo, esse é primeiro processo, é Deus repaginando seu espírito, dando a ele vida, tornando vivo, tornando veraz, neste momento ele está apto para ser habitação do próprio Deus! Que maravilhosa transformação!
Essa é a primeira filiação, com esta filiação podemos ter acesso ao Reino de Deus em sua manifestação invisível e nos permitirá, na pior das hipóteses, ao menos ver o Reino em sua manifestação visível!
Com esta filiação podemos ser disciplinados por Deus para participarmos de sua santidade e não sermos condenados com o mundo. Com esta filiação podemos aguardar a filiação final cuja toda criação aguarda ansiosa, aquela cujo os corpos se deleitarão na glória da ressurreição que Deus dará como garantia a todo aquele que por natureza se tornou filho de Deus.
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